"Synesthesia" por Kelsey Dzintars. (Fonte da imagem: Reprodução/Fine Art America)
Uma menina de 15 anos da cidade de Houston, no Texas, resolveu compartilhar sua experiência sinestésica única e inédita no mundo. Ela diz que é capaz de sentir o funcionamento de aparelhos, máquinas e objetos ao seu redor, e que cada um deles produz sensações e reações diferentes no seu corpo.
Existem vários tipos de sinestesia, que em geral são associações sensoriais que algumas pessoas são capazes de fazer a partir dos sentidos, percebendo cores em cheiros, por exemplo. Nos mais de 60 exemplos conhecidos de sinestesia, as pessoas criam um vínculo emocional com algo externo e passam a sentir suas emoções, dores e “vibrações” – mas até agora essa relação se dava com algo de ordem natural ou humana.
A menina, que resolveu utilizar o apelido de Kaylee (em homenagem à personagem da série Firefly) durante a entrevista para a revista Psychology Today, apresenta uma associação até agora nunca vista. Ela diz que alguns objetos e máquinas produzem efeitos sensoriais em seu corpo, e que ela é capaz de perceber seus mecanismos.
Sensações artificiais
Entre os relatos de sinestesia de Kaylee, ela conta que a delicadeza da engenharia de relógios de pulso chega a dar arrepios nos braços e que consegue sentir o movimento de uma fechadura como se seu próprio dedo fosse a chave que vira o mecanismo.
Ela relata ainda que seu corpo parece assumir os componentes de um veículo automotivo quando está dentro de um carro ou de um barco em movimento, por exemplo. Ela percebe a aceleração, a frenagem e o deslocamento na pele, como se uma comunicação se estabelecesse com os equipamentos.
(Fonte da imagem: Reprodução/Silent Reaper)
Porém, algumas associações não são tão curiosas e boas de sentir. A menina conta que, se ela assiste a uma batida de carro em um filme, ela precisa desviar o olhar porque sente em seu corpo a violência da colisão.
Kaylee descreve sua sinestesia em analogia a uma antena de rádio. Ela diz que capta sinais das máquinas, que estimulam suas ondas cerebrais e produzem essas sensações de outra ordem. Ela conta que muitos desses objetos são como estações e que ela pode sintonizar ou não esses canais da maneira que preferir.
A garota conta que, quando há muitas máquinas e aparelhos ao seu redor, ela não consegue registrar nada, e que sua sinestesia funciona melhor quando pode focar em apenas um objeto. Em um shopping, com tantos produtos, elevadores e escadas rolantes, ela sente apenas ruídos, como se os estímulos em excesso cancelassem um ao outro.
Por isso, sua capacidade cognitiva e sua habilidade de interagir normalmente com as pessoas não ficam prejudicadas pelo seu dom de sentir os equipamentos e as máquinas.
Incorporando o mundo não natural
Uma das razões que explicam essas sensações de Kaylee está no fato de que, cada vez mais, as gerações estão acostumadas a ver aparelhos tecnológicos, máquinas automáticas e interfaces robóticas como algo natural ao seu ambiente.
Parece, assim, que a garota americana desenvolveu uma espécie de evolução da capacidade de se apropriar do mundo externo e produzir um novo sentido a ele. Enquanto a comunidade científica produz meios de ampliar a interface corpo/máquina, Kaylee mostra que há outros caminhos de se envolver e perceber os instrumentos e objetos produzidos pelo homem.
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