Cocô: a história de um controverso emoji

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Imagem: Fast Company

Como todo usuário da internet, você já deve ter se deparado com alguns cocôs na sua navegação. Não estamos falando de fotos repugnantes ou algo parecido, mas sim de versões simpáticas de montinhos de fezes, que fazem sucesso em todo o planeta no formato de emojis — um tipo de caractere pictográfico que pode ser reconhecido pelas mais diversas plataformas operacionais.

Vale dizer que cada sistema possui seus próprios emojis, pois eles são bem diferentes de imagens comuns. Quando você envia uma dessas figuras para um amigo, o que o aparelho dele recebe é um código de identificação do emoji, não os dados próprios da imagem — é como se fosse uma sequência de dados que aciona os dados já existentes no aparelho, por isso o que é enviado por um Android pode chegar diferente no iPhone.

Mas apesar de muitos emojis serem conhecidos por todos, existe um que vem se destacando na história da tecnologia. Estamos falando do pequeno montinho de fezes: o famoso cocôzinho — que pode ser visto com moscas ou sorrindo, de acordo com a plataforma. O site Fast Company nos trouxe alguns dos motivos para que ele seja tão importante na história!

Difícil aceitação

A empresa responsável por levar os emojis ao mercado ocidental foi a Google. Isso porque quando o Gmail estava em período de crescimento, percebia-se uma certa resistência do mercado japonês em relação a ele. O motivo seria o fato de que as mensagens somente com textos parecem muito frias para eles e isso fez com que os engenheiros de software da empresa fossem atrás de soluções.

Foi assim que surgiu a ideia de levar os emojis para os serviços da Google. Pouco tempo depois eles foram para o Japão para decidir quais dos emojis seriam os primeiros a fazerem parte do Gmail, pois seriam necessários realizar alguns cortes. Nos Estados Unidos, muitos afirmavam que o emoji do cocô seria ofensivo e por isso ele passou muito perto de ser eliminado. Mas os engenheiros foram persistentes.

Segundo os próprios engenheiros, o motivo para isso era bem claro: “Você não pode simplesmente eliminar uma letra do alfabeto”, por isso “ou iam todos ou não ia nenhum”. E para o mercado japonês, a imagem do cocô fazia parte de qualquer sistema de emojis conhecido. Para provar isso e convencer os executivos da Google, eles mostraram que a utilização do símbolo era uma das mais frequentes. Em resumo, os emojis quase não vieram para o ocidente naquela época.

O design do cocô do Gmail

As três principais empresas de telecomunicações do Japão tinham seus próprios designs para o emoji, mas a Google ainda precisava criar o seu próprio para levá-lo ao Gmail. Como os próprios engenheiros de software contaram ao Fast Company, aquela seria a primeira vez que muitos dos americanos teriam contato com o emoji do cocô. Por isso o serviço ficou sob os cuidados de uma equipe bem especial: o time de criação dos Doodles da companhia.

Ryan Germick e Susie Sahim foram os designers escalados para o serviço. Eles criaram um sistema restrito para fazer com que existisse uma uniformidade entre todos os doodles que seriam utilizados, apresentando também bastante originalidade no material criado. Germick foi o criador do cocôzinho e afirma que quando terminou, não conseguia parar de rir. Ele diz também que considera as moscas ao redor do cocô um “toque pessoal”.

Quando o mundo ficou sabendo!

Foi em outubro de 2008 que os emojis fizeram a primeira aparição no Gmail. Cerca de um mês depois a Apple também decidiu utilizar o sistema, mas por um período era possível utilizar as imagens somente por meio de apps especiais. Somente em 2010 ocorreu a aprovação oficial dos emojis no consórcio Unicode — e isso significa que foi nesse momento que os emojis passaram a ser reconhecidos como linguagem.

Não demorou muito para que todos os principais sistemas operacionais, redes sociais e aplicativos passassem a reconhecer os emojis integralmente. Neste ano, 250 novos emojis foram adicionados aos padrões do Unicode e já foi informado que há muito mais por vir em 2015 — incluindo diferentes tons de pele para os personagens exibidos. E mesmo no meio de tantas opções, o cocô continua sendo um dos grandes destaques.

Vale dizer que o emoji do cocô que nós mais vemos não é o original do Gmail — rodeado por moscas voadoras. O que utilizamos no WhatsApp, por exemplo, é totalmente baseado no design japonês. E você vai entender qual é a origem da imagem logo em seguida!

A origem do cocô sorridente

Apesar de o primeiro contato dos ocidentais com o emoji do cocô ter sido com o montinho com moscas, o mais popular atualmente é o já mencionado “cocô sorridente”. Mas você consegue imaginar os motivos que levaram as companhias japonesas a criarem o personagem com o seu sorriso característico? A resposta está na inspiração dos designers de lá.

Na década de 1980, um desenho animado chamado Dr. Slump — do mesmo criador de Dragon Ball — fez muito sucesso no Japão. Na trama, o cocô não era algo a causar nojo nas pessoas, mas sim algo divertido e que podia ser usado em pegadinhas — por diversas vezes, a protagonista Arale era vista cutucando cocôs para se divertir ou apontando os montinhos na direção de outros.

Ou seja, o cocô não era algo nojento e nem algo para ser levado a sério. Apesar de a cultura ocidental utilizar o significado dele para fins pejorativos, no Japão isso não acontece nesse momento. A palavra “Unchi” (o nome do emoji em japonês) é utilizada apenas para “cocô legal, que surge de alimentações saudáveis e balanceadas, sendo limpo e sem cheiros fortes” — para saber sobre outros tipos de cocô do vocabulário japonês, clique aqui e se divirta.

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E foi dessa forma que os emoji de cocô saíram do Japão para conquistar o mundo, sendo muito mais utilizados do que qualquer emoticon do passado. Vale lembrar que atualmente são poucos os sistemas online que não suportam a utilização dos emojis, o que mostra que eles são cada vez mais populares. Será que algum dia será possível criar senhas com eles? O que você pensa sobre tudo isso?

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