Bem-vindo às 12 Colônias, planetas muito semelhantes a Terra e povoados por humanos como os que você conhece. Essa semelhança vai além da espécie dominante e de formações geológicas, entretanto. Nossa tecnologia – em muitos casos – também é bastante parecida com a terráquea. Mas já entraremos nesse assunto.
Por enquanto, é importante perceber que cada um dos planetas que compõem as 12 Colônias é culturalmente bastante diferente dos outros, ainda que alguns traços essenciais – religião, tecnologia e esportes, por exemplo –sejam comuns a todos.
Todos os planetas têm nomes que provavelmente você reconhecerá – com maior ou menor facilidade -, já que foram batizados a partir de constelações: Aerilon (Áries), Tauron (Touro), Geminon (Gêmeos), Canceron (Câncer), Leonis (Leão), Virgon (Virgem), Libran (Libra), Scorpia (Escorpião), Sagittaron (Sagitário), Caprica (Capricórnio), Aquarion (Aquário) e Picon (Peixes).
Fonte: Wikipedia
Cada um desses planetas é mantido por uma das tribos de Kobol, o planeta onde a raça humana surgiu pela primeira vez, e de onde se espalhou pelo universo. A Terra é – para nós coloniais – a 13ª tribo, perdida há muito tempo e finalmente encontrada.
Aqui em Caprica City – capital da colônia de mesmo nome – você encontrará pessoas de todas as origens, desde o mais religioso Gemenoniano até os mafiosos Ha’la’Tha de Tauron. Provavelmente a cidade é a única em todo o universo conhecido que abriga os descendentes de todas as tribos de Kobol. Essa variedade se deve a um motivo muito simples: tudo acontece em Caprica.
fonte: DrexFiles
Desde os C-Bucs – como é conhecido o time local de Pirâmide, esporte favorito dos coloniais - até as Indústrias Graystone, Caprica City é o coração e o cérebro das 12 Colônias. Nestes prédios logo em frente – os laboratórios da Graystone – são criadas e mantidas muitas das tecnologias que você veio conhecer.
Tecnologia móvel
Nossa primeira parada é a área de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia móvel da Graystone. Caso vocês realmente acreditem que seus smartphones são impressionantes, o que acham dessa folha de papel?
Além do formato tradicionalmente usado nas 12 Colônias – ao invés do retângulo a que vocês estão acostumados – essas folhas são dispositivos realmente fantásticos. Sensíveis ao toque, o display é completamente flexível e a comunicação online é ininterrupta.
Para manter o consumo de energia em níveis aceitáveis, a tecnologia da tela é semelhante ao e-ink que vocês usam em leitores digitais. Porém, além de poderem ser dobradas, nossas folhas digitais também são coloridas e capazes de exibir vídeos. Nada mal para um pedaço de papel, não acham?
Realidade virtual
Pelo que eu entendi, a Terra deixou de lado o conceito de realidade virtual e decidiu buscar a realidade aumentada, não é isso? Mas vocês têm equipamentos capazes de simulação ambiental, mesmo que um pouco ultrapassados, eu sei. Então comparem aqueles enormes e desconfortáveis capacetes com esse aparelhinho: a holoband.
Fonte: SyFy
O design da holoband é fruto da imaginação do Dr. Graystone, assim como a sua programação. Com esse dispositivo, qualquer pessoa pode entrar em um mundo virtual. Um avatar baseado na identidade do usuário é criado automaticamente, e cada indivíduo é recebido pessoalmente pelo avatar de Daniel Graystone.
Ao contrário do que vocês fizeram – tentando gerar estímulos sensoriais análogos aos existentes no meio – o Dr Graystone descobriu uma maneira de “hipnotizar” o usuário, enviando estímulos elétricos e luminosos para determinadas regiões do cérebro.
Dependendo da vontade do programador responsável por determinado ambiente dentro do mundo virtual – ou V-World como é chamado aqui -, você encontrará um lugar exatamente igual à realidade, ou possibilidades de variantes sem fim.
Eu nem devia contar isso, mas já existem casos de pessoas que hackearam uma holoband e criaram um V-World paralelo, sem muitas das seguranças oferecidas pela Graystone. Aparentemente, existe até uma New Caprica City neste V-World ilegal, e dizem que alguns jogos lá podem ser fatais.
Fonte: SyFy
Mas isso é algo que não temos como confirmar, já que se realmente conseguiram alterar a programação da holoband, esses dispositivos estão fora da rede Graystone e não podem influenciar o V-World como ele foi imaginado pelo fundador da empresa.
O nosso sistema, inclusive, pode ser comparado – com ressalvas a respeito da tecnologia utilizada – a um jogo que vocês terráqueos inventaram. Se não me engano, o nome do ambiente é Second Life, não é isso?
Fonte: SyFy
Então, o nosso V-World segue o mesmo conceito geral, porém, em vez de controlar um personagem através do computador, a holoband cria um avatar baseado em você para uso no ambiente virtual.
Computadores coloniais
Provavelmente você imagina que todos os computadores usados aqui nas 12 Colônias sejam peças absurdamente diferentes daquelas a que você está acostumado, não é mesmo?
Fonte: SyFy
Apesar de realmente existirem dispositivos que a tecnologia terráquea ainda não conseguiu desenvolver, não é incomum encontrar um desktop com monitor, teclado e outros periféricos do tipo. Naturalmente que alguns mais afortunados já utilizam interfaces mais refinadas, mas as configurações que você conhece de sua casa também são úteis e econômicas em Caprica City.
Ao mesmo tempo, alguns desenvolvimentos que vocês começam a obter já são realidade nas colônias. Por exemplo, eu fiquei sabendo que um computador inteiramente controlado pelo toque – Surface, se não me engano – está há algum tempo no mercado, mas não é muito bem aceito.
Bem, por aqui o próprio Dr. Graystone desenvolveu e usa essa interface. Desculpem não poder mostrar mais sobre isso, mas como esse equipamento é utilizado no laboratório particular do dono da empresa, o acesso a visitantes é um pouco restrito.
Novos processadores
Todo computador tem uma central de processamento, chamada normalmente de CPU. Isso é verdade tanto aqui nas 12 Colônias quanto na Terra. Porém a nossa tecnologia está caminhando para um enorme passo além das CPUs como as conhecemos.
O MCP – “Metacognitive Processor”, ou processador metacognitivo – é um novo paradigma na maneira com que computadores processam informação. Ao invés de simplesmente definir o destino de pacotes de dados, o MCP utiliza processos de aprendizado – por isso é cognitivo – e interpreta como os novos dados chegaram onde estão.
Em teoria, um MCP calibrado e com o software apropriado é capaz de reconhecer novas informações, descobrir como e por que esses dados foram adicionados ao sistema, e extrapolar isso em busca de ainda mais informação. Em suma, o MCP – quando programado corretamente – pode ser considerado uma unidade de inteligência artificial verdadeira.
U-87
Este protótipo é o que há de mais moderno e interessante em termos de tecnologia em qualquer uma das 12 Colônias. Mais uma das invenções do Dr. Graystone, a unidade Cylon – abreviação de “Cybernetic Lifeform Node”, Nó Cibernético em Forma de Vida – é a esperança maior para a defesa de Caprica.
Fonte: SyFy
Eu acredito que não haja nada semelhante na Terra, apesar das iniciativas de produção de exoesqueletos militares terem propósitos semelhantes. Quem sabe uma parceria entre as colônias e nosso parentes distantes do sistema solar não possa facilitar esse desenvolvimento?
Ainda que vivamos em tempos de paz, o Ministério da Defesa de Caprica encomendou um substituto para as tropas humanas utilizadas pelo exército, e as Indústrias Graystone chegaram ao U-87 tentando atender a essa encomenda.
Fonte: SyFy
Além do corpo robótico extremamente poderoso e resistente, o Cylon é gerenciado por um MCP, dotando-o de inteligência suficiente para desempenhar qualquer atividade na frente de batalha com tanta – ou mais – eficiência do que um humano. O lado positivo é que vidas não mais serão perdidas em combate.
O Cylon ainda não está pronto, faltam ainda vários testes e o processo de afinar todos os componentes do corpo cibernético ainda deve levar alguns meses até ser completado. Ainda assim, em exibições particulares, o U-87 se mostrou mais capaz do que era esperado, e os planos para produção em massa devem der terminados em breve.
Fim da visita
Agora que vocês já conheceram um pouco mais da tecnologia desenvolvida nas 12 Colônias, e até mesmo compararam o que temos disponível em nossos planetas com aquilo que já existe em suas casas, podemos dar adeus às Indústrias Graystone.
O Dr. Daniel Graystone pede desculpas por não recebê-los pessoalmente nesse passeio. Sua ausência é devida aos trágicos eventos que aconteceram recentemente – como o falecimento de Zoe, filha do fundador da empresa, em um ataque terrorista – e uma série de pequenos problemas com a população de Tauron residente aqui em Caprica, felizmente já resolvidos.
De qualquer maneira, o fundador me pediu-me para acompanhá-los e agradecer o interesse de cada um de vocês em nossos produtos. As portas das Indústrias Graystone estarão sempre abertas para todos vocês. Voltem sempre!
Este artigo é uma brincadeira do Baixaki, em parceria com o Minha Série, para mostrar um pouco da tecnologia utilizada em seriados de ficção científica e de que maneira as produções televisivas se apropriam – e expandem – produtos já existentes em peças de ultratecnologia.
Caprica, a série utilizada como pano de fundo para o texto, é uma produção exibida nos Estados Unidos pelo canal SyFy e ainda não exibida no Brasil. Sua história é baseada nos eventos descritos em Battlestar Galactica.
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