Nem todo mundo tem R$ 3 mil, R$ 4 mil para gastar em um smartphone. Ainda assim, todo geek de respeito quer um aparelho bom para o uso no dia a dia. Será que o Moto X4, recém-lançado pela Motorola, é um bom candidato para ocupar esse posto de aparelho honesto com bom custo-benefício? Continue lendo para descobrir!
- Proteção IP68
- Pegada bastante confortável
- Interface limpa do Android com bons recursos extras
- Boas fotos nas câmeras traseiras e na frontal
- Áudio com boa qualidade e posicionamento
- Design OK, mas antiquado
- Android ocupa metade dos 32 GB de espaço
- Lentidão no efeito desfoque da câmera
- Vídeos apenas OK em qualquer resolução
- Preço aceitável, mas que não elimina rivais
A linha X da Motorola está de volta! Para quem não se lembra, essa é a linha intermediária da empresa que andou sumida nos últimos anos. Ela fica abaixo da linha Z, mas acima da linha G – pelo menos na teoria. É que você vai ver que as diferenças entre as linhas estão cada vez menores, causando até certa confusão na cabeça do usuário.
Vamos falar mais sobre isso daqui a pouco. Mas enfim... a linha X está de volta e traz características interessantes para um intermediário, como câmera dupla, resistência a água e scanner de digitais – pelo menos no papel, né? Vamos testar tudo isso.
Design
Ao contrário dos Moto Xs anteriores, que tinham traseiras customizáveis e cores bastante gritantes, aqui o ar é sóbrio – muito parecido, aliás, com os Moto Z, só que sem possibilidade de usar os Snaps. O acabamento dele é basicamente em vidro, na frente e na traseira, e uma armação de metal nas laterais. Acabamento em vidro você já sabe: é sinônimo de marcas de dedo. As quinas são arredondadas, assim como a traseira, o que deixa a pegada bastante confortável.
O X4 não é um trambolhão: dá para usar com apenas uma mão, sem problemas. Na traseira, a câmera é protuberante, assim como em outros aparelhos da Motorola. Na parte da frente, temos o leitor de digitais tradicional da fabricante. A tela tem bordas em todos os lados, o que, no mundo atual com smartphones quase sem borda, deixa-o com uma cara de aparelho da geração anterior, sabe? Mas isso é questão de gosto.
Para mim ele não é feio, só não tem aparência de um smartphone de 2017, aqueles que você vai colocar em cima da mesa, e os amigos menos geeks vão crescer o olho e perguntar que modelo é. Os botões de liga/desliga e volume estão na lateral direita, e a caixa de som única está na parte superior do aparelho. Embaixo, temos USB-C e entrada para fone de ouvido convencional, de 3,5 mm — uma vantagem em relação à série Z, que precisa de um adaptador.
Ele tem ainda proteção IP68, o que é ótimo para um smartphone dessa faixa de preços. Então você já sabe: dá para molhar moderadamente, sem botar em risco a vida do telefone. No Brasil, ele será vendido em duas cores: preto e cinza.
Display
Temos aqui uma tela de 5,2 polegadas Full HD. E, enquanto a maioria dos aparelhos já trazem tecnologias melhores, é meio frustrante ver o X4 apenas com uma tela IPS. O resultado é um preto que não é exatamente preto. Mas justiça seja feita: as cores são OK para um LCD, ele tem bons ângulos de visão, e usá-lo no sol também não foi um drama.
O aparelho vem com a função Moto Display, que liga apenas uma parte da tela para mostrar hora, data, carga da bateria e ícones de notificação. No caso do X4, basta ativar algum sensor: passar a mão na frente da tela, levantar o aparelho... E aqui mesmo você consegue interagir com as notificações. É possível responder a mensagens de texto, ver o email recém-recebido, pausar música, tudo sem ter que desbloquear o smartphone.
Desempenho
Por baixo do capô, temos configurações modestas: é um processador Qualcomm Snapdragon 630 e 3 GB de RAM. Um ponto negativo nesse aparelho é a memória interna: apenas 32 GB, sendo que só o Android já ocupa metade disso. Ok, dá para aumentar com um cartão micro SD, mas fica aqui o aviso: não vai dar para guardar muita coisa na memória interna dele.
Como um intermediário, é claro que ele não tem a mesma rapidez dos top de linha. Em alguns momentos, dá para sentir umas lentidões. Por exemplo, se você quiser tirar uma foto super-rápida, pode passar um pouco de raiva. Jogos mais pesados também vão dar uma engasgada. De resto, ele funciona bem e executa o básico sem problemas: assistir a vídeos, navegar na internet, enviar mensagens... tudo OK.
O hardware não tão potente acaba sendo mais bem aproveitado pelo fato de a interface ser superlimpa, sem muitas alterações no Android 7.1.1. Alguns incrementos legais no software são os gestos. Com um simples deslize no leitor de digitais para cima, você abre a gaveta de aplicativos. Deslize para a direita, e você verá os apps usados recentemente. Para a esquerda, você volta um passo.
As caixas de som também são OK, com qualidade de áudio boa mesmo no volume máximo. E a posição da caixa, no topo, é bem melhor que na parte de baixo. Você não vai tampá-la com a mão ao carregar o smartphone.
Benchmarks
Para ver como o Moto X4 se sai em comparação com seus principais concorrentes, o aparelho foi submetido a três aplicativos de benchmark. Os testes utilizados foram o 3DMark (Ice Storm Unlimited), o AnTuTu Benchmark 6 e o Vellamo Mobile Benchmark (HTML5 e Metal).
O 3D Mark oferece uma série de testes para benchmark de smartphones. Entre eles, o Ice Storm Unlimited permite comparar diretamente entre processadores e GPUs. A resolução do display é um fator que pode afetar o resultado final. Quanto maior a pontuação, melhor o desempenho.
O app AnTuTu 6 permite testar interface, CPU, GPU e memória RAM dos dispositivos. Os resultados são fornecidos individualmente e somados para gerar uma pontuação total. E aqui também vale a máxima para os pontos: quanto mais, melhor.
O Vellamo Mobile Benchmark aplica dois testes aos smartphones, avaliando o desempenho do celular durante o acesso de conteúdo na internet por meio de navegadores no primeiro e a performance do processador no segundo. Novamente, números maiores indicam resultados melhores.
Câmera
Temos aqui uma câmera dupla na traseira: um sensor de 12 MP com teleobjetiva e outro de 8 MP grande angular. E ela ainda pode gravar vídeos em 4K. As fotos foram bem interessantes em condições normais, principalmente se compararmos com outros smartphones intermediários, e mesmo em ambientes mais escuros ele não faz feio. A lente grande angular deforma um pouco nas extremidades.
O efeito de lente dupla é legal para se ter em um smartphone dessa faixa de preço. Você pode desfocar o fundo e destacar o objeto em primeiro plano. Mas, para fazer isso, o telefone sofreu um pouquinho ao processar as informações vindas das duas câmeras ao mesmo tempo, viu. Não queira tirar uma sequência rápida de fotos com profundidade, pois não vai rolar.
A gravação de vídeo não é fenomenal: nem em HD a 30 frames por segundo, nem a 60 fps, e muito menos em 4K. Quebra bem o galho, dá para registrar seus momentos, mas a qualidade é apenas média. Uma coisa legal aqui é que dá para ir tirando fotos mesmo enquanto o vídeo está sendo gravado. É só clicar no botão quantas vezes quiser.
A câmera frontal de 16 MP com flash LED também é boa e existe a função de panorama para fazer caber mais pessoas na sua selfie. Só que as pessoas não podem se mexer enquanto você está fazendo o movimento da câmera, senão vai ter braço cortado, rosto torto e todo tipo de aberração na junção das imagens.
Bateria
O Moto X4 traz uma bateria de 3000 mAh. É um tanque considerável para um intermediário. O problema é que o processador acaba rodando no máximo para realizar as tarefas, já que não é dos mais potentes, e isso acaba drenando a bateria mais rapidamente.
Se você não é do tipo que passa o dia inteiro com o smartphone com a tela ligada, este é um conjunto suficiente para levar o aparelho com vida até o fim do dia. O carregamento também é bem rápido com o Turbo Power, especialmente para a primeira metade. Em 15 minutos, você tem 25%. Depois de 30 minutos, tem mais de 50%.
Em 15 minutos de recarga, você tem 25% da bateria. Depois de 30 minutos, tem mais de 50%
Vale a pena?
Estamos falando de um aparelho que custa R$ 1.699 na tabela. Sem dúvidas, é um bom custo-benefício. O problema é que esse segmento anda bastante concorrido, até mesmo por smartphones da própria Motorola. Pense aqui comigo: o Moto G5S Plus custa R$ 1.499, e o Moto Z2 Play R$ 1.999 – todos lançados em 2017.
Se for comparar com o G5S Plus, você fica sem a TV digital, mas ganha melhor processador e câmera. Em relação ao Z2 Play, o X4 tem menos RAM (cai de 4 GB para 3 GB), menos armazenamento (cai de 64 GB para 32 GB) e não tem suporte aos Snaps. Mas o processador do X4 é melhor que o do Z2 Play, assim como a câmera frontal. Difícil entender o posicionamento da Motorola aqui. Mais difícil ainda é escolher qual aparelho levar para casa, sendo que há pouca diferença entre eles.
Quando a linha X chegou, ela revolucionou o mercado porque trouxe aparelhos realmente bons a preços OK. Mas o Moto X4 parece que é só um aparelho que veio sem um propósito bem definido. Não me entenda mal: ele é OK, cumpre bem as funções, tem um preço OK e não parece um aparelho barato. Mas faltou um tempero, faltou algo que o diferenciasse. Ele convence muito mais no papel e nas especificações do que na entrega de fato. Mesmo o Moto G5S Plus, que é mais barato, entrega um resultado muito parecido. Essa é a minha opinião, mas você pode deixar a sua aqui embaixo.
Com colaboração de Leonardo Rocha.
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Opções de compra
- Moto X4: https://bit.ly/2wqD8Ru
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