SOAP faz parceria com Prezi; conversamos com os CEOs

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Imagem: Wuni

Recentemente, a empresa brasileira SOAP anunciou uma parceria com a húngara Prezi. Na ocasião, o TecMundo teve a oportunidade de conversar com Peter Arvai, CEO do Prezi, e Rogerio Chequer, sócio da SOAP.

O Prezi é uma ferramenta para criação de apresentações diferenciadas. Nele, os usuários não ficam presos à transição de slides, pois tudo é feito de maneira dinâmica e divertida. Utilizando os recursos de zoom, é possível alternar entre um ponto de interesse para o outro em questão de segundos, possibilitando assim a produção de uma história.

Por sua vez, a SOAP é uma companhia que utiliza as técnicas de storytelling para facilitar a criação de apresentações corporativas.

“O fato de não usar slides faz com que você não tenha uma quebra tão frequente na história que deseja contar. Ou seja, é possível desenvolver conceitos da narrativa em outro nível, por exemplo, criando o caminho da história, em vez de apresentar apenas a sequência de dados. O uso do Prezi ajuda a chegar mais próximo dos elementos de storytelling que são necessários em momentos corporativos decisivos”, informa Rogerio sobre a ideia da parceria.

A negociação entre as duas empresas foi tranquila: “Nós discutimos como a junção poderia interessar aos dois lados e firmamos o acordo”, explica Chequer sobre a sociedade.

Entrevista com Peter Arvai, CEO do Prezi

Como foi o início de sua carreira?

Estudei engenharia e sempre tive interesse em entender como a tecnologia e a sociedade se transformam juntas. Então, desde que conclui a faculdade, trabalho com startups, pois elas são as engrenagens que mais modificam a comunidade no momento.

Essas mudanças podem ser explosivas, mesmo com pouca gente envolvida. Nós conversamos com os caras do Instagram, eles eram apenas 13 pessoas e, em dois anos, bilhões de pessoas já estavam usando seu software. Entretanto, meu primeiro trabalho foi com companhias de internet móvel. Nessa época, eu criei o aplicativo mobile para o TED.

Eu pensei que seria muito interessante subir no trem, conferir o TED Talk e poder sair ainda o acompanhando. Ajudar as pessoas a fazerem boas decisões é algo que sempre esteve comigo. O TED é uma ótima maneira de saber mais sobre o mundo e saber optar bem.

Depois disso, eu criei um site para comparação de planos de saúde, o Omvard.se. Nele, você pode saber detalhes a respeito de hospitais, taxas de mortalidade e até mesmo descobrir quais são as chances de você morrer durante uma cirurgia. Fiquei interessado nisso, pois minha mãe ficou doente e meu pai havia morrido de um ataque cardíaco, assim percebi que escolher um bom plano de saúde é muito difícil.

O Prezi é uma continuação de meu trabalho. Uma vez que você ajuda as pessoas a expressarem melhor suas ideias, você também auxilia o público a entendê-las. Existem diversos meios em que o Prezi pode ser utilizado, e essa é a coisa mais interessante sobre o meu serviço.

Como surgiu a ideia do Prezi?

Nós somos três cofundadores: Péter Halácsy, Adam Somlai-Fischer e eu. Adam é um artista que já viajou pelo mundo inteiro exibindo seu trabalho, ele já esteve até na Time Magazine. As pessoas gostam do seu estilo visual e pensamos em adotá-lo também no Prezi.

Quando nós três nos reunimos, pensamos: como a gente pode produzir um método para que as pessoas consigam criar belas apresentações – mesmo não sendo artistas ou tecnólogas – com apenas uma boa ideia para contar? Foi nisso que trabalhamos durante um ano antes de lançar o Prezi.

Da esquerda para a direita: Peter Halacsy, Peter Arvai e Adam Somlai-Fischer

O que é uma boa apresentação para você? Como medir isso?

Uma boa apresentação não é definida por ela em si, mas sim pelas ideias que deseja expressar. Na verdade, o que importa é o que acontece depois do fim dela. Se você for bem-sucedido em sua palestra, vai conseguir fazer com que as pessoas falem sobre suas ideias, certo? Porém, isso só acontece depois do evento.

É difícil saber se a apresentação está sendo boa enquanto ela está ocorrendo. Porém, depois de concluída, se ela não for eficiente, fica bem evidente.

Como você imagina o futuro do Prezi?

Nós queremos fazer com que as pessoas sejam o foco e deixar que a tecnologia desapareça. Isso é muito trabalhoso. Tornar possível que você não precise ficar preso à tecnologia e se concentre apenas em sua apresentação é muito difícil, mas estamos trabalhando nisso.

Outra coisa que estamos observando é que cada vez mais as pessoas estão deixando de utilizar o Prezi individualmente. Ele está se tornando uma ferramenta colaborativa, em que todos contribuem e coeditam o conteúdo juntos. Por causa disso, estamos criando licenças em grupo, visando assim que você possa trabalhar com o Prezi sozinho e também em equipe.

A nuvem ajudou no processo? Qual serviço vocês utilizam?

Sim, com certeza. Nós utilizamos a Amazon como base.

Qual o seu conselho para as startups brasileiras?

A coisa mais importante é se focar nos aspectos criativos de sua ideia e não se sentir desencorajado pela falta de experiência. Esse é um erro grave que às vezes cometemos. Geralmente, as pessoas também se afobam por não estar no Vale do Silício, pois é lá que estão a maioria das startups.

O Prezi é um bom exemplo de que você pode começar sua empresa em qualquer lugar. Se você tem um bom produto, ele vai se espalhar mundialmente. Entretanto, se você quer criar uma empresa global, é importante que ela seja bem-sucedida nos Estados Unidos, pois eles possuem o maior mercado do mundo.

Porém, você não precisa começar lá para fazer isso. Além disso, é fundamental não pensar pequeno demais. Mesmo que você pondere “seria bom ser vitorioso no Brasil”, isso não é vantajoso, porque não está considerando como ser vitorioso em escala global, o que é muito importante.

Você pode criar uma ótima empresa estando em qualquer lugar, mas também é preciso levar em conta algumas coisas, por exemplo: a competição é global. No Brasil, você não está enfrentando apenas as empresas que estão localizadas no Rio de Janeiro, mas sim as pessoas do mundo todo.

Atualmente, você ainda tem a chance de ir para qualquer lugar e isso é algo que não deve ser subestimado. É possível começar em seu país e pensar: “Seria legal também ser bem-sucedido no Reino Unido e na Alemanha”.

Você aprendeu muitas línguas, entre elas inglês, sueco, húngaro e japonês. Isso é importante para ser bem-sucedido?

Sim, aprender outras línguas é muito importante, assim como viajar, pois você precisa entender como o mundo funciona. Porém, você também precisa lembrar que não importa o quanto você entenda sobre o mercado internacional, se você não tiver um bom produto, nada acontecerá.

No fim do dia, é preciso saber que o seu produto está ajudando a fazer a diferença na vida das pessoas. Se sim, então elas vão querer utilizá-lo. Atualmente, muitas empresas de internet estão sendo construídas com a filosofia de que é preciso ajudar o próximo, não é focando apenas no enriquecimento próprio. Claro que também há essa parte, mas o mercado é algo muito competitivo.

Portanto, é necessário oferecer algo que ajude as pessoas a aprimorarem suas vidas. Caso contrário, você não pode ser um competidor.

No Brasil, não temos muitos engenheiros. Isso é um problema?

Sim, e vocês precisam fazer algo a respeito. Existem muitas oportunidades aqui no Brasil e diversas empresas querem investir por aqui. Entretanto, sem engenheiros, vocês não conseguirão competir no mercado global, pois muito de nosso mundo está sendo traduzido em soluções técnicas, e se você não souber como fazer isso, vai ficar para trás.

Portanto, matemática, ciências e engenharia são muito importantes e devem fazer parte da educação básica. Assim como aprender inglês é essencial para entrar no mercado global, é preciso entender o básico sobre como os computadores funcionam.

Quantas pessoas utilizam o Prezi no Brasil?

São 1,5 milhão de usuários. Na América Latina, nós temos cerca de 10 milhões. Aqui é um mercado que cresce muito rápido. Estou feliz em poder estar aqui, apresentar nossas primeiras parcerias e conhecer os estudantes em que estamos investindo. Nossa empresa está ensinando os alunos como se apresentar bem e há mais por vir em 2015.

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