Vindo de um país emergente, a ascensão de Satya Nadella ao cargo de CEO da Microsoft é um exemplo de como o país de origem de uma pessoa não determina necessariamente o seu destino. Falando com uma plateia de estudantes na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, o executivo explicou que o segredo do sucesso, antes de mais nada, está em nos envolvermos com algo de que realmente gostamos.
“Você precisa encontrar o que você ama e, então, amar o que você faz. E eu acho que isso realmente é o que importa. Quanto mais perto você chegar disso, melhor. Porque pode ser difícil manter uma paixão por um longo período de tempo se você não amar realmente o que está fazendo, então esse é o melhor ponto para começar”, afirmou Nadella. Para ele, foi isso que o ajudou a escolher a carreira de TI, que, para sua sorte entrou em expansão na década de 1990.
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Lembrando de suas experiências pessoais, o executivo pode traçar um paralelo com a atualidade para exemplificar como a tecnologia se difundiu pelos segmentos mais variados da sociedade, indo desde a telefonia até a medicina, entre muitas outras áreas. “Não é só ciência da computação, mas pensamento computacional aplicado a cada um desses setores”, pontuou Nadella.
Do Brasil para o mundo
Tal realidade leva o CEO a acreditar que “este é um tempo fantástico para ser um estudante”. Segundo Nadella, a tecnologia criada por companhias como a Microsoft permite que as pessoas mudem suas realidades, dando aos jovens chances que eles jamais teriam sem os avanços técnicos de que dispomos – especialmente em países emergentes, como Brasil e Índia.
Um exemplo disso é Alex Kipman, funcionário brasileiro da Microsoft que é um dos principais responsáveis pela criação tanto do Kinect quanto da aguardada tecnologia da HoloLens. De acordo com Nadella, o uso criativo das novidades disponíveis permite que tudo possa ganhar novas aplicações.
A câmera feita para permitir controle por gestos em jogos, por exemplo, hoje também já é usada para monitorar pacientes e fornecer dados sobre a eficiência de tratamentos. Tudo isso, aliás, fica disponível a preços mais acessíveis do que seria possível com equipamentos médicos, já que na verdade se trata de um simples produto de entretenimento.
Ensinar e aprender
Citando o caso de Wanderson Skrock, que mudou de vida ao aprender sobre informática após ser preso e resolveu repassar seus conhecimentos a outros jovens carentes, Nadella ressaltou a importância do ensino. “Cada pessoa que aprende sobre tecnologia tem a grande responsabilidade de ensinar. Volte para sua vizinhança e transmita o que sabe. Seu voluntariado causa impacto e muda o mundo”, disse o CEO.
Aproveitando a ocasião, Nadella também chamou ao palco o grupo de jovens brasileiros responsáveis pelo projeto Clothes for Me, vencedor mundial da edição de 2015 da Imagine Cup. Sob orientação dos professores da USP Luciano Araújo e Isabel Italiano, os jovens Bianca Letti, Juliana Pirani e Daniel Tsuha desenvolveram uma plataforma online que conecta consumidores a fabricantes para venda de roupas personalizadas e feitas sob medida.
Além de ganharem uma sessão de orientação com o próprio Satya Nadella, o time recebeu um prêmio de US$ 50 mil e uma viagem de um mês para a aceleração de sua startup nos Estados Unidos. “Ter nosso trabalho reconhecido internacionalmente é motivo de grande felicidade, pois ele tem um potencial de transformar a vida das pessoas”, afirmou Letti.
Inspiração
Outro convidado de Nadella a subir ao palco foi João Paulo Oliveira, um dos responsáveis pela criação do Prodeaf. Um dos finalistas da Imagine Cup de 2011, o sistema permite que textos em português sejam “traduzidos” para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), facilitando a comunicação com deficientes. Hoje, o tradutor recebe suporte da Microsoft e já é utilizado por mais de 1 milhão de pessoas.
Ao falar sobre a história dos brasileiros que ganharam destaque internacional, Nadella ressaltou: “Dar poder para as pessoas conseguirem realizar mais coisas é a nossa missão”. Isso reforça ainda que a melhor forma de causar impacto é investir na educação de jovens. Citando as palavras do ilustre Mahatma Gandhi, o CEO recomendou que “você deve viver sua vida como se fosse morrer amanhã, mas aprender como se fosse viver para sempre”.
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