Segunda feira, três horas da tarde, dia normal de trabalho no Baixaki com a análise de programas. Eis que o gerente de conteúdo, Gustavo Bonato Abrão, chega entusiástico até minha mesa (isso sempre acontece quando há algum “brinquedo” novo no escritório), mostrando um belo e pequeno Netbook (ainda na caixa), o HP Mini 2133, com peso próximo a 1 Kg e poucos centímetros de espessura.
A empolgação dele logo passou para mim, ao ter contato com o equipamento. Aproveitando o bom momento, ele logo disparou “É você quem vai analisar o Netbook!”.
Até aí tudo bem, o problema é que o teste não seria realizado por métodos convencionais, mas sim por meio de um desafio: uma semana sem computador (Desktop), apenas o HP Mini poderia ser utilizado para que eu trabalhasse e analisasse os programas que vão para o site (salvo algumas raras exceções, que exigem a máquina especial para jogos).
Tarefa para um louco, masoquista ou entusiasta? Poderia o 2133 substituir meu computador normal? Não sabia, mas aceitei imediatamente a oferta e parti em busca da resposta. Abaixo você confere o relato de como foi esta experiência, as descobertas e as frustrações, confira!
1º Contato
Tirando do pacote
O equipamento chegou em uma caixa simples, contendo apenas os cabos de alimentação, a bateria (de três células) e os folhetos e manuais (espere um pacote mais completo com a compra de um produto final). O manual mostra apenas os passos básicos para conectá-lo e para iniciar o Windows, mais informações devem ser obtidas pela tela de ajuste e suporte posteriormente (ponto ecológico para a HP pela economia de papel?).
Depois de colocar a bateria e carregá-la devidamente, iniciei o PC, para ter a surpresa de uma tela de configuração e instalação do Windows Vista. Todo o procedimento levou em torno de 30 minutos, resultando em uma instalação do pacote Business, já com Office (sem serial) e o aplicativo da câmera embutidos, sem falar em um belo papel de parede da HP, mas nada de suporte para o Aero Glass.
Importante mencionar também que tudo foi feito direto a partir dos arquivos que estavam no disco rígido, uma vez que o 2133 não possui drive de DVD.
Colocando a “mão na massa”, a primeira coisa que você perceberá é o quão bem construído é o computador. Por fora de alumínio escovado com um acabamento impecável. No interior, teclas que acompanham a cor do restante, em tamanho quase igual ao dos teclados padrão (pode acreditar!) e com teclas extremamente leves, côncavas. Fica difícil errar na digitação.
Mais abaixo está o Touchpad, espremido por falta de espaço adicional. Seu formato acompanha o da tela, ou seja, é um retângulo. Para a navegação horizontal ele é ótimo, mas falta área para trabalhar com movimentos verticais. Outra surpresa que você terá é que os botões ficam ao lado – e não sob – do pad. Uma solução inteligente para a falta de espaço, e que não é de todo desconfortável.
Um choque tremendo
Com tudo instalado e pronto para uso, é hora de navegar! A rede sem fio foi detectada automaticamente e o Internet Explorer abriu em instantes. Eu, acostumado com um monitor de 19 polegadas, levei um susto com o tamanho das letras e das páginas. Não tive dificuldades para ler em momento algum, mas passei por um período rápido de adaptação.
As páginas se abriram normalmente, com uma boa velocidade. Trocar de abas também foi tarefa fácil, apesar do conteúdo AOL – que também vem instalado - saltar a todo instante (na forma de barras e de página inicial do navegador). Mas, como todo bom “viciado” em Internet, parti direto para o site do Baixaki para fazer o download do Firefox. Nada contra o IE, apenas acho a solução Mozilla mais atraente e flexível.
Rodei o executável e acompanhei o processo, algo que não demorou quase nada. Mesmo com a agilidade, os programas em plano de fundo começaram a dar os sinais da falta de potência do processador C7-M VIA. Janelas ficaram mais “sonolentas” e os menus começaram a ter um atraso na resposta.
Incomodado com isso, decidi ver o que o HP é capaz de fazer em termos de utilização cotidiana, abrindo múltiplos programas simultaneamente. Quando digo múltiplos, me refiro a MUITOS!
Artilharia pesada (para um Netbook)
A brincadeira começou com o índice de experiência do Windows Vista (aquela nota que é mostrada na tela de propriedades da máquina). Com o cálculo sendo realizado, decidi abrir duas páginas no Firefox, três documentos de texto (um no Word), duas pastas de rede, o sistema de ajuda, o programa de captura de imagens, a atualização do Windows, a galeria de imagens, o Movie Maker e, para completar o pacote, o Windows Media Player.
O problema é que foi a primeira vez em que o Player foi aberto, sendo necessária a configuração (escolhi a opção expressa assim que possível). Depois disso, ele ainda teve que verificar um pendrive e toda a memória do computador em busca de músicas.
Se o resultado não foi ótimo com apenas a instalação do Firefox e mais algumas páginas, com tudo isso rodando junto o Mini beirou uma catástrofe. Janelas congelaram por segundos, o ponteiro do Mouse sumiu, o programa de captura parou pela metade e o Media Player demorou mais de dez segundos, quando minimizado, para perguntar se queríamos ativado o modo de barra.
Mas a boa notícia é que ele sobreviveu ao teste de fogo! Não travou, cumpriu com todas as suas tarefas e retornou à normalidade, mostrando um mísero índice 2,0 de desempenho. Como suspeitávamos, por culpa do processador. Depois dele, o único fator que fica abaixo do desempenho 3,0 é o processamento gráfico.
E falando em fogo, apoiado sobre a mesa, o equipamento gerou uma grande quantidade de calor. Não o bastante para queimar a pele, mas sim para tornar seu uso desconfortável sobre o colo, ainda mais por períodos extensos. A ventoinha lateral permaneceu desobstruída o tempo inteiro, trabalhando bastante e emitindo uma quantia levemente perceptível de ruído.
Depois de tudo isso, fui imediatamente realizar alguns ajustes rápidos (que descrevi neste artigo) para tornar o sistema operacional da Microsoft um pouco mais piedoso e maleável com o pobre processador.
Fim de tarde – e de expediente
Seis horas em ponto no relógio, decidi relaxar o corpo por uns instantes (isso é indispensável para a saúde de quem trabalha sentado o dia todo) e deixar que o Windows processasse suas atualizações, já que elas estavam pulando na barra, prontas para serem instaladas.
Minutos depois, retornei e me deparei com a instalação de 34 delas, já no sétimo item. Passada mais uma hora e meia, este mesmo item continuava sendo instalado, foi o momento em que desliguei o computador de modo forçado (não havia outra alternativa, tinha que ir embora) e preferi deixar para fazer tudo com calma quando tivesse a oportunidade.
2ª Dia
Um senhor teclado
Em mais um dia, continuando minha missão, liguei apenas o NetBook sobre minha mesa, mas acompanhado de um bom Mouse USB para não perder mais tempo (acredite, os TouchPads quebram galho, mas não substituem o tradicional, nem de perto). Depois de realizar a reparação (devido ao desligamento forçado de ontem), reiniciou-se o procedimento de atualização. Ao invés de 34, havia 54 itens.
Após cerca de quarenta minutos de espera, tudo ficou pronto (vai entender o que se passa no sistema), então foi hora de cair na redação. Em momento algum tive dificuldades em acertar as letras (dado o tamanho do teclado e o fato de ele já ser adaptado ao padrão ABNT-2), nem mesmo precisei mudar a postura das mãos para me adaptar.
As principais diferenças residem nas setas direcionais, que ficaram pequenas e desconfortáveis, e na barra de espaço. Ela sofreu com um encolhimento involuntário para que as suas vizinhas pudessem se acomodar decentemente. Novamente, em instantes, estava adaptado.
A situação parece mais crítica
Meu dia ia muito bem, mas como para todo profissional que trabalha na redação do Baixaki, é obrigatória a instalação de um antivírus (sim, nós testamos os programas que vão para o ar!). Optei pela versão Trial do Kaspersky Antivirus. Depois de instalá-lo e de reiniciar a máquina, a sombra de bom desempenho simplesmente desapareceu.
Janelas voltaram ao estado sonolento (mostrando primeiro a barra de título, depois o conteúdo central), programas como o Word levaram bem mais tempo para abrir e, na internet, o conteúdo demorou mais para reagir. Aplicativos em Flash? Esqueça, tudo virou uma “Sessão Travada”.
Foi aí que percebi que teria que economizar mesmo os recursos da máquina. Apenas alguns programas rodando juntos e o mínimo de aberturas de janelas possível. Esta foi uma grande decepção com o equipamento, já que – tirando o processador e o chipset gráfico – tudo é projetado para um desempenho confortável.
Para piorar tudo, o sistema congelou de modo aleatório duas vezes (quando nenhum programa era utilizado). Acho que era hora de deixá-lo em paz até o próximo dia.
3º Dia
Uma fonte de energia
Tarde tranquila com programas leves, alguns até mesmo para medir desempenhos de Notebooks, uma combinação perfeita. Terminadas as minhas tarefas “normais”, procurei dar continuidade aos testes no “pequeno”, mas tinha que ser com algo novo, que não tivesse sido analisado. Então, que viesse bateria.
Ela já havia passado muito tempo sendo alimentada de modo contínuo, era hora de ver o quanto ela agüentava. Desligado o cabo de força, o 2133 altera o plano de energia automaticamente para o “HP Optimized”. A única modificação que fiz foi elevar o nível de brilho para o máximo. Passei então a apenas navegar na internet (em sites de texto, por meio de Wi-Fi) e a escrever no Microsoft Word.
Mesmo com o recurso de conexão ativado, com o brilho alto e com o uso constante, foi possível ficar por uma hora e meia com ele. Marca surpreendente, considerando que temos em mãos uma bateria de três células e que muitos outros notebooks do mercado a atingem como limite em configurações equilibradas, quase sem uso.
4º Dia
Período de readaptação
Como ontem fiquei encarregado de um tutorial de imagens no GIMP e de um texto a respeito de dicas com a câmera do celular, excepcionalmente voltei a trabalhar no computador normal (o Desktop), justamente para ter uma noção mais exata a respeito da qualidade dos efeitos aplicados (nesta tela tão pequenina fica difícil).
Ao retornar ao Mini hoje, tive a mesma sensação do primeiro dia, de desconforto visual, mas que logo passou. O grande problema foi a demora na inicialização. O Netbook travou em uma tela preta – após longas passadas de barra de carregamento do Vista – sem motivo aparente. Após cerca de três minutos, o culpado apareceu: era novamente a atualização do Windows entrando em ação.
Onde estão minhas portas?!
Superados estes contratempos, decidi ligar novamente meu mouse USB e meu MP3 Player, para curtir um som enquanto revia minhas tarefas. Uma delas envolvia um jogo já baixado na outra máquina, foi então que saquei um pendrive, copiei o arquivo e fui direto ao Mini para instalá-lo.
Só um problema: havia duas entradas USB, já tomadas. Tirava o mouse ou o MP3? Tanto fazia, mas ambas as alternativas representam um incômodo real e uma pequena perda de tempo.
Não quero, de forma alguma, dizer que a falta de portas é um problema no 2133. Quero apenas ressaltar as dificuldades de se trabalhar em um deles como alternativa aos grandes dinossauros que ficam sobre nossos móveis, ocupando enormidades de espaço.
5º Dia
Desista dos jogos, eles fazem mal a você
Ao que parecia, o dia não acabaria bem. Uma breve espiada na lista de tarefas para a tarde me revelou três jogos e, lembrando do péssimo desempenho que tive ao brincar com um jogo em Flash no início dos testes, tinha receio de que o caso apenas se agravasse, pois os aplicativos exigiam mais requisitos de sistema.
Decidi testá-los do mais pesado para o mais fraco, excluindo o Patch de Call of Duty: World at War da lista, uma vez que ele requer tanto o jogo completo instalado (não disponível no momento) quanto uma placa de vídeo bem mais avançada do que a pobre companheira presente na máquina.
Parti então para o Underground Fighting Demo, mais uma vez para ter decepção. Além de ter que corrigir toda a inicialização do game para compatibilidade com o Vista, vi já os vídeos de introdução passando bem lentamente, muito tempo depois do comando de abrir o programa. Ao tentar entrar na luta, uma mensagem de erro.
Então, já que jogos tridimensionais não rolam, vamos para Priority: Survive, um RTS gratuito que se parece muito com Command and Conquer. Acredite, o jogo demorou um bocado para carregar e apresentou algumas travadas leves durante as brigas, mas rodou. Pena que você fica limitado aos games bem simples, como este.
Ainda perplexo pelas travadas em páginas com Flash, tentei testar novamente o equipamento. Reiniciei-o, eliminei todos os programas supérfluos e abri o jogo mais simples que encontrei (Don’t Look Back), sem sucesso, pois o desempenho caía de tempos em tempos.
6º Dia
Botando pra quebrar – HP mini “contra a rapa”!
Um dia sem reuniões e sem entrevistas significa um dia livre no confessionário (a modesta sala da tranqüilidade, isolada do restante do escritório). Por este motivo, peguei o 2133 e mais alguns outros laptops de tamanho normal (de 12 a 14 polegadas), junto a algumas caixas de som de baixa qualidade, para descobrir se era possível apreciar um bom som ambiente com ele.
Local fechado, silêncio total e volume a 50%, ao som de Kanye West e Estelle (American Boy foi a faixa escolhida). A impressão é a de que se está lidando com mais de duas caixas acústicas, pois o som é levemente projetado para as laterais, criando a impressão de palco. Excelente primeiro teste. Só por isso, o Mini da HP já começou a deixar os demais para trás.
É claro que, dado o tamanho dos alto-falantes, é impossível obter um nível considerável de graves, entretanto, os médios e agudos foram soberbos, em especial no que diz respeito à clareza dos trechos com vocal. É um som de encher os ouvidos, e não um “tapa-buracos”.
Rock muito pesado
Próxima onda de testes. Som a 75% e Whitesnake fluindo pelos ares, em todos os dispositivos alvos de testes. Nos outros Notebooks (de 12 e 14 polegadas) e nas caixas de som de baixa qualidade, o vocal e principalmente a bateria mostraram graves sinais de distorção pela falta de potência. O som estava opaco, até mesmo irritante.
O HP mini novamente surpreendeu, mantendo todas as características sonoras descritas acima na íntegra. Realmente espantoso. Decidi então subir levemente o volume, para 82% na bandeja de sistema.
A este ponto todos os concorrentes já haviam sucumbido, portanto o HP poderia ser declarado como supremo vencedor, mas não era o bastante para quem estava maravilhado. Era hora de Rage Against The Machine, com som pesado e distorcido de guitarras e Wah-Wah.
Poder máximo
Já que é pra ver até onde as coisas vão, porque não termos também um pouco de diversão? Com a ajuda de dois colegas, sincronizei os laptops para tocarem ao mesmo tempo a música “Renegades of Funk”, em volume máximo. Parecia um ninho de abelhas, com distorções e grunhidos para todos os lados. A pobre música foi destruída.
Na vez do 2133, as coisas foram muito diferentes. Raras vezes era possível detectar um chiado excessivo. Para a maior parte do tempo, a música permaneceu ótima, com um som que podia ser ouvido mesmo através de portas fechadas (acho que o povo do escritório não gostou muito).
7º Dia
Uma despedida carinhosa ou frustrante?
Reclamei e me irritei um bocado nos últimos dias, já que decidi utilizar o HP para tarefas que sabia que ele não seria capaz de cumprir (estupidez minha, mas a esperança é a última que morre), mas olhando para trás – e ignorando o baixo desempenho de processamento com os jogos – vejo muitos pontos positivos da minha experiência com o 2133.
Em primeiro lugar, ele foi o primeiro dos ultraportáteis do mercado com o qual me adaptei para a digitação, sem fazer força, pois seu teclado é impecável em muitos aspectos. Também é bom ver que as coisas podem se tornar menores, retendo muitas das vantagens de estações completas, como som de qualidade, tela com brilho e conexão sem fio.
Com o uso, você passa a economizar nos cliques para tentar salvar tempo, quer otimizar a ordem das suas tarefas, evita trabalhar com muitas janelas e aprende o que organização. Tudo isso sem contar, é claro, a navegação pelos atalhos do teclado e do menu iniciar. Acredite, você pode não decorá-los imediatamente, mas com uma tarde de treino eles salvarão segundos preciosos.
Palavra de quem testou
Depois de todos estes dias, minha certeza foi uma só: o 2133 faz um excelente trabalho para o que é proposto (portabilidade, acesso rápido e conforto de digitação, uma máquina para executivos e estudantes), mas não é o que você procura para substituir seu Desktop. O tamanho da tela e o baixo desempenho de processamento são os fatores que mais pesam para esta conclusão. Depois de alguns dias seguidos, apenas com ele, meus olhos começaram a apresentar certa rejeição ao esforço necessário para a leitura.
Ter um desses na mochila para levar até a sala de aula é muito gostoso, mas no momento em que você decidir curtir suas músicas favoritas enquanto navega por uma página em flash (com outras duas abas abertas) e revisa os dados do seu trabalho - carregado de imagens - as coisas ficarão “feias”.
E aí, gostou deste super portátil? Então retorne em breve para conferir a nossa análise na íntegra, com todos os dados técnicos, resultados de testes e avaliação final! Até logo, e obrigado por acompanhar esta aventura.