Se você acompanha canais e sites de tecnologia com alguma frequência, provavelmente já está cansado de ouvir falar sobre smartphones de entrada, intermediários e top de linha. Por mais que isso possa parecer óbvio para muita gente, esses termos ainda são fonte de muitas dúvidas. Para dificultar ainda mais, conforme o mercado vai evoluindo e os preços dos produtos vão aumentando, novas subcategorias vão surgindo.
Para tentar esclarecer um pouco mais as diferenças, vamos citar alguns exemplos ligados ao mercado dos smartphones, mas tudo o que você vai ler aqui sobre esses termos também vale para qualquer produto, desde secadores de cabelo e roteadores até carros.
Entrada, intermediário e de ponta
No começo, quando os primeiros smartphones surgiram, não existia essa distinção entre aparelhos de entrada, intermediários e de ponta. Os smartphones por si já eram aparelhos caros e inovadores, então praticamente todos que saiam eram modelos de ponta. Só com o tempo e com a popularização deles é que foram surgindo as diferenças e o mercado se tornou mais amplo.
Por causa disso, a imprensa que trata todos os dias sobre os lançamentos de tecnologia começou a categorizar esses produtos pra facilitar a compreensão do público, criando primeiro três níveis que formam uma escala, combinando recursos e o preço dos aparelhos, para determinar em que nível eles estão. Vamos começar pelas duas pontas, que são mais fáceis de explicar.
Um aparelho de entrada é o mais básico de todos. Ele não traz recursos avançados, não chega nem perto de ter as melhores especificações e também não vai ter o acabamento mais refinado do mundo. A ideia desse segmento do mercado é trazer opções com o menor custo possível para estimular pessoas que ainda não têm um dispositivo inteligente a entrar nesse mundo. É daí que vem o nome de “dispositivos de entrada”. Por serem tão simples e focarem no menor custo possível, os aparelhos dessa categoria segmento geralmente têm preços entre meio e até um salário mínimo.
No outro lado da escala ficam os dispositivos de ponta. São eles que geralmente trazem as tecnologias mais avançadas disponíveis, o desempenho mais poderoso, as melhores câmeras, a tela com mais qualidade, são à prova-d’água, têm um acabamento e materiais super refinados e tudo mais do bom e do melhor.
Eles estão na ponta da curva de inovações tecnológicas e também na ponta do gráfico dos preços mais elevados, e por isso eles são classificados como “dispositivos de ponta”. Na maioria das vezes, os aparelhos dessa categoria também são chamados de top de linha, mas essas duas expressões não são necessariamente sinônimos.
iPhone XR
Entre esses dois extremos fica o segmento dos intermediários, que têm esse nome justamente porque estão no meio da escala. Aqui ficam os dispositivos que geralmente focam em trazer os melhores recursos e componentes possíveis sem que o preço final do produto fique muito alto. É a categoria do tão falado custo-benefício, e é nela onde a gente vê com mais facilidade uma coisa que na economia os estudiosos chamam de Lei dos Rendimentos Decrescentes.
Resumindo, essa lei diz que quanto mais bens ou recursos você gasta na produção de um produto, menor vai ser o retorno de cada bem no produto final. Traduzindo isso pros smartphones, o que vemos é que quanto mais caro um celular é, menor é a vantagem que ele trás com relação a modelos um pouco mais baratos, formando meio que uma curva cada vez menos inclinada de benefícios.
Quando você olha um intermediário da faixa dos mil reais, geralmente dá para ver que ele tem recursos bem melhores que os de um aparelho de R$ 500 da mesma marca. Só que quando você olha pra um modelo de R$ 1.500 da mesma empresa, ele também tem vantagens sobre o de R$ 1 mil, mas a diferença é menor. Quando você olha pra um de R$ 2 mil, a mesma coisa. E por aí vai.
O fator “premium”
No começo, essa classificação entre modelos de entrada, intermediários e de ponta era mais que o suficiente. Os mais básicos iam até uns R$ 750, os intermediários iam daí até uns R$ 1.500 e os de ponta seguiam por cerca de R$ 2 mil. Só que com o passar do tempo, os modelos mais avançados foram ficando mais e mais caros, chegando a ultrapassar os R$ 5 mil.
Com os aparelhos mais caros custando uma fortuna, de repente foi surgindo espaço entre os modelos intermediários e os celulares de ponta, e as empresas começaram a investir na produção de aparelhos que trazem especificações que, de forma geral, estão mais próximas do segmento de custo-benefício, mas que também incorporam um visual mais bem trabalhado, materiais de maior qualidade e até alguns recursos que antes só apareciam nos celulares mais caros.
Foram esses modelos, com preços entre R$ 2 mil e R$ 4 mil, que começaram a ser chamados de intermediários premium. Ou seja, eles tecnicamente ainda estão dentro da área de custo-benefício, mas têm algumas vantagens adicionais em troca de um precinho um pouco mais “exclusivo”.
Com o crescimento do teto de preço dos smartphones, até a categoria dos aparelhos de ponta ganhou uma divisão, que é a dos super premium. Aqui estão aqueles modelos mais caros de todos, com as melhores e maiores memórias, os recursos mais avançados e às vezes até algumas coisas meio experimentais, como as telas dobráveis. Aqui entram aparelhos de R$ 8 mil a R$ 10 mil.
Samsung Galaxy S20 Ultra, um dispositivo super premium
Top de linha
Cada fabricante tem seu próprio fluxo de trabalho e planejamento de renovação periódico das suas linhas de produtos, mas normalmente consideramos todos os dispositivos que cada marca lança dentro do mesmo ano como parte da linha oficial que aquela fabricante montou para aquele ano específico.
Por isso, geralmente dizemos que as famílias de aparelhos mais avançados que uma empresa lançou naquele ano são os top de linha dela. Geralmente, isso coincide com os smartphone de ponta que ela lança, principalmente quando a gente fala dos que estão no segmento super premium. E como essa coincidência acontece quase sempre, muita gente acaba achando que os termos top de linha e smartphone de ponta são sinônimos.
Só que nem sempre esse é o caso. Quando uma empresa produz apenas aparelhos de entrada e intermediários, o top de linha dela para aquele ano geralmente acaba sendo um celular intermediário também. Acontece bastante com companhias totalmente focadas em dispositivos de custo-benefício, como Multilaser, Quantum e outras, mas de vez em quando até empresas maiores acabam decidindo não entrar no segmento de ponta. Um exemplo aqui é a Motorola, que em 2019 teve como top de linha o Motorola One Zoom, que é um intermediário premium.
Motorola One Zoom
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