Os blogs surgiram na internet há pouco mais de uma década como uma forma de divulgação pessoal de idéias. O nome “blog” vem de web-log, ou diário de rede. Eles, inclusive, foram uma das forças que alavancaram o surgimento da Web 2.0, ou das redes sociais.
Porém, aos poucos, esse formato ou ferramenta está deixando de existir e abrindo espaço para outras formas de mídia. Só que esse não é um processo simples e existem muitos fatores envolvidos. Antes de compreender por que os blogs estão morrendo, vale a pena entender melhor como se formaram os blogs e nada melhor do que isso do que acompanhar os usuários dessas mídias.
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Foi lançado uma pergunta sobre isso no Twitter e várias das respostas serão publicadas aqui, para ilustrarem o texto. É só clicar na imagem para verem a postagem original.
Os blogs e a Web 2.0
Originalmente, os blogs surgiram como uma forma de diário virtual, ou seja, um lugar na internet onde as pessoas podiam deixar opiniões, informações e criar conteúdo novo. Até então, quem criava conteúdo e alimentava a internet eram sites corporativos ou sites representativos. Não existiam tantos espaços pessoais quanto hoje, principalmente pela dificuldade de criação e manutenção que pedia, além de conhecimentos de linguagem de programação, um bom investimento de dinheiro para pagar o domínio e o serviço de hospedagem.
Com o aumento de acessos à internet graças à inclusão digital, muitas pessoas começaram a consumir o que a rede oferecia. Isso fez com que todos esses serviços de blogs se popularizassem e agora quem quiser pode ter o seu blog para divulgar suas idéias, criar conteúdos ou compartilhar links e conteúdos relevantes.
Só que os blogs não eram só espaços de divulgação, mas também de debate. A grande riqueza das mídias sociais e da Web 2.0 é justamente a possibilidade do usuário enquanto leitor poder comentar como igual com o autor de um blog, e o usuário como autor poder receber outras opiniões de leitores. É essa relação que fez não só os blogs, mas os fotologs ou flogs, uma espécie de blogs de fotos, e outras redes sociais como o Orkut e Flickr e até o Twitter, crescerem tanto.
Na era dos blogs, o conteúdo online não é mais dependente das grandes mídias, dos jornais, das revistas. Qualquer pessoa tem voz e pode oferecer sua opinião. Mas será que ainda é assim?
Como toda forma de mídia, os blogs estão também sujeitos a problemas. Alguns defendem que o formato original dos blogs não está morrendo, mas somente sofrendo modificações. Porém, essas modificações dos blogs não são no sentido de evolução, mas sim de aproximação dos velhos formatos dos sites da era pré-blog. É claro que a estética é completamente diferente, mas a forma como a mídia é tratada é a mesma e é bastante antiga.
Hoje em dia são poucos os blogs que se preocupam em criar conteúdo, em divulgar opinião ou a dar voz ao usuário comum. A maioria deles se preocupa somente em copiar ou compilar informações de grandes sites ou portais de informação, como o Terra ou o Uol, ou até mesmo de jornais online. Se o conteúdo dos blogs é o mesmo dos grandes portais, será que o blog pode ainda ser reconhecido por seu conteúdo?
Os grandes portais ou sites corporativos têm um grande interesse e isso não é mistério para ninguém: todos eles são fontes de renda através da venda de anúncios ou espaços para publicidade. Se eles não fazem isso, eles vendem conteúdo exclusivo para assinantes. Nada contra essa prática, muito pelo contrário. Mas isso é uma prática de empresas, não de diários pessoais ou espaços de opinião. Essa é a influência do mercado sobre o movimento dos blogs, que os está aproximando do formato dos sites tradicionais.
O problema da profissionalização
Os blogs enquanto ferramenta de opinião ainda é forte e as grandes empresas aproveitaram isso para utilizar esse formato a seu favor. Os blogs corporativos são meios que as empresas têm para se aproximarem de seus clientes. Porém, dificilmente eles tratam seus blogs como mídias sociais, mas somente lugares para postarem seus textos e terem opiniões escritas sem necessariamente interagirem com os leitores. Isso é somente um site com comentários, não uma mídia social. Esse formato de blog corporativo acaba por influenciar também o comportamento do blogueiro eventual, que passa a tratar o seu blog como uma vitrine de seu negócio, não como um espaço para suas idéias e discussões.
O problema da inclusão digital
A inclusão digital é pra ser algo bom, principalmente porque graças a ela os blogs ganharam vida com mais conteúdo, comentários e debates. Porém, nem todos os que fazem parte dessa inclusão digital participam ativamente da Web 2.0. Muitos são expectadores passivos, tratando os blogs como tratamos os jornais ou os grandes portais, retrocedendo para a antiga Web 1.0. Com essa falta de opinião própria, não há debates nem discussões e os blogs perdem sua identidade.
O problema da responsabilidade e da ética
Além disso tudo, os novos blogueiros não se preocupam em criar novos conteúdos ou em firmar suas opiniões. A maioria está preocupada em copiar e colar textos, caindo no problema do plágio. Tudo isso para ter conteúdo e ganhar relevância nos sites de busca, fazendo com que seus espaços de publicidade valham mais. Mas, enquanto isso, esquecem de se portar com ética e responsabilidade e, por mais que dentro do sistema eles ganhem relevância, com os usuários mais críticos, eles e seus blogs perdem credibilidade.
O futuro dessa mídia
Diante desses e de outros problemas, os usuários da Web 2.0 estão migrando para outros serviços. Poucos realmente se preocupam em criar e manter blogs, achando mais fácil simplesmente ter seu perfil no Orkut ou Facebook, participar de suas comunidades ou ter seu canal no Youtube para postarem os vídeos do final de semana gravados do celular.
Muitas pessoas inclusive não utilizam mais os blogs para divulgarem conteúdos interessantes da internet, pois agora eles postam links no Twitter. Se uma informação cabe em 140 caracteres, posta-se lá e ainda recebe atenção mais imediata que nos blogs.
Os blogs que resistem a essa queda estão se tornando repositórios de opiniões, quase como colunas em revistas. Não são mais instrumentos de mídias sociais, pois poucos leitores comentam, ou se comentam, o fazem sem critério ou intenção de debater. Isso, quando os autores dos blogs não ignoram esses comentários e fingem que nada está acontecendo.
Conclusão
Diante disso é sensato pensar que os blogs estão morrendo. Porém, esse não precisa ser o fim dessa mídia. Muita coisa ainda pode ser tirada disso. Muitos blogs estão nascendo todos os dias e não é por falta de quantidade que os blogs irão morrer, mas por falta de qualidade. Dizer que os “blogs estão mudando”, mas ainda existem é tentar ignorar o problema: grande parte dos usuários não sabe como aproveitar melhor os blogs. E é essa falta de aproveitamento ou mal uso dessa ferramenta que está decretando sua morte. Se soubermos como mudar essa realidade, possivelmente conseguiremos reerguê-los. Caso contrário, os blogs realmente irão morrer.
Você concorda com esse ponto de vista? Qual a sua opinião sobre os blogs? Você usa blogs? Já viu algo assim acontecer? Deixe aqui sua opinião e participe da discussão!