Você vai trocar de celular e está em busca de um modelo intermediário básico, mas não quer saber daqueles aparelhos com pouco armazenamento? A Multilaser pode não ser a primeira opção que vem a sua cabeça em momentos como esse, mas a empresa tem uma oferta interessante nesse segmento.
Essa seria o MS80X, que eu acabei de testar e me proporcionou uma experiência melhor do que eu esperava. Falha minha por esperar tão pouco de um modelo da Multilaser, mas o fato é que ele consegue entregar uma experiência digna de uso para o consumidor que quer economizar. Infelizmente, não podemos dizer isso de boa parte dos smartphones que custam menos de R$ 1 mil.
Mas a questão é sempre a mesma: será que esse celular da Multilaser vale a pena o preço que a marca cobra por ele? Nesta análise, vou dissecar as principais características do MS80X e ajudar você a responder a pergunta por si próprio.
Design
O MS80X não é feio, mas também não traz nada especial nesse departamento. Seu design é “bem 2018”, com notch ao estilo iPhone X, traseira brilhosa e tela mais alongada com poucas bordas em volta. Digo “poucas”, porém isso é em relação aos seus antecessores. O queixo do dispositivo é bem avantajado, o que — como em qualquer outro clone malfeito do celular da Apple — vai contra o conceito das bordas finas.
Esse celular é vendido em duas opções de cor: essa dourada que tivemos a oportunidade de testar — que pode parecer um cinza em alguns momentos — e uma preta. O acabamento é bem simples, não contando com nenhum material mais resistente na carcaça, tal como vidro ou metal. É tudo de plástico mesmo, com a digna exceção do logo metálico da Multilaser na lateral.
Fonte: TecMundo/Silmara Slobodzian
A traseira mesmo é feita de um plástico brilhoso que certamente risca fácil
Por conta da capinha que veio na caixa, esse smartphone terminou o processo de testes completamente ileso, mas eu não coloco minhas mãos no fogo ousando dizer que ele é resistente. A sensação que o MS80X passa durante a pegada é de que ele é bem simples e pouco resistente. A traseira mesmo é feita de um plástico brilhoso que certamente risca fácil. Em outras palavras, ele pode não durar um ano inteiro nas mãos de usuários mais desastrados.
Um ponto positivo é o botão lateral dedicado ao Google Assistente. Ele vem configurado por padrão para ativar esse recurso de software do Android, mas pode ser remapeado como gatilho para outras funções do celular. As opções, contudo, são limitadas.
Se na frente ele tem um notch e um queixo que comprometem seu visual, na traseira o MS80X é um tanto mais agradável. Mesmo assim, a organização dos elementos lembra muito o que vemos em celulares modernos da Apple ou mesmo nos Mi Mix da Xiaomi.
Fonte: TecMundo/Silmara Slobodzian
Tela
O display IPS LCD do MS80X é espaçoso o suficiente para você não se sentir apertado durante o uso do smartphone. Na diagonal, esse componente mede 6,2’’ e traz resolução Full HD+. Com isso, temos uma densidade de 401 pixels por polegada, o que é bastante aceitável para um celular intermediário básico.
Mas, sinceramente, fiquei um tanto decepcionado com essa tela. Não pela representação meio opaca ou esbranquiçada das cores, mas sim pelo fato de o nível máximo de brilho ser bem baixo. Você simplesmente não consegue usar o celular ao ar livre com sol forte ou mesmo com óculos escuros.
Você simplesmente não consegue usar o celular ao ar livre com sol forte ou mesmo com óculos escuros
Eu me encontrei em uma situação em que, em um dia de sol forte em Curitiba — raro, mas acontece — estava usando óculos escuros e quis fotografar. Eu tirei o MS80X do bolso já com o dedo no sensor para desbloquear e ligar a tela, mas quando o levantei na altura do meu rosto, fiquei confuso. Parecia que a tela não havia desbloqueado — estava completamente preta.
Eu toquei no botão Power umas duas vezes para ver se conseguia acordar o celular, mas ele já havia ligado e desligado o display sem que eu percebesse. Isso porque seu brilho máximo não era o suficiente naquela situação. Mesmo tirando os óculos escuros, tive dificuldades para ver o que estava sendo enquadrado no visor da câmera. Fazia muito tempo que eu não via uma tela desse tipo em um smartphone.
Fonte: TecMundo/Silmara Slobodzian
Desempenho
Nem sempre um novo celular nos surpreende nos testes de benchmark, seja positiva ou negativamente. No caso do MS80X, ele ficou na média em tudo. Seus resultados foram todos muito parecidos com os do Moto G6 comum e bem próximos dos do Galaxy J8 (2018). Isso aconteceu porque, mesmo com mais RAM e armazenamento do que o smartphone da Motorola, esse Multilaser usa exatamente o mesmo chipset: o Snapdragon 450.
No uso cotidiano, foi possível perceber algumas engasgadinhas aqui e ali, mas muito rápidas. Talvez seja mais adequado chamar de “pequenas interrupções na fluidez da interface”, já que esses problemas não chegaram a comprometer a usabilidade.
Mas é possível perceber e se irritar — como com qualquer aparelho dessa categoria — com a demora para carregar coisas como páginas web e o feed do Facebook em algumas ocasiões. As transições também são mais lentas e menos suaves, porém isso só na comparação com aparelhos mais premium.
Fonte: TecMundo/Silmara Slobodzian
Eu ainda consegui jogar games como Horizon Chase e Soul Knight sem experimentar qualquer travamento. No título de corrida, notei que a quantidade de quadros por segundo das imagens ficou mais baixa, mas isso não comprometeu a jogabilidade em momento algum.
De qualquer forma, nada disso é surpresa em um aparelho que já foi vendido na internet por menos de R$ 800. Hoje, ele custa R$ 999, mas ainda está de acordo com seus principais concorrentes em desempenho e preço.
O PCMark mensura o desempenho do celular durante tarefas comuns de produtividade, como navegação na web, edição de vídeos e fotos e trabalho com documentos e dados em geral. Assim como nos outros casos, totais de pontuação maiores significam resultados melhores. (Fonte: TecMundo/Silmara Slobodzian)
O app AnTuTu 7.0 permite testar interface, CPU, GPU e memória RAM dos dispositivos. Os resultados são fornecidos individualmente e somados para gerar uma pontuação total. E aqui também vale a máxima para os pontos: quanto mais, melhor. (Fonte: TecMundo/Silmara Slobodzian)
O Geekbench 4 é um teste multiplataforma que avalia o desempenho do processador com um sistema de pontuação duplo. Ele estressa cada núcleo do chipset individualmente com uma carga de trabalho que simula atividades de uso real e, em seguida, faz o mesmo teste estressando todos os núcleos em conjunto. Os resultados “Single” são referentes ao teste para núcleos individuais, e os “Multi” representam o conjunto como um todo. (Fonte: TecMundo/Silmara Slobodzian)
Câmera
Mas o MS80X não consegue acompanhar seus rivais no departamento fotográfico. Eu só obtive fotos medianas em boas condições de luz. Em outras situações, os resultados eram sempre ruins. Se você realmente se preocupa com foto, é mais interessante juntar mais uns R$ 300 e comprar o Moto G6 Plus, por exemplo, que oferece um salto de qualidade fotográfica bem expressivo.
As fotos do MS80X até servem para as redes sociais, mas no momento em que você faz algum recorte ou dá qualquer tipo de zoom, os defeitos começam a ficar visíveis. Mesmo capturas bem iluminadas, corretamente expostas, trazem ruído ou granulação. Isso só desaparece quando o celular dá uma escurecida nas cores, deixando a foto mais sem graça.
O foco da câmera também demora a travar nos objetos, o que pode fazer você perder algumas fotos nas quais o sujeito não vai esperar você lidar com o aparelho antes de sair do quadro. Elementos em movimento quase sempre saem borrados, a não ser que estejam longe.
Em contrapartida, o app de câmera tem uma boa quantidade de recursos. Há lapso de tempo, modo profissional/manual, panorama e modo retrato. As imagens produzidas por esse último não são perfeitas — o contorno em volta do cabelo das pessoas é um pouco falho —, mas acabam saindo melhor do que o esperado, considerando a qualidade do conjunto de câmeras no geral.
Confira as falhas do contorno do desfoque apontadas em vermelho (Fonte: TecMundo/Léo Müller)
Ah! E se você se preocupa com a qualidade dos Stories do Instagram, esse aparelho aqui é bem decepcionante. Uma forma de contornar o problema é gravar com o app de câmera do celular — que preserva a qualidade real das imagens — e depois compartilhar diretamente para os Stories.
Bateria
No que se refere à autonomia de bateria, o MS80X também se mostra na média. Você consegue passar um dia todo longe das tomadas com ele, mas somente se tiver um padrão de uso intermediário/baixo. Em outras palavras, é possível navegar na web, usar bastante apps de redes sociais ou mensagens e não ficar na mão antes do fim do dia.
Só que, caso você faça muitas fotos, grave vários vídeos ou mesmo assista bastante YouTube ou Netflix no celular, a autonomia acaba bastante prejudicada.
Navegar por GPS também tem um impacto negativo perceptível. Nesse caso, como o MS80X não conta com carregamento rápido, não é uma boa opção para motoristas de Uber, 99 e apps do gênero.
Fonte: TecMundo/Silmara Slobodzian
Considerando nossos testes, podemos estimar que o aparelho consegue durar 6 horas e 15 minutos executando vídeo no YouTube com brilho da tela no máximo e WiFi ligado. Isso com uma carga completa da bateria. Esse número está um pouco abaixo do que o Moto G6 comum demonstrou no mesmo teste, mas a diferença no dia a dia é quase inexistente entre esses dois.
Software
Um ponto muito positivo do smartphone da Multilaser é o software. Ele é equipado com o Android tão puro quanto veio ao mundo, do jeito que a Google o idealizou. Não há personalizações desnecessárias, apps duplicados ou mesmo entulhos que a fabricante poderia muito bem incluir, como fazem muitas outras.
Isso garante uma experiência de uso bastante simples e direta; nada distrai o usuário do que ele realmente precisa fazer. A interface familiar do Android Oreo 8.1 também ajuda nesse sentido e garante ao MS80X certa elegância nesse aspecto.
O único problema de software que encontrei nesse celular é referente ao notch, o entalhe no topo da tela. O sistema e a maioria dos apps fazem um bom trabalho ao evitar mostrar informações por trás desse elemento, mas isso não acontece com apps que ficam em tela-cheia.
Fonte: TecMundo/Silmara Slobodzian
Os Stories de Instagram, Facebook e WhatsApp não exibem as informações que você está acostumado a ver no topo da tela porque tentam usar todo o espaço nas laterais, sem perceber que existe um impedimento técnico para tanto. Apps como YouTube, que poderiam fazer isso sem comprometer demais a usabilidade, não o fazem.
Um detalhe que vale a pena destacar: esse celular não roda o Android Go, apesar de contar com três apps da Google em suas “versões Go”.
Vale a pena?
Considerando que o MS80X chegou a custar R$ 750 em novembro do ano passado, de acordo com dados do Zoom.com, não é possível dizer que ele agora vale a pena custando R$ 999. O dispositivo é mediano demais para justificar todo esse dinheiro, ainda mais levando-se em conta que a Multilaser é uma marca menos estabelecida — logo, com menos confiança do consumidor —, do que Motorola e Samsung, que dominam o mercado nessa faixa de preço.
É bom destacar, também, que esse dispositivo tem um acabamento bastante simples, com uma traseira de plástico brilhosa que risca e suja muito facilmente. Não há como garantir que o aparelho dure mais de 1 ano nas mãos de alguém que não seja cuidadoso. A tela ainda é muito escura para uso sob sol forte e pode incomodar.
Fonte: TecMundo/Silmara Slobodzian
Considerando tudo isso, minha experiência de uso com o MS80X até que foi OK, mas eu realmente acredito que ele deveria custar menos
A câmera não se destaca, mas a autonomia de bateria e o desempenho estão na média. O único ponto brilhante desse aparelho é mesmo o software, mas é bom notar que o Android ainda não foi atualizado para o Pie 9.0.
Vale falar ainda do leitor de digitais traseiro, que é bem rápido, e o reconhecimento facial também é interessante. Considerando tudo isso, minha experiência de uso com o MS80X até que foi OK, mas eu realmente acredito que ele deveria custar menos. Se ele fosse um pouco mais barato, poderia valer a pena de verdade. Não se trata do melhor celular da sua categoria; contudo, caso o preço volte a ficar abaixo dos R$ 800, talvez o MS80X se torne uma opção mais atraente do que o Moto G6 comum, por exemplo.
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