Caso os planos do Facebook — e de mais uma meia dúzia de navios capitânia da indústria — realmente sigam conforme o planejado, dentro de alguns poucos anos deve ser difícil encontrar um ser humano na face da terra sem uma conexão com a internet a poucos passos de distância. E, bem, enquanto você fica aí imaginado se isso é necessariamente algo positivo, saiba que a companhia de Mark Zuckerberg já dá os primeiros passos para implementar uma tecnologia vital para a proposta: os drones.
Conforme você já deve ter lido aqui no Tecmundo, a empreitada Internet.org pretende utilizar objetos voadores não tripulados para levar internet fia WiFi mesmo para as regiões mais remotas e potencialmente inacessíveis do globo. Entretanto, até recentemente, a parceria não havia soltado detalhes sobre como essa proposta particularmente audaciosa seria alcançada.
Mas isso mudou e, de fato, é possível que os primeiros drones movidos a energia solar comecem a sobrevoar os céus de diversas localidades na África, na Ásia e na América Latina em no máximo cinco anos — curiosamente, pouco depois de a Google anunciar a aquisição da Titan Aerospace, startup focada no desenvolvimento de drones com painéis solares. Os testes, entretanto, devem começar mesmo antes disso.
Desafios do Connectivity Lab
Embora a ideia de colocar um veículo voador não tripulado do tamanho de um Boing 747 seja até bem aceita pelo papel, o diretor do novo laboratório focado em conectividade do Facebook reconhece: isso será um desafio e tanto. E isso em diversos aspectos; em diversos percalços que devem se interpor ao lançamento do primeiro drone WiFi.
“Nós precisaremos ir aos limites da tecnologia solar, da tecnologia de baterias, da tecnologia de compósitos”, disse Yael Maguire durante um evento Social Good Summit, realizado em Nova York. “Há uma enorme quantidade de desafios.” O objetivo, entretanto, faz jus à megalomania da empreitada. De acordo com a Internet.org, o resultado pode levar conexão com a internet a bilhões de pessoas mundo afora.
A 60 mil pés de altura
A ideia de Zuckerberg é que cada um dos vários drones WiFi possa permanecer voando — e fornecendo sinal de internet — de forma contínua por meses ou mesmo por um ano inteiro. Naturalmente, isso implica diversos desafios que vão além da possível autonomia garantida pela instalação de diversos painéis solares.
Por exemplo, para garantir que nada ocorrerá aos drones, será necessário mantê-los a alturas superiores a 60 mil pés, podendo chegar a 90 mil pés — mantendo-se acima de possíveis problemas com condições meteorológicas ou com o tráfego aéreo convencional, portanto. O problema é que, essencialmente, se trata de uma faixa sem qualquer tipo de regulamentação.
“Há apenas regras relacionadas a satélites, e é nisso que nós estamos investindo”, disse Maguire durante o referido evento. “Elas são bastante úteis, mas nós também precisaremos ajudar a criar algo novo.”
Um ser humano por drone
Yael Maguire também mencionou outra questão que pode se interpor ao lançamento dos drones — esta devidamente regulamentada, de fato. De acordo com as regras atuais relacionadas à utilização de objetos voadores não tripulados, cada piloto em terra pode controlar apenas um único drone.
É fácil notar que tal impedimento seria uma limitação drástica para a proposta de conexão global de Zuckerberg, o que demandaria centenas de drones permanentemente em voo. Maguire, de fato, lembrou de um evento em que alguns pilotos britânicos conduziram drones com painéis solares por duas semanas seguidas. “É como jogar videogame por duas semanas direto, sem descanso”, disse ele.
“Nós precisamos de um ambiente regulatório que permita a um único piloto controlar 10 ou 100 drones”, acrescenta Maguire. “Nós precisamos descobrir como se pode conseguir isso.”
Primeiros voos em 2015
A despeito dos desafios, entretanto, o Connectivity Lab prevê que conseguirá colocar os primeiros aviões não tripulados em teste já no ano que vem. Embora Maguire ainda não possa dar uma data específica para o início das atividades, o laboratório já identificou 21 localidades candidatas aos primeiros esforços da empreitada. Trata-se de porções de terra na América Latina, na Ásia e na África.
Não obstante, a implementação completa do projeto ainda deve demorar um pouco. Maguire prevê que os primeiros drones WiFi deve se tornar perfeitamente operacionais daqui a dois ou mesmo cinco anos.
Parcerias para o problema “da nossa geração”
Entretanto, o Zuckerberg não tem a pretensão de se erguer pelos cordões dos sapatos. De fato, o Facebook procura atualmente por parceiros. “Nós esperamos tornar essa tecnologia aberta para que outras pessoas possam utilizá-la, porque acreditamos que elas possuem modelos mais dimensionáveis para tornar esse processo acessível lá fora.”
“Será um esforço enorme”, diz Maguire. Entretanto, ele reforça: “Tentar conectar todo o mundo é o problema central da nossa geração”.
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