Ter um cartão de crédito já abre uma nova porta para um perigo quase iminente aos usuários do dinheiro de plástico. Não é novidade que os cartões magnéticos são clonados de maneira grosseira por todos os cantos do país. Entretanto, o prejuízo causado por este tipo de fraude já ultrapassou a casa dos 31 milhões de reais só no primeiro semestre de 2009. Esse valor ainda não atinge grandes quantias se comparado à compra total via cartão de crédito no Brasil, mas já chegou a 1% deste todo.
Os “cartãozeiros”, como são chamados os fraudadores de cartões magnéticos, possuem diversas táticas para fazer com que o dono do cartão caia em um golpe. Há alguns anos, antes da introdução dos cartões com chip no mercado, o índice de clonagens era muito maior. Se ação fosse realizada em um caixa eletrônico em uma agência bancária (o que não é nenhum pouco incomum) os bandidos colocariam o “chupa-cabra” – aparelho usado para copiar as trilhas magnéticas do cartão – no leitor de cartões e, em um lugar um pouco mais alto, filmariam o cliente digitando a senha.
Estes aparelhos que roubam a identificação magnética dos cartões nada mais são do que leitoras comuns alteradas para que passem a gravar estes códigos e reproduzi-los em cartões quaisquer. No entanto, este método é um tanto grosseiro para os padrões tecnológicos que temos hoje. Infelizmente, a tecnologia também chega para auxiliar organizações criminosas e usuários mal intencionados.
Mau uso da tecnologia
Com a chegada dos sites bancários e das funções home-banking, o bandido só precisa encontrar um arquivo espião para fazer com que a senha e o número de cartão de crédito sejam roubados do computador do cliente. Isso acontece muito em casos de emails fraudulentos que se passam por comunicados da Receita Federal, Caixa Econômica Federal e outros bancos brasileiros ou até mesmo do exterior.
O processo de clonagem é mais simples do que muita gente pode imaginar. Porém, exige um arsenal de equipamentos que chegam a custar mais de 10 mil dólares. Nestes casos, o falsário não trabalha com materiais quaisquer e sim com réplicas quase idênticas aos cartões originais das operadoras mais variadas. Para fazer essa falsificação as quadrilhas utilizam impressoras de cartões, máquinas para criação de hologramas, impressão das letras em alto relevo e uma série de outros equipamentos.
Entretanto, esse tipo de quadrilha altamente especializada é mais frequente em países estrangeiros. No Brasil, o que se vê com frequência são as falsificações grosseiras. Muitos bandidos aproveitam dos cartões magnéticos oferecidos em centros de diversão eletrônica de shoppings centers para reproduzir as trilhas magnéticas dos cartões originais.
As compras pela internet têm aumentado sensivelmente os números de fraudes envolvendo cartões de crédito em todo o Brasil. Os mesmos arquivos maliciosos escondidos em emails falsos roubam informações como número do cartão, data de validade e o código de segurança de três dígitos. Com esses dados, qualquer pessoa pode fazer compras no nome de quem quer que seja o dono daqueles dados. Por isso, se você costuma abrir todos os emails que chegam na sua caixa de entrada, comece a ser um pouco mais seletivo e desconfie de remetentes desconhecidos.
Como funciona o golpe
Primeiro de tudo, os bandidos precisam de um aparelho que leia cartões para poder revertê-lo de modo que o dispositivo passe a gravar as trilhas magnéticas que passam pelos seus contatos. Depois, este código é repassado para um segundo cartão que pode, ou não, ter o mesmo aspecto estético do original. O processo de transformação de cartões plásticos comuns em cópias quase fiéis de cartões verdadeiros leva a quadrilha a desembolsar uma boa quantia em dinheiro.
Normalmente estas fraudes não se restringem apenas aos cartões magnéticos. Quem faz falsificações dos cartões também pode fazer cédulas de identidade falsas, CPFs adulterados e uma série de outros documentos cuja confecção de um exemplar falso podem levar à cadeia. A pena para este tipo de crime varia de 1 a 3 anos de prisão (caso o documento falsificado seja particular; ex.: a própria carteira de identidade) ou de 1 a 5 anos, se o documento for público, como é o caso dos cartões de crédito.
Se a quadrilha decidir atuar de maneira direta nos caixas eletrônicos e máquinas de cartão nas lojas a forma de enganar tanto o lojista quanto o consumidor é uma afronta. O bandido se faz passar por um técnico da operadora de cartão de crédito e diz que vai fazer a manutenção da máquina. Na verdade ele instala o “chupa-cabra” para conseguir os dados do cartão.
Cartões com chip: aumento na segurança?
A chegada dos cartões com chip aumentou a segurança dos usuários de serviços de crédito. Essa tecnologia unificou dois cartões em um só e evitar que o cliente ande com um cartão para débito e outro para crédito como acontecia com os cartões magnéticos. Os chips possuem mais memória e fazem com que um único cartão possua as duas opções de pagamento: débito e crédito. Além disso, essa tecnologia conseguiu derrubar os níveis de fraudes em 98% em território francês.
Um dos motivos pelos quais os cartões de chip são tão mais seguros que aqueles de tarja magnética está no fato de que essa nova tecnologia trabalha com autenticação offline, ou seja, não exige que o terminal (caixa eletrônico) esteja conectado com qualquer tipo de sistema além do que já está instalado. Esse tipo de cartão também é mais seguro no que se refere às transações feitas pela internet e dispensa a assinatura do portador, uma vez que o PIN do cartão é capaz de substituir essa necessidade.
A segurança dos chips também está no fato de que todos os dados contidos neste sistema estão criptografados. Entretanto, de nada adianta avançar cada vez mais a tecnologia para garantir a segurança dos usuários se o próprio cliente não toma os devidos cuidados com os seus cartões e documentos. Até mesmo os cartões de ônibus e metrô já passam por situação semelhante. Porém, a técnica para isso é diferente, afinal o sistema de funcionamento desses cartões é baseado em um sistema de Identificação por Frequência de Rádio – a mesma utilizada em etiquetas inteligentes em lojas.
Talvez ainda não exista um método 100% seguro para que as administradoras de cartão de crédito consigam manter os cartões longe dos falsários. Até mesmo o chip já sofre com algumas falsificações, afinal o que houve foi apenas a digitalização do processo que antes era analógico. Mesmo assim, é muito mais seguro fazer uso de cartões de chip do que continuar o uso daqueles que ainda têm a tarja magnética.
Golpes populares e como não ser enganado
Existe milhares de maneiras utilizadas pelos bandidos para conseguir as suas informações sobre números de cartão de crédito. Às vezes é você mesmo quem “entrega o ouro para o bandido”. Alguém liga para a sua casa se identificando como um funcionário da operadora do seu cartão de crédito e informa que foi feita uma compra de um objeto bastante incomum no seu nome com um valor bastante alto.
Ao responder que não, você dará brecha para que o bandido diga que o seu cartão talvez tenha sido clonado e que é preciso fazer uma verificação. Ele pedirá que você informe o seu endereço, número do cartão e o número do PIN. Com esses dados o ladrão poderá fazer compras no seu nome a qualquer hora do dia. Ao final da ligação o suposto atendente pede que você telefone para a central de segurança da operadora do cartão informando o ocorrido.
Contudo, logo depois de desligar o telefone, já existirá uma compra no seu cartão e dessa vez ela é verdadeira e aconteceu por você ter cedido os números de segurança do seu cartão de crédito. Por isso, nunca diga a ninguém informações referentes à sua conta bancária ou cartões de débito ou crédito. Pode ser extremamente perigoso e, sem saber, você pode colaborar com o crime.
Outro golpe bastante difundido é o tão famoso “chupa-cabras”. Como não podemos saber se aquela máquina de pagamentos está ou não adulterada, procure nunca permitir que o atendente leve o cartão para longe da sua vista. Pode parecer um tanto exagerado, mas toda precaução é pouco quando o que está em jogo é manter o seu nome limpo na praça. Por isso, sempre que for realizar pagamentos com o seu dinheiro de plástico, fique atento para qualquer movimentação estranha.
Caso o seu cartão fique preso na máquina da loja ou no caixa eletrônico, procure anular ou cancelar a compra e comunique imediatamente o seu banco. Caso você utilize o telefone da cabine do caixa, verifique se o telefone funciona. Em caso negativo, o golpe é quase certo. Neste caso, não aceite ajuda de nenhum estranho.
Além dessas medidas de segurança, é importante que você se certifique que ninguém está observando enquanto estiver digitando a sua senha. É um direito seu exigir que as outras pessoas aguardem a vez respeitando as faixas marcadas no chão do banco. Dessa maneira você evita dores de cabeça envolvendo a segurança dos cartões e da conta bancária.
E você? Já passou por algo parecido? Conte para a gente e para os outros usuários qual foi a sua experiência! É importante compartilhar essas informações para que o extravio de cartões, roubo de números e senhas seja evitado! Afinal, mais de 31 milhões de reais já foram perdidos em todo o país só nos primeiros seis meses de 2009. Se você tem informações a respeito de alguma quadrilha ou teve seu cartão clonado, informe imediatamente o seu banco e a polícia.
Fique ligado para mais dicas de segurança no Baixaki!
Até a próxima!