Erro 404: a vida é o game mais difícil que temos que jogar! [ilustração]

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(Fonte da imagem: Devagar e sempre)

Raramente fazemos isso, mas há momentos em que paramos para refletir por que exatamente jogamos video game. Eu digo: o propósito é meramente a diversão ou buscamos um desafio maior para aliviar o estresse de uma pesada rotina? Eis que esse desafio, bem, pode representar um abismo entre nossas habilidades e nosso grau de sanidade.

Afinal, de que forma o cansaço é sanado se um jogo é mais insano que Dark Souls, Shinobi, Ninja Gaiden (os antigos, nesse caso) e afins? Alguns clamam que esse tipo de nervosismo “faz parte de um ritual tranquilizador”. E é claro que a comparação é válida, pois o estresse que passamos no cotidiano é um, e a experiência que temos com games é outra. Portanto, esbravejar diante da TV por causa de um jogo é bem diferente de um estado psicológico turbulento em função da correria diária. São nervosismos diferentes.

A partir dessa perspectiva, conseguimos enxergar as dificuldades de um jogo que está no “hard” não só na telinha, mas também... Na vida. Que atire a primeira pedra aquele que discordar: há um “jogo” mais difícil do que a vida? Do que o metrô lotado às 6 da tarde em São Paulo? Do que a jogatina após o casamento? Do que uma entrevista de emprego de terno num escaldante calor que forma “pizzas” em nossas axilas? Do que ter de estudar para uma prova da faculdade ou escola com GTA 5 ali sorrindo para você?

A vida é difícil, irmãos e irmãs. Ou melhor, é um jogo eternamente configurado no “hard”. Não há como mudar a dificuldade. Não existe essa opção. Estamos perpetuados a isso. O único jeito de “zerar” esse game precocemente é ganhar na Mega Sena. Veja exemplos insanos das dificuldades que enfrentamos no dia a dia para exemplificar os entraves que nossa vida resguarda – e como um Dark Souls vira fichinha perto disso!

(Fonte da imagem: Kotaku)

Transporte público e trânsito – prepare seu escudo de Esparta às 6 da tarde

Essa situação se adequa principalmente aos habitantes da capital paulistana, mas também se configura para aqueles que moram em outras metrópoles cujo transporte público nos horários de pico é mais abarrotado que lata de sardinha.

Eu digo, veja só: às vezes, precisamos reprogramar todo o planejamento em função do caótico trânsito que é marca registrada da cidade de São Paulo. Se você está num lugar X e quer alcançar o Y, pode reservar aí uma hora no mínimo. O período de 60 minutos, aliás, sai até barato nessa loucura paulistana. Eu acho inclusive que, nesse caso em especial, é possível elevar a dificuldade para um “Expert”, “Very Hard” ou “Insane”.

A menos que você opte pelo metrô. Aí pode ser que esse tempo seja otimizado para 30 minutos ou até menos. Mas prepare-se para o boss da fase: um formigueiro gigante, ou melhor, as zilhões de pessoas doidinhas para te prensar entre as outras. O engraçado é que algumas até dão risadas espontaneamente, já viram? No meio daquele caos? O negócio é tão insano que a melhor solução é enfrentar o mar de pessoas rindo para não chorar. Ou talvez você queira usar um escudo espartano igual aos do filme “300” para abrir espaço e sair ileso dessa fase.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

E não há como ganhar XP. Afinal, digam-me: existe recompensa para isso? Existe isso aqui: você chegar em casa após o expediente num dia chuvoso e constatar que seu lar doce lar está sem luz porque uma árvore caiu em cima da fiação elétrica de sua rua. Viva! O boss da fase até fugiu para deixar você capengando e pirando sozinho em sua própria solidão. Sem ter o que fazer. Nem velas em casa você tem – pois nunca se preocupou com esse item em seu inventário, que só tem poções e hambúrgueres.

Entrevista de emprego – e aí vem o terno, o calor, o suor... Mas ao menos vale XP!

Com os anos, a “figura” de uma entrevista de emprego foi se materializando na nossa rotina de tal forma que se tornou uma ação emblemática presente no cotidiano de qualquer cidadão. E nem é preciso ser o emprego dos sonhos: qualquer entrevista gera um frio na barriga que culmina, na verdade, em muito suor. É um “frio quente”.

Mas calma lá: a vida é “hard”, certo? Portanto, a coisa não se resume a botar uma roupa chique e ir ao local do emprego no conforto de um ar-condicionado. Esqueceu-se da fase anterior, a do transporte público? Exatamente: como manda a Lei de Murphy – e a vida, sempre –, você vai fazer essa entrevista na empresa que mais almejou em toda a sua vida num dia de calor tão escaldante que suas axilas vão formar enormes rodelas de pizza. De suor. De puro suor.

Calma aí, você ainda não terminou a fase. Depois da roupa engomada e uma temperatura do Saara, há um boss no trajeto: o metrô. Ou o ônibus, como preferir. Aquele calorzão do meio-dia e você a caminho da entrevista com todas essas complicações... É melhor levar uma toalha. Garanto: você vai suar mais que o Rocky Balboa.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

O boss final da fase é a entrevista em si. Sabe aquela velha tendência supersticiosa de roupa da sorte, bater na madeira três vezes, coisa e tal? Você certamente vai adotar tudo isso e depositará todas as fichas da sorte naquele terno especialmente selecionado para essa ocasião. Pelo menos você ganha XP!

Oba, GTA 5! Mas espera... Tenho prova, trabalho, lição para fazer

Essa condição talvez se encaixe na rotina da maioria dos jogadores. Ainda mais se você, assim como eu, for da turma do fundão. Aquela panelinha que deixa para estudar na última hora, sabe?

E a situação mais comum para isso acontecer, já que a vida é “hard”, é no lançamento de um game bombástico. Foi assim com GTA 5, The Last of Us (que saiu no final do semestre passado, em plena época de provas), Far Cry 3... E assim será com Watch Dogs e tantos outros títulos aguardados para o fim deste ano.

Basicamente, o universo conspira para que essas coisas bombásticas cheguem às nossas mãos em momentos nada oportunos. Afinal de contas, veja bem: a menos que esteja numa faculdade ou escola pública, você está pagando pelos estudos! Mesmo que não haja um vínculo financeiro, existe a necessidade da aprovação, da nota azul. Não dá para ligar o “F”. É sentar, abrir o caderno/ligar o PC e chorar diante das tentadoras circunstâncias de seu ambiente. Isso quando a internet não cai naquele momento em que você mais precisa dela. Tira da tomada, põe de volta...

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

“O jogo pode esperar”, é o que sua mãe vai dizer. Mas a ansiedade não. Sem falar que você já está num jogo: o da vida, o que não sai do “hard”. Pelo menos os estudos valem bastante XP!

Quando a esposa na vida após o casamento é o boss mais difícil

Talvez a vida dos jogadores, assim como daqueles que não jogam, seja dividida em algumas etapas básicas: infância, estudos, trabalho, ascensão na carreira profissional e... Casamento. A última fase. O último boss. O desafio supremo. A despedida de tudo aquilo que a gente viu e não viu.

Mas a fase, convenhamos, representa um verdadeiro recomeço. É tudo uma questão de se adaptar à nova rotina e readequar os afazeres para encaixar as jogatinas em alguma brecha de tempo. Tempo? Que tempo? Pois é: ele é algo cada vez mais curto e valioso, e qualquer casamento implica diversas novas tarefas na rotina. Para a fase ficar ainda mais complexa, um herdeiro (sim, seu primeiro filho ou filha!) pode vir ao mundo – mas novamente tudo se resume a um reajuste de rotina.

A coisa passa de “hard” para “ultra mega blaster difícil” quando a sua esposa, bem, é “inimiga dos games”. Alguém aí já viu o filme “Mulher Infernal”, com o ator Jack Black? O longa mostra bem aquela imagem rotulada que temos em nosso imaginário da “esposa demônio”. No filme, o integrante de um grupo de amigos casa com uma mulher e, pouco a pouco, se distancia de seus círculos de amizade, sendo completamente manipulado por esse “último boss”. Dois amigos – um deles interpretado pelo mencionado Jack Black – fazem planos para tentar livrar o casado das garras da tirana.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)

As situações discorridas neste artigo são apenas algumas que utilizamos para elencar exemplos que, de certa forma, podem fazer qualquer um enxergar a dificuldade dos jogos um pouquinho mais “easy” do que o “hard” eternamente configurado para a vida. A menos, é claro, que você ganhe na loteria ou tenha nascido numa família bem abastada.

E você, se lembra de alguma situação, fase ou boss da rotina que só ratifica esse altíssimo nível de dificuldade da vida?

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Atenção: este artigo faz parte do quadro "Erro 404", publicado semanalmente no Baixaki e Tecmundo com o objetivo de trazer um texto divertido aos leitores do site. Algumas das informações publicadas aqui são fictícias, ou seja, não correspondem à realidade.

Ilustrações por: Aline Sentone

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