Nós noticiamos nesta terça-feira (10) que a Apple pode estar deliberadamente inutilizando os visores de iPhones que tiveram suas telas trocadas fora de lojas autorizadas. No entanto, o problema pode ser ainda maior que o previsto inicialmente. De acordo com o Engadget, até mesmo trocas de peças originais feitas sem a aprovação da empresa podem causar problemas.
Até o momento, o comportamento foi visto no iPhone 8, no iPhone 8 Plus e no iPhone X, com versão do iOS 11.1 ou superior, tanto no mercado australiano como no norte-americano. O jornalista Aaron Souppouris confirmou que trocar as telas de dois iPhones novos fez com que o sensor de luz ambiente parasse de funcionar, sendo desabilitado pelo sistema operacional do celular durante o processo de inicialização.
Trocar a tela do iPhone fora da autorizada pode afetar o sensor de luz ambiente.
Um entrevistado, que trabalha com reparos de iPhones, disse que esperava por algo do tipo desde o lançamento do iPhone 5S, quando o Touch ID foi lançado. Caso fosse consertado fora de uma autorizada, o sensor biométrico pararia de funcionar, assim como acontece com o sistema Face ID, presente no iPhone X. A justificativa nesses casos era a de garantir a segurança dos usuários.
Outra fonte ficou preocupada quando descobriu o que a Apple estava fazendo. Ela disse que já tinha pessoalmente trocado as telas de 100 aparelhos. “Nós tentamos oferecer uma alternativa mais barata e só utilizamos peças originais. Me preocupa que os consumidores possam voltar aqui e exigir que eu conserte o problema. O que eu posso fazer se é a própria Apple que está desabilitando os sensores?”, afirmou.
Desde o ano passado, a Apple vem distribuindo uma máquina proprietária chamada Horizon, que, além de fazer o conserto, tem a função de dizer para o iPhone que todas as peças dele são originais e foram trocadas em uma autorizada. Cerca de 400 desses equipamentos foram enviados para 25 países. Na época, a empresa disse que isso não impediria lojas menores de realizarem os reparos e que a garantia não seria perdida nesses casos, a menos que algum dano fosse causado durante o conserto.
Direito de consertar
O movimento pelo direito de poder consertar seus próprios eletrônicos vem ganhando força nos últimos anos. A própria Apple foi alvo de críticas quando admitiu que reduzia de propósito a velocidade de seus smartphones para supostamente preservar a vida útil das baterias. Nos EUA, 18 estados estão apoiando o Ato do Direito de Reparar (Right to Repair). O Parlamento Europeu também estuda medidas que podem ser aprovadas para favorecer os consumidores e já divulgou uma série de sugestões que deveriam ser adotadas pela indústria.
O repórter do Engadget entrou em contato com a Apple, mas um porta-voz da empresa não respondeu aos questionamentos da publicação.
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