O email está morrendo: verdade ou mentira?

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Desde a sua criação, no começo dos anos 1990, a internet evoluiu drasticamente, assim como o conceito de computador. Hoje, não vivemos sem ela, muito menos sem as facilidades que ela proporciona e, entre elas, temos rapidez e versatilidade na comunicação.

Duas décadas atrás não se imaginava que seria possível conversar com uma pessoa do outro lado do mundo sem gastar uma fortuna com isso. Foi inventada então uma ferramenta que revolucionaria a visão do ser humano sobre a interação que temos uns com os outros. Nascia o email.

Quando? Como? Onde?

Na verdade, a primeira rede que interligava vários computadores com o intuito de descentralizar as informações foi criada com fins militares, na década de 1960. Percebendo que aquilo poderia trazer grandes benefícios, o governo dos EUA permitiu que universidades passassem a pesquisar maneiras de tornar aquela rede disponível em larga escala, para quem quisesse utilizá-la. Começava aí a ascensão de algo que viria a ser o que hoje chamamos de internet.

wwwQuando a rede, até então acessível somente por centros de pesquisa, foi disponibilizada para usuários domésticos com o nome de World Wide Web (daí o “www” no começo dos endereços de sites), ela rapidamente atingiu milhões de pessoas em todo o mundo. Entretanto, tratava-se de somente uma parte da internet e do que ela poderia oferecer.

E o email?

A história do surgimento do email não é precisa, mas acredita-se que já em meados da década de 1960, ou seja, precedendo o surgimento da internet como conhecemos hoje, computadores que ocupavam andares inteiros de prédios eram usados para enviar e receber mensagens de outras máquinas. Logo que a mãe da internet surgiu, o email já foi integrado a ela para facilitar o envio de mensagens entre as máquinas daquela rede.

ArrobaO modo como os endereços de email são escritos foi inventado por um programador chamado Ray Tomlinson, que inseriu o símbolo “@” para separar o nome de login dos usuários e o nome do computador utilizado. Ele não foi o inventor do email, mas foi a pessoa responsável pela maneira que usamos para nomear os endereços até os dias de hoje e também o criador dos primeiros programas capazes de trocar essas mensagens de texto.

A evolução não para

Assim como o Brasil aderiu à internet rapidamente após o seu surgimento, o email se tornou parte da vida das pessoas. Provedores e serviços gratuitos ficaram cada vez mais comuns, o que tornou a rede mais acessível e muito mais barata.

Era costume daqueles que possuíam acesso à internet ficar perguntando endereços de email das pessoas que conheciam, bem como divulgar aos quatro ventos o “endereço arroba email grátis ponto com ponto bê érre” (lembra-se disso?). Afinal, como dizia o bordão de um dos primeiros serviços gratuitos de email do Brasil “todo brasileiro tem direito a um email grátis”.

Com o tempo, o email não foi mais suficiente para acompanhar a rapidez com que as informações precisavam circular, bem como a velocidade com que as pessoas precisavam se comunicar. Era a hora de aparecerem as salas de bate-papo.

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Bate-papo virtual

Inicialmente, as salas de bate-papo nada mais eram do que páginas de internet recarregadas a cada mensagem postada. Posteriormente, novas tecnologias foram permitindo que elas fossem reprogramadas para trabalharem mais rapidamente e de forma mais confiável.

A moda era ficar horas conversando com pessoas que você provavelmente nunca conheceria pessoalmente. Quanto mais amigos virtuais você tivesse, mais prestígio teria tanto na rede, quanto no mundo material. Mães e pais ficaram por algum tempo horrorizados, pois acharam que seus filhos nunca mais sairiam à luz do dia para conhecer e interagir com pessoas de verdade.

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Como cada tecnologia nova resolve alguns problemas e cria outros, as salas de bate-papo em pouco tempo também mostraram suas limitações. Não havia como saber se a pessoa do outro lado era realmente quem dizia ser, não existia um modo de ser avisado quando alguém interessante estava online, muito menos a sala em que havia entrado. Por fim, os chats não trouxeram nenhum benefício para as comunicações empresariais, que ainda utilizavam o email como ferramenta secundária ao papel.

Vai tentar a sorte?

Em resumo: as salas de bate-papo não resolveram problema algum. Elas foram ótimas alternativas ao email para quem queria uma forma mais rápida de jogar conversa fora, sem a necessidade de envio de arquivos ou manter um registro da conversa. Identificado o problema, alguém tomou uma atitude e criou um programa que era capaz de construir uma lista de amigos e avisar você quando eles estivessem disponíveis para conversar.

Novamente, os viciados em internet babaram quando viram que não só poderiam conhecer mais gente, ter mais amigos virtuais, como poderiam também conversar com pessoas do dia a dia, amigos de longa data e até aqueles com quem perdera o contato há anos.

Você adicionava um número, endereço de email ou nome de usuário e podia ver quando a pessoa entrava. Iniciava-se a era dos mensageiros instantâneos.

EmoticonO advento da mensagem instantânea

As empresas de software começaram então a se acotovelar para ganhar a preferência dos usuários, mas quem ganhou foi a hoje extinta Mirabilis, com seu ICQ, que era um trocadilho com a expressão “eu procuro você”, ou “I Seek You”. A hegemonia do ICQ durou alguns anos e o MSN Messenger corria atrás do prejuízo para tentar conquistar mais usuários. Como o foco das empresas de software passou a ser a facilidade de uso e não mais a simples novidade e quantidade de recursos, o MSN acabou roubando uma grande fatia do mercado de mensageiros e hoje, renomeado para Windows Live Messenger e integrado a uma série de serviços, o programa é líder do segmento.

O ICQ, em uma tentativa de manter seus usuários, teve uma versão mais fácil lançada — o ICQLite—, mas já era tarde. Todos haviam sido conquistados por aquele que se tornaria o programa mensageiro mais usado do mundo. Depois, mesmo com a aquisição da Mirabilis pela AOL, o ICQ virou um deserto e hoje é utilizado por poucos (pelo menos no Brasil).

Reclusão ou socialização?

Toda essa evolução, ao invés de distanciar as pessoas — como temiam os pais e mães desesperados —, fez com que a vida social se tornasse íntima da vida digital, senão um sinônimo. Os usuários ficaram cada vez mais ávidos por compartilhar informações pessoais tanto com os amigos recém adquiridos, quanto com familiares e amigos de longa data. Aproveitando-se disso, as empresas criaram diversos serviços, como blogs, fotologs e outras ferramentas que permitiam maior interação entre os internautas.

Reclusão?

Porém, ainda não era suficiente. As pessoas precisavam que essas ferramentas fossem integradas e reunidas em um só local, para não precisarem guardar uma infinidade de nomes de login, decorar inúmeros endereços de diferentes serviços e outras chatices que só aumentavam, já que a quantidade disponível era enorme. Aperfeiçoou-se então a ideia das redes sociais.

Sites como MySpace, Facebook, Orkut e Windows Live Spaces surgiram com a proposta de manter em um só lugar todos os serviços disponíveis anteriormente. Atualmente, você pode facilmente criar um perfil em todas essas redes e inserir fotos (ao invés de manter um fotolog) e escrever seus pensamentos (ao invés de criar um blog).

Nem todas as redes sociais possuem os mesmos tipos de serviço, mas todas elas têm uma variedade incrível de atividades para maior interação entre usuários. O modo como as pessoas se comunicam foi mais uma vez revolucionado. Tanto é que até mesmo empresas consultam os perfis públicos das redes sociais em busca de profissionais.

...ou Socialização?

As redes sociais também mudaram a visão das pessoas sobre amigos virtuais e amigos reais. Ao contrário da moda do bate-papo, que conferia status àqueles que tivessem mais amigos que nunca viram pessoalmente, os usuários de hoje preferem manter um círculo de amizades fechado, restringindo o acesso aos seus dados somente às pessoas que já fazem parte não só de sua vida digital, mas também de sua vida pessoal, quando o computador está desligado.

Pode-se dizer que a euforia causada pelo surgimento de novas tecnologias já se estabilizou e não é tão notada, pois as novas gerações já estão mais acostumadas a novidades diárias e reagem com menos surpresa a elas.

Opa! Espere aí! Mas, e o email?

Se você já estava perguntando o porquê de termos desviado do assunto principal, é porque nós conseguimos causar exatamente o efeito que desejávamos. Assim como nós aparentemente nos esquecemos de falar dele em alguns parágrafos acima, isso também acontece com a nossa vida diária. Muitas vezes estamos tão compenetrados trocando mensagens instantâneas que nos esquecemos da existência daquele que é o pioneiro da comunicação virtual.

e-mailIsso não significa necessariamente que o e-mail ficou em segundo plano, pois ainda o utilizamos para comunicações mais formais, envio de arquivos, armazenamento de informações e até envio de correspondências que precisam ter um registro formal de sua existência, até para fins jurídicos, e empresas já estão utilizando o email em substituição aos velhos memorandos e ofícios usados para comunicação interna e externa.

O email vai acabar?

Pessoalmente, este redator que vos fala não acredita que o email acabará. Serviços como Gmail e Windows Live são belos exemplos da tendência para qual ele está caminhando. Cada vez mais ele tem a capacidade de se comunicar não só entre endereços, mas também com mensageiros instantâneos, aplicativos online de todos os tipos (como o Google Docs, por exemplo) e milhares de serviços que surgem diariamente. Portanto, ao invés de perder espaço, o email se tornará mais importante a cada dia que passa, pois ele será o responsável central pela distribuição da comunicação.

INTEGRAÇÃOA palavra-chave a ser pensada quando se fala no futuro do e-mail é integração. O fato é que o email é atualmente a forma mais eficiente de enviar mensagens e ter a certeza de que elas chegarão ao destinatário e, na verdade, ele é uma das poucas formas de comunicação que sobrevive desde a década de 1960. O email se tornará um centro integrado de informações, capaz de enviar mensagens e arquivos instantaneamente, gerenciar contatos, produzir documentos, encontrar amigos e parentes distantes, além de milhares de alternativas que ainda não foram inventadas.

E você, leitor do Baixaki, o que acha que vai acontecer? O email vai acabar, dando lugar a uma nova forma de comunicação? E como ela seria? Você acha que utiliza todos os recursos que seu email disponibiliza? Solte o verbo! Fique à vontade para compartilhar suas ideias através do sistema de comentários.

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