Mais direto que o analista independente de tecnologia Richard Windsor, impossível: "Sem o Google Mobile Services, ninguém comprará o Mate 30". Esse é o pensamento de todos os que aguardam o próximo lançamento da Huawei. Programado para ter suas vendas iniciadas em setembro, o próximo flagship da empresa chinesa pode ter postergado sua chegada ao mercado europeu.
A aposta sobre o adiamento das vendas externas do Mate 30 vem de setores do mercado e da indústria, que acompanham os planos da empresa para superar os problemas causados por sua inclusão na lista negra do comércio americano.
No entanto, o adiamento não seria definitivo; qualquer ação do governo dos EUA pode afetar a decisão da empresa. A estratégia seria, então, a empresa concentrar inicialmente seus esforços em seu próprio quintal: o mercado consumidor chinês usa uma variedade de aplicativos e serviços domésticos que não dependem do Google.
Mate 30: vendas no mercado europeu podem ser adiadas (Fonte: Weibo/Reprodução)
A família de celulares Mate 30 representa o lançamento mais importante da Huawei no segundo semestre de 2019, porque competirá com aparelhos de última geração da Samsung e da Apple. O golpe maior vem da Europa: as remessas de smartphones para esse mercado caíram 16% no segundo trimestre deste ano, segundo a empresa de pesquisa Canalys. O quadro só tende a piorar já que, para rodar o pacote do Google Mobile Services, a Huawei teria que pagar uma licença de uso para o Google.
Segundo o CEO do grupo de Negócios Móveis da empresa, Richard Yu Chengdong, a proibição comercial dos EUA poderia acabar com os embarques de cerca de dez milhões de smartphones da Huawei no último trimestre do ano.
Esforços concentrados em tecnologia própria
A gigante chinesa não comenta especulações, mas seu fundador, Ren Zhengfei, disse em uma entrevista à agência Associated Press (AP) que não espera alívio em relação às restrições a exportações dos EUA por causa do clima político em Washington, mesmo com a segunda extensão da licença de exportação, válida por 90 dias, expedida na segunda-feira (26) pelo governo americano.
Segundo o executivo, o maior impacto será sentido por seus fornecedores americanos de chips e outros componentes. O clima de confiança contrasta com a tensão expressada por Zhengfei no mês passado, quando previu que as sanções dos EUA reduziriam as vendas projetadas de smartphones da Huawei em US$ 30 bilhões nos próximos dois anos.
Agora, as esperanças estão depositadas no HarmonyOS, o sistema operacional desenvolvido pela Huawei para substituir o Android em seus dispositivos, além de chips, software e outras tecnologias – tudo o que possa reduzir sua dependência de fornecedores americanos. Somente em 2018, a empresa gastou US$ 15 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, mais do que a Apple ou a Microsoft.
Para o fundador da Huawei, Ren Zhengfei, quem mais perderá com as restrições dos serão os fornecedores americanos da empresa (Fonte: AP/Reprodução)
Segundo o presidente da companhia, Liang Hua, declarou em julho, a Huawei está revisando seus principais produtos para que todos fossem entregues sem componentes americanos.
"Em um nível estratégico, entrar na lista negra comercial dos EUA foi útil para a Huawei. Eliminamos negócios ou produtos marginais e sem importância e nos concentramos naqueles mais importantes”, disse o executivo. “Se a Huawei for impedida de usar o Android e forçada a desenvolver sistemas alternativos, isso não seria do interesse dos Estados Unidos", completou.
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