Eficientes, ágeis e muito versáteis. Os drones estão no mercado há algum tempo e já provaram a sua capacidade como instrumentos de guerra, ferramentas para ajuda humanitária e até transporte aéreo de mercadorias. No entanto, é claro que seria apenas uma questão de tempo até que esses brinquedinhos fossem adaptados para atender uma das necessidades mais básicas da humanidade: o entretenimento – com uma pitada de violência, claro. A forma encontrada para tornar isso realidade? Um verdadeira arena mortal para duelos entre as máquinas!
Atualmente, esses equipamentos já são uma realidade no meio esportivo, dando origem a ligas e campeonatos inteiros dedicados a disputas de velocidade. Para se ter uma ideia do tamanho desse cenário, as corridas de drones são um verdadeiro sucesso no YouTube – atraindo milhões de visualizações todos os anos, já contam com transmissões ao vivo na TV norte-americana – graças a parcerias com a ESPN e Sky Sports – e conseguem se tornar grandes atrações até mesmo por aqui, arrebatando o público da área aberta de eventos como a Campus Party Brasil.
Os esportes envolvendo drones já contam com público fiel e até narradores
Os duelos trazem apenas uma arena, dois drones e a seguinte missão: mate ou morra
Com isso em mente, a ideia é que o “Clube da Luta” dos drones siga os passos de sua contraparte dedicada à velocidade e acabe se tornando um grande sucesso entre os amantes da tecnologia e das lutas. As chances que isso aconteça são bem grandes. Para começar, trata-se de um esporte bem mais simples de se acompanhar. Em vez de circuitos complexos e uma ação frenética que confunde os olhos do espectador iniciante, os duelos de drones trazem apenas uma arena, dois aparelhos e pilotos com a seguinte missão: mate ou morra.
Toda essa agressividade remete ao início do UFC, quando as pessoas ficavam horrorizadas com toda a violência exibida no octógono. Eventualmente, a organização ganhou fãs, se popularizou e, hoje em dia, se tornou um esporte de contato como o boxe, no qual as lutas empolgam milhões de pessoas ao redor do mundo. Isso acabou tendo efeitos secundários na sociedade, como crianças se dedicando às artes marciais desde cedo, jovens trocando a vida sedentária por exercícios e pessoas de todas as idades buscando no MMA suas técnicas de defesa pessoal. A luta entre drones também vai além da violência.
Uma forma de aprender
Para entender todo o ecossistema em torno desses combates aéreos, é preciso saber como os duelos funcionam. Com as partidas sendo realizadas tanto em áreas abertas quanto em arenas dentro de galpões e centros de convenções, a ideia é que os pilotos tenham um bom espaço para manobrar as suas crias e vençam seu oponente após derrubá-los ao chão três vezes ou se ele for incapacitado por completo. É exatamente nessa condição de vitória tão simples que está a magia desse novo esporte.
Isso porque a pessoa controlando o equipamento não é a única participante da equipe: esse é um esporte complexo e que estimula a interação entre o grupo. Basta ver que, em cada queda, os times têm 90 segundos para fazer reparos urgentes que coloquem o brinquedinho de volta no ar ou ajustes que permitam que ele enfrente de forma mais aprimorada o seu atual adversário. Isso quer dizer que o tal “Clube da Luta” de Drones – ou “Game of Drones”, se você preferir – é um prato cheio para engenheiros em busca de um hobby ou mesmo para atrair talentos para a engenharia. Especialmente a molecada.
“Descobrimos que a violência entre drones é, na verdade, uma forma de ‘enganar’ as crianças e despertar seu interesse por ciência e tecnologia”, brinca Marque Cornblatt, CEO da Aerial Sports League (ASL) – principal entidade independente do setor. Segundo ele, “quando você resolve detonar esses brinquedos, acaba sendo forçado a aprender mais sobre todo tipo de coisas: eletrônicas, hardware, um pouco de software e trabalho em grupo”. Como é típico das crianças, elas abraçam esses desafios com muita dedicação e comprometimento, tudo para manter seus drones sempre voando.
Para todas as idades MESMO
Vale notar que muitas dessas características não se restringem apenas aos pequenos – embora nos EUA eles já contem com cursos e workshops especializados na construção e manutenção de drones. Adultos com e sem diploma de engenharia acabam aprendendo muito ao preparar e desenvolver seus equipamentos para o campeonato. Afinal, é preciso testar diferentes estruturas para reduzir os riscos de danos em impactos e quedas, cuidar para que as partes eletrônicas não cedam no meio de uma luta mais acirrada e pensar na melhor forma de atacar seu inimigo sem se machucar.
Segurança em primeiro lugar
É claro que a segurança acaba se tornando uma grande preocupação
Quando se fala em ataque, defesa e combate direto, é claro que a segurança acaba se tornando uma grande preocupação para as organizações por trás da atividade. Da mesma forma como o UFC precisou se preocupar com a saúde dos atletas para que deixasse de ser uma “rinha humana” e se tornasse um esporte reconhecido – adotando regras e equipamentos que zelem pela integridade física dos lutadores –, a ASL também teve que lidar com o assunto de uma forma bastante séria, mesmo que as grandes estrelas dos duelos não sejam de carne e osso.
Nada mais justo, já que estamos falando de uma modalidade da qual centenas ou milhares de pessoas acompanham toda a ação de perto e em que os membros da equipe precisam se enfiar no meio da arena para realizar consertos de emergência. Com isso em mente, os drones precisam ser devidamente calibrados para a área de combate antes de cada disputa, garantindo que eles não possam voar para fora dos limites estipulados e não causem nenhum acidente junto à torcida.
Pode colocar um bastão de beisebol no drone? Se ele aguentar, pode sim!
Além disso, foi decidido que os brinquedinhos podem ter sim um arsenal à sua disposição para tentar derrubar o oponente, mas essa seleção é limitada, seguindo tanto regras de segurança quanto do velho bom senso. “Não permitimos coisas como químicos, fogo ou descargas elétricas. Também proibimos o uso de projéteis que possam acabar passando pelas redes de proteção. Então, nada de atirar bolinhas de paintball, airsoft ou qualquer coisa do tipo”, explica Cornblatt.
O que sobra para os participantes da modalidade esportiva? Usar a criatividade, claro! Lançadores de rede, por exemplo, são permitidos, simulando uma prática já usada por aeroportos para desabilitar drones voando nas proximidades do local. Entre outras “armas” com uso liberado, temos itens como bastões que podem cutucar ou desestabilizar o adversário, cordas e fitas penduradas na parte de baixo do aparelho para prender nas hélices inimigas e até uma jaula metálica que torna os encontrões uma estratégia mais eficiente e segura de ataque.
Fim prematuro?
Mesmo com todos esses aspectos positivos, o incentivo ao aprendizado, a promoção de trabalho em grupo e a preocupação com a segurança de todos, o duelo entre drones pode estar com os dias contados – pelo menos nos Estados Unidos. Isso porque um projeto de lei em discussão no Senado da Califórnia pode acabar proibindo, quase que sem querer, a prática desse tipo de atividade em todo o território norte-americano.
Não se trata de uma caça às bruxas ou mesmo de políticos perseguindo a diversão alheia, mas sim de um texto mal escrito e que dá brechas para que pessoas mal-intencionadas prejudiquem toda uma comunidade. Com o nome de “State Remote Piloted Aircraft Act”, o documento diz que “uma pessoa não deve colocar armas em um veículo aéreo de operação remota ou pilotar um veículo aéreo de operação remota que já esteja armado”.
Consegue imaginar esse povo indo em cana por conta de uma atividade tão bacana?
É possível que o autor do projeto acabe voltando atrás
Como o trecho não especifica de que tipo de armas se está falando ou se as atividades esportivas estão excluídas da medida, não é difícil imaginar que alguém pode acabar sendo incriminado injustamente por participar de um simples e seguro duelo entre drones. Felizmente, para os adeptos da brincadeira, é possível que o autor do projeto acabe voltando atrás em sua empreitada e reescreva o texto antes de submetê-lo novamente ao Senado, já que a audiência para discutir a proposta – agendada para a última terça-feira (27) – foi cancelada depois que Cornblatt contatou o senador via carta.
E aí, você acha que seria bacana termos campeonatos e ligas como essas aqui no Brasil? Gostaria de ver drones se digladiando em partidas transmitidas ao vivo na televisão? Acha que é uma boa maneira de atrair mais pessoas para a ciência e tecnologia? Deixe a sua opinião sobre o tema mais abaixo, na seção de comentários.
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