Extravagância, ambição e comédia. Se a família Gucci pudesse se resumir em três palavras, com certeza seriam essas. Ou, pelo menos, resumiriam o retrato criado pelo renomado diretor Ridley Scott em seu novo filme Casa Gucci, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (25).
A trama, baseada no livro Casa Gucci: Uma História de Glamour, Cobiça, Loucura e Morte, de Sara Gay Forden, conta a história de amor e poder entre Maurizio Gucci e Patrizia Reggiani, além, é claro, dos bastidores da famosa grife italiana.
Nos papéis principais estão Lady Gaga e Adam Driver, interpretando Patrizia e Maurizio Gucci, respectivamente. A trama acompanha a história do casal desde o primeiro encontro até o fatídico dia em que Patrizia é condenada pelo assassinato do ex-marido. Aqui, é impossível negar a química e o ótimo entrosamento dos atores: enquanto Gaga dá vida a uma mulher confiante e ambiciosa, Driver interpreta o atrapalhado Maurizio.
Os dois seguram muito bem a trama, mas o destaque é de Lady Gaga, cuja atuação permite que o espectador esqueça completamente a cantora pop por trás do papel — e que, alguns anos atrás, ficou marcada pela famosa roupa de carne em uma premiação. Algo que os Gucci com certeza não aprovam.
A atriz já afirmou em entrevistas que demorou para conseguir se desligar do papel, mesmo após as gravações. Não é para menos, já que Lady Gaga entrega mais do que o suficiente para equilibrar tanto os lados "animalescos" da personagem quanto a fome de poder que tornava Patrizia uma estrategista — e controladora — nata. Pelo menos no filme.
O tom de voz satírico acompanha a narrativa ao longo de toda a obra, com a luxuosa bagunça familiar dos Gucci em primeiro plano. Vale ressaltar que, em alguns momentos, Driver, Gaga e Leto (Paolo) parecem mais caricatos do que deveriam ao darem vida a personagens italianos, mas os veteranos Jeremy Irons (Rodolfo Gucci) e Al Pacino (Aldo Gucci) contam com a longa experiência nas telonas e tiram de letra o desafio.
Jared Leto como Paolo Gucci.
No longa, é possível ver como as falcatruas, o casamento e, consequentemente, a ascensão de Patrizia levaram à queda da família na administração do império Gucci. Enquanto são narrados os pontos altos e baixos do casamento, outros personagens roubam a cena. A dinâmica entre Paolo e Aldo é de longe um dos destaques do filme. A dupla concentra todo o alívio cômico ao longo de 2 horas e 37 minutos de filme.
Duração que, por sinal, parece desnecessária em várias partes da trama. Isso porque o roteiro, aparentemente, tem a ambição de contar todas as facetas da família, o que, como já era esperado, inclui traições, relações de poder e, é claro, muita sonegação de impostos. Na tentativa de explicar tudo, o filme dá apenas uma pincelada rápida em cada uma dessas questões, passando o ar de “o importante é dizer que aconteceu”.
A direção parece “perder a mão” na metade da narrativa, e a culpa é da quantidade de acontecimentos apresentados na tela. No fim, o espectador pode ficar com a impressão de que alguns personagens foram deixados no meio da narrativa.
Adam Driver e Lady Gaga como Maurizio e Patrizia.
A personagem Pina, interpretada por Salma Hayek, por exemplo, foi quem incentivou Patrizia a matar o marido, mas pouco aparece em cena. Já a última parte do filme, uma das mais esperadas, é contada às pressas, como se quisesse terminar logo as quase 3 horas de sofá dos espectadores.
Por fim, fica claro que o grande elenco da produção será o responsável por levar Casa Gucci para as premiações de 2022. Aos que pretendem ir aos cinemas conferir o título, uma dica da autora: reduzam as expectativas para ter uma experiência mais agradável.
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