Philippe Starck, designer e arquiteto renomado que trabalhou com a Xiaomi em dois de seus mais ambiciosos projetos de mobilidade, o Mi Mix e o Mi Mix 2, conversou com jornalistas em Pequim, na China, nesta semana depois do lançamento comercial de seu novo smartphone da marca com bordas mínimas. Ele deu sua opinião sobre esse tipo de aparelho.
“Todo mundo em volta da nossa mesa aqui sabe que o objetivo maior é um telefone sem bordas em volta da tela. Não há questionamento”, afirmou Starck. Ele explica sua visão sobre a indústria comentando que toda produção humana tem como objetivo simplificar mais e mais o produto, até que sobre apenas a funcionalidade. Isso se chamaria “desmaterialização”.
É por isso que estamos diante da desmaterialização do telefone. Isso significa que vamos diretamente para o biônico
“É por isso que estamos diante da desmaterialização do telefone. Isso significa que vamos diretamente para o biônico. Um serviço biônico é aquele — telefone, computador, qualquer coisa — que vai dentro do seu corpo. Nesse caso, não há mais design. O designer vira então seu treinador, seu nutricionista, mas o design em si não existiria mais. Para toda produção inteligente da humanidade, o designer vai estar morto muito, muito rápido”, explicou Starck.
Ele também comentou que, atualmente, o trabalho do designer honesto é continuar a fazer menos até que isso não seja mais possível. Em outras palavras, toda tecnologia humana tende a ir desaparecendo da nossa vista aos poucos e se embutindo nos elementos naturais do dia a dia.
Certo ou errado?
Questionado se este caminho da desmaterialização seria o “caminho certo”, ele disparou: “Não temos escolha”, enquanto ria com os jornalistas. “Ninguém propôs isso, é simplesmente a coisa certa a ser feita. Você não precisa falar sobre evidências disso, não é preciso nem mesmo propor evidências”, completou.
Mas caso você não esteja convencido de que esse será o caminho da indústria mobile, dê uma olhada para trás. No início, o celular era gigante e foi diminuindo. Eventualmente, ele ganhou mais funcionalidades e se transformou em um computador de bolso no qual tudo acontece na tela. No fim das contas, tudo o que precisamos em um smartphone é a tela. O resto pode ser escondido e disfarçado. Só importa o que o aparelho faz, a sua inteligência, por assim dizer. Por isso, o material tende a desaparecer, sobrando apenas o funcional.
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