É cada vez mais fácil encontrar jovens entusiasmados com a ideia de criar sua própria empresa e divulgar ao mundo suas ideias inovadoras. Isso não é nenhuma grande surpresa, pois estamos em um período propício para o estímulo da criatividade e exercício do empreendedorismo.
Com o advento das novas tecnologias, ficou muito mais fácil – e barato – abrir seu próprio negócio e se relacionar com a clientela, especialmente se a empresa em questão for baseada no uso da internet.
Não é exagero estimar que você consegue inaugurar um serviço online simples com até R$ 5 mil, visto que os gastos com uma estrutura web estão ficando cada vez mais simbólicos. Se há quem consiga se manter vivo produzindo vídeos para canais do YouTube, o que dizer sobre aqueles que programam algum aplicativo inovador e começam a ganhar dinheiro com o uso de publicidade?
Um bom momento para empreender
Com um número cada vez maior de incentivos, também é natural que comecemos a observar um aumento significativo no número de startups que surgem diariamente. Basta lembrar da última edição da Campus Party, que alocou mais de 200 pequenas empresas em uma área especial da feira.
Essa “febre das startups” não é benéfica apenas para os próprios empreendedores (que têm mais facilidade para conseguir investidores e público consumidor), mas também para a população em geral, que usufrui de produtos cada vez mais criativos criados por quem sabe observar os problemas do mundo e pensar em soluções inovadoras para resolvê-los.
Ainda assim, é natural esbarrar em alguns obstáculos na hora de tirar sua ideia do papel e levá-la para a rua. A falta de experiência no mercado corporativo é uma das maiores barreiras para quem quer começar a empreender do zero; muitos não sabem sequer por onde iniciar e o que fazer para evitar que sua empresa acabe falindo antes mesmo de alcançar os primeiros clientes.
Pensando nisso, o TecMundo procurou quatro representantes de startups multinacionais bem-sucedidas no mercado de tecnologia para saber quais são suas “dicas de ouro” para quem está iniciando nesse meio. Confira abaixo os depoimentos de cada executivo e perca o medo de mostrar suas ideias para o mercado.
Rócio Medina – gerente de marketing LATAM, Prezi
Revelado em abril de 2009, o Prezi é uma ferramenta online baseada em HTML5 e que permite a criação de belas apresentações de slides que ficam armazenadas na nuvem, dentro da conta pessoal do próprio usuário. Coincidentemente, o conselho de Rocío Medina, gerente de marketing para a América Latina da companhia, é estar sempre preparado para uma excelente apresentação de seu negócio.
A executiva afirma que uma apresentação corporativa deve ir direto ao ponto, apresentar um plano de negócios de forma clara e objetiva, não ter textos em excesso e não ser muito longa. “Por último, mas não menos importante, certifique-se de que a ordem das ideias é organizada de forma adequada. Não gaste muito tempo no ponto menos importante; foque no que interessa”, explica.
Rocío Medina, gerente de marketing LATAM da Prezi
Medina também recomenda que o empreendedor iniciante use toda a tecnologia que estiver ao seu dispor (como ferramentas de videoconferência) e que tenha uma equipe confiável que compartilhe dos mesmos objetivos que você. Contudo, nunca é demais relembrar que todo mundo sempre tem algo para aprender. “Ter um mentor é uma obrigação”, alerta.
João Luis Olivério – country manager Brasil, Zendesk
A Zendesk foi criada em 2007, mas só abriu um escritório no Brasil em agosto de 2013. O principal produto da companhia é uma solução de helpdesk de mesmo nome que já conta com mais de 40 mil clientes ao redor do mundo inteiro.
Para João Luis Olivério, responsável pelas operações da empresa em nosso país, o empreendedor não deve tentar atingir a perfeição o tempo todo, mas sim criar um MVP (Minimum Viable Product, ou “Produto Minimamente Viável”) e disponibilizá-lo primeiramente para pessoas próximas.
João Luis Olivério, country manager da Zendesk no Brasil
“Faça testes à exaustão, ouça bastante e corrija o produto. Mas não espere muito para dar os próximos passos, seja ágil. Lance novamente para sua base, aumentando a sua audiência e espere por mais críticas. Mas não demore muito tempo e, principalmente, não perca a sua crença em algo que você tenha bastante convicção que irá funcionar”, comenta o executivo.
Rodolfo Ohl – country manager Brasil, SurveyMonkey
Em atividade desde 1999, a SurveyMonkey oferece um serviço robusto para criação de formulários e pesquisas online, sendo uma das mais respeitadas companhias dentro desse segmento. Rodolfo Ohl, que dirige as operações da empresa no território brasileiro, oferece uma série de conselhos para quem precisa de ajuda na horar de criar sua própria startup.
Primeiramente, o executivo recomenda que você crie algo pelo qual tenha paixão e ofereça um produto/serviço que realmente agregue valor às pessoas – ou seja, nada de criar algo que possua pouco uso prático apenas porque você gosta de trabalhar com aquilo.
Rodolfo Ohl, que cuida das operações da SurveyMonkey no Brasil
Rodolfo também ressalta a importância de ter uma equipe composta pelos melhores profissionais que você conseguir juntar para que os próprios ajudem você a levar a empresa para o caminho certo.
“Tenha humildade para aprender com seus públicos – incluindo seus clientes, funcionários, parceiros etc.”, afirma. “Pense grande, mas dê um passo de cada vez. Desenvolva cada um dos processos a seu tempo.”, comenta Ohl.
Dan Strougo – country manager Brasil, 99designs
Apesar de ter levantado certa polêmica ao ser fundado, o 99designs funciona de uma maneira muito simples: você cria um “concurso” explicando o tipo de arte visual você precisa (logotipos, cartões de visita etc.), estipula o quanto quer pagar e recebe proposta de centenas de designers interessados no trabalho. Basta escolher a opção que você mais gostar e pagar o valor combinado para o artista.
Dan Strougo (esq.) ao lado de Patrick Llewellyn (dir.), CEO da 99designs
Dan Strougo, que atualmente ocupa o cargo de country manager da companhia para o território brasileiro, afirma que o empreendedor iniciante não deve dar o passo maior do que a perna. “Pense nos primeiros 100 antes dos primeiros 100 mil. É tão comum começarmos empresas sonhando com milhares e milhares de clientes à nossa porta que partimos para ações de marketing de volume, quando, na verdade, para chegarmos aos 100 mil, temos que passar por 10, 20, 30 clientes, e assim por diante”, explica o executivo.
“Traga os primeiros 100 compradores por meio do seu esforço pessoal. Este exercício permitirá ajustes em seu discurso que farão toda a diferença para conquistar os outros 99.900 após o seu grande sucesso com o primeiro”, finaliza Strougo.
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