Ao que parece, depois de um hiato de vários milhares de anos, o Egito deve novamente construir uma pirâmide. Entretanto, em vez de ser construída rusticamente com pedras, a nova edificação deve representar um epítome arquitetônico moldado em vidro e concreto; e em vez de servir como tumba para um governante, a pirâmide egípcia do século 21 parece, antes, servir de símbolo em potencial para o controverso mercado imobiliário do país.
Intitulada Zayed Crystal Spark, a torre deve servir para abrigar nichos “administrativos, comerciais e de entretenimento”, conforme disse o ministro da Habitação do país, Moustafa Madbouly, em nota oficial — acrescentando que o plano deve ser mais bem delineado durante a conferência econômica que deve ocorrer ainda neste mês.
A edificação também deve ser a mais alta do país, com quase 70 metros de altura. Além disso, a estrutura ainda deve repousar sobre uma base igualmente respeitável, ostensivamente posicionada sobre mais de 8 milhões de metros quadrados.
Enquanto isso, na outra ponta do espectro...
A despeito do projeto megalômano da Zayed Crystal Spark, o Egito atravessa atualmente uma de suas piores crises imobiliárias. Conforme dados do Middle East Institute, 18% das famílias no país vivem em moradias de apenas um cômodo, havendo ainda uma falta de 3,5 milhões de unidades em todo o território nacional.
Já a Central Agency for Public Mobilization and Statistics afirmou ao site Al Monitor que há mais de 20 milhões de pessoas vivendo em moradias “informais”, nas quais frequentemente faltam eletricidade e água encanada.
Entretanto, o problema não parece ser a falta de imóveis, propriamente. Conforme apontou o Middle East Institute’s Maria Golia, há pelo menos 6 milhões de moradias vagas. O problemas é que essas unidades são caras demais para a maior parte da população. Antes de ser eleito, o atual presidente, Abdel-Fattah al-Sisi, prometeu um aporte de US$ 40 bilhões para a consturção de 1 milhão de unidades — projeto que ainda não saiu do papel.
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