Entrevista: a vida do brasileiro Murilo Gun na "Universidade da Google"

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A Singularity University (SU), que carinhosamente conquistou o apelido de “Universidade da Google”, promove anualmente a iniciativa Graduate Series Program (GSP), programa que tem por objetivo estimular mentes criativas a produzir projetos voltados a tecnologias com potencial de crescimento exponencial. E o empreendedor e humorista brasileiro Murilo Gun, conforme noticiado por aqui, é um dos 80 estudantes participantes da auspiciosa empreitada.

Dedicada ao estudo pormenorizado de temas relacionados a robótica, biotecnologia e nanotecnologia, a SU tem também como objetivo participar da apresentação de soluções aos conhecidos “oito desafios globais” (pobreza, comida, segurança, meio ambiente, energia, água, educação e saúde). Mas como os talentosos empreendedores selecionados pela universidade passam seus dias ao lado dos especialistas em tecnologia mais renomados da atualidade?

Em entrevista cedida ao TecMundo, Murilo Gun explicou como se passam os dias do período letivo da Singularity University. Saiba como tem sido a experiência do jovem brasileiro junto à escola localizada no Vale do Silício e vislumbre a forma do encantador mundo que cerca a mente dos cientistas dedicados ao estudo de tecnologias.

TecMundo: Por que a Singularity University é conhecida como “Universidade da Google”?

Murilo Gun: A Google é uma das mantedoras e fundadoras da SU. Ela tem uma ótima relação com a Singularity – ontem, inclusive, passei o dia todo na sede da empresa tendo palestras com líderes de vários departamentos. Mas a escola não pertence à Google e não é sua universidade oficial. Acredito que a fama de “Universidade da Google” foi adquirida depois que Larry Page, um dos fundadores da Google, palestrou durante a cerimônia de abertura do GSP 2010 e disse: “Se eu fosse aluno, seria aqui onde gostaria de estudar”.

Esta é a porta de entrada da SU.

TecMundo: Como é o cronograma dedicado ao desenvolvimento dos projetos?

Murilo Gun: Estamos iniciando a quinta semana aqui na Singularity. Tivemos uma primeira semana de apresentações, explicações e introduções. Na segunda semana, os grandes desafios globais (Global Grand Challenges) foram explanados. Nas terceira e quarta semanas, falamos sobre tecnologias com potencial de crescimento exponencial (principalmente as ligadas a nanotecnologia, biotecnologia, robótica e inteligência artificial).

Nesta quinta semana, começamos o processo de formação de temas para o desenvolvimento de projetos que têm o objetivo de utilizar as tecnologias exponenciais para resolver grandes desafios globais. Na sexta semana ainda teremos aulas, e nas últimas três semanas os projetos das equipes serão o centro de todo o foco.

E todos os alunos devem participar de um projeto, que conta com a participação de 3 ou 5 estudantes; ou seja, teremos cerca de 20 projetos. É claro que nem todos viram empresas. No ano passado, dos 17 apresentados, uns 4 viraram de fato companhias (a Microculus é um exemplo). Após a conclusão do GSP, os participantes acabam criando outros negócios. Mas é importante ressaltar que a Singularity não é uma incubadora, e sim uma escola de tecnologia/futurismo que tem como exercício criar projetos com impacto positivo ao mundo.

TecMundo: Como a orientação aos projetos é feita e de que forma a abordagem dos temas será realizada a partir de uma de suas principais ferramentas de trabalho: o humor?

Murilo Gun: Várias pessoas nos ajudam com os projetos. E não há só orientação: existe também a parte da execução. Há, por exemplo, uma equipe de produção e edição de vídeos disponível à gravação de um clipe para cada time sobre seu projeto. Não vou utilizar, na verdade, o humor em si aqui para nada. O que vou usar é o modo de pensar do humorista: observar detalhes, olhar para o que ninguém vê e propor soluções não tradicionais. É o que eu chamo de “comedy thinking”. Fiz uma palestra sobre isso que teve muito sucesso. Olhe aqui.

TecMundo: Como as aulas são lecionadas? A quais departamentos vocês têm acesso?

Murilo Gun: Todas as aulas são presenciais. Elas são realizadas com slides e vídeos. Temos professores renomados, fantásticos. Possuímos acesso a um laboratório incrível com um monte de robôs, drones, gadgets como Oculus Rift, Google Glass, impressoras 3D de todos os tamanhos e diversos outros equipamentos. Também fazemos dinâmicas em grupos, visitas a empresas e atividades semelhantes. Vamos visitar nos próximos dias o NASA Research Park – a experiência poderá ser conferida no blog da Locaweb (acesse-o aqui).

TecMundo: Fale-nos sobre sua rotina junto com os estudantes da SU.

Murilo Gun: Acordamos às 8h, tomamos café e as atividades vão das 9h às 18h com apenas uma pausa para almoço. Temos 2 horas dedicadas a lazer, o jantar é servido às 20h e então começam os workshops paralelos. As atividades oficiais acabam perto das 22h e debates e discussões se estendem pela madrugada. É muito louco (por sinal, agora são 2h48).

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As experiências adquiridas por Murilo parecem de fato fantásticas. Ao responder atenciosamente às nossas perguntas, o brasileiro fez uma observação inspiradora: “Um adendo final: estou vivendo aqui o momento mais incrível dos meus 31 anos de vida e provavelmente um dos mais incríveis de toda minha vida. É um lugar incrível, com pessoas incríveis fazendo coisas incríveis” disse por fim o entrevistado.

Detalhes quanto ao Graduate Series Program (GSP) como informações sobre o processo de seleção, datas para inscrições e até mesmo dicas sugeridas por Murilo Gun a quem deseja estudar na Singularity University podem ser conferidos por meio deste link. O cotidiano do brasileiro é retratado pelo blog Locaweb (acesse-o aqui).

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