Entre 21 de maio de 2019 e 9 de fevereiro de 2020, Sharon Choi teve uma rotina muito diferente do que estava acostumada. Aspirante a cineasta, ela chegou a organizar mostras com os filmes de Bong Joon-ho no cinema antes de assumir a função de intérprete do diretor desde que Parasita foi exibido no Festival de Cinema de Cannes.
Ela compartilhou com a Variety um pouco da experiência de acompanhar a equipe pelos principais festivais e premiações de cinema do mundo. "Pela primeira vez em algum tempo, não há nada além de silêncio", comentou Choi. "Os últimos 6 meses foram um borrão de novas cidades, microfones e boas notícias, com pedidos intermináveis de chá de mel e limão enquanto eu tentava preservar minha voz. Indo de uma multidão para a outra, apertei as mãos de centenas de pessoas cujos olhos brilhavam com a emoção após assistirem a um filme especial".
Choi afirmou que foi uma experiência única poder acompanhar a equipe do filme. Para alguém que tem apenas dois curtas no currículo, ela teve a oportunidade de estar entre os maiores nomes da indústria.
"Bong prestou homenagem a Martin Scorsese no palco do Oscar", lembrou ela. "Eu conheci alguns dos meus heróis pessoais. Eu disse a Phoebe Waller-Bridge que desejava um 'padre gato' no Natal, acabei no Taco Bell com Céline Sciamma às 4 da manhã refletindo sobre amor e vulnerabilidade. Mas, acima de tudo, as verdadeiras conquistas são as conversas particulares e os relacionamentos individuais que consegui formar com artistas que eu via diariamente durante esse trabalho. Vou passar os próximos anos da minha vida fazendo o possível para ganhar a chance de trabalhar com essas pessoas novamente".
Apesar da timidez, a aspirante a diretora também destacou a importância de já conhecer o currículo do diretor na hora de traduzir seus discursos. "Meu trabalho foi facilitado pela consideração de Bong, e ajudou que eu já estivesse familiarizada com a linguagem dele como cineasta, tendo escrito artigos sobre ele", admitiu Choi. "No entanto, eu estava lutando contra a síndrome do impostor e uma ansiedade que poderia deturpar as palavras de alguém tão amado na frente de pessoas que cresci admirando".
Agora, a jovem cineasta se prepara para voltar à rotina e trabalhar com seus próximos filmes. "Sou grata pelas pessoas que me transmitiram calor pelo filme e não ficaria surpresa se o governo coreano declarasse 9 de fevereiro como o Dia Nacional do Parasita", brincou. "Mas mal posso esperar para que meus minutos [de fama] terminem. Seremos apenas eu e meu laptop por um tempo, e o único trabalho de tradução que tenho agora é entre mim e a linguagem do cinema".
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