Até que ponto crianças e adolescentes devem ter acesso à tecnologia e qual é o tempo ideal de exposição às telas de tablets e smartphones? Esse é um assunto polêmico, e já até falamos sobre os males possíveis para quem tem até 12 anos. Mas um novo estudo, do Instituto de Internet de Oxford e da Cardiff University, indica que as coisas vêm mudando, e o período em frente ao display pode não ser mais tão prejudicial assim.
Publicada no periódico Child Development, a pesquisa levou em consideração o “tempo de tela” dos baixinhos de 2 a 5 anos. A equipe testou as diretrizes de uso recomendadas pela Academia Americana de Pediatria (American Academy of Paediatrics — AAP), que propõe um limite de 1 a 2 horas por dia para o bem-estar.
Os cientistas avaliaram a relação entre o uso da tecnologia e as condições dos pequenos, a partir de dados de cerca de 20 mil entrevistas telefônicas com os pais, ao longo de 1 mês. O relatório mediu aspectos como apego ao cuidador, impacto na resiliência emocional, curiosidade e efeitos positivos, como alegria e interesse. “Em conjunto, nossas descobertas sugerem que há pouca ou nenhuma sustentação para a teoria de que o uso de tela digital, por si só, é ruim para o bem-estar psicológico das crianças pequenas”, comenta o líder da equipe no levantamento, o Dr. Andrew Pryzbylski.
Solução pode ser “tempo de tela compartilhado”
O mesmo levantamento até mesmo diz que é recomendável que os adolescentes tenham limite moderado de gadgets, já que isso pode contribuir para seu bem-estar. Outra pesquisa, conduzida pela companhia de brinquedos Melissa and Doug e pela firma Gallup, destaca que 62% dos pais de crianças de 2 a 10 anos acreditam que os filhos deveriam passar mais tempo em atividades externas.
Interessante é notar que os próprios adultos não têm tido tanto tempo “fora da tela” quanto eles mesmo gostariam para os mais jovens. Esse comportamento gera diferentes tipos de reflexões. Por exemplo, pais cujos filhos passam mais de 3 horas de “tempo de tela por dia” são mais propensos a se preocuparem com os níveis de estresse, o desempenho acadêmico e a capacidade de se dar bem com os outros, em comparação com os tutores de menores que gastam menos tempo dessa forma.
Como as interações, o software e o hardware mudam constantemente, é preciso sempre atualizar esses dados, já que não há uma receita ideal. Proibir algo difícil de manter distante dos jovens parece ser uma solução menos inteligente do que compartilhar o “tempo de tela” com eles.
“Nossas descobertas sugerem um contexto familiar mais amplo. Mais importante do que o ‘tempo de tela’ é saber como os pais estabelecem regras e se eles estão ativamente envolvidos na exploração do mundo digital juntos. O objetivo da pesquisa é se concentrar em como os pais ou cuidadores podem transformar o ‘tempo de tela’ em um ‘tempo social’, que pode afetar o bem-estar psicológico e a curiosidade da criança, assim como os vínculos com o cuidador envolvido.”
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