Isso nunca aconteceu na história do cinema. Dez anos de uma trama em um universo compartilhado, com os mesmos atores, que assumiram seus personagens em 18 filmes. Esse tipo de interação só acontecia nos quadrinhos. E eis que a linguagem irmã da Nona Arte tratou de transformar o que era um sonho de milhares de pessoas que cresceram com a mitologia moderna — os super-heróis — em realidade. Esse é o maior filme de super-heróis de todos os tempos. Vou destacar sete coisas legais e três… mais ou menos. Dizer além disso seria estragar a experiência.
Antes de mais nada, só uma coisa: tudo é épico e intenso. E bem pouca coisa que todo mundo previu se tornou realidade. As surpresas são grandes. Preparem-se.
Dark
Sim, esse é o filme mais sombrio do Marvel Studios. Desde o início, nenhum dos heróis, mesmo não sabendo exatamente quem era ou a extensão do poder de Thanos, teve dúvidas de que esse era realmente o maior desafio que o Marvel Cinematic Universe (MCU) apresentou até agora. Até mesmo os filtros de cores são mais escuros.
Humor
Apesar do tom sombrio que ronda todo o filme, o tradicional humor Marvel Comics/Studios continua presente, especialmente com os Guardiões da Galáxia — e na presença marcante de Drax. Mas os sorrisos aqui são mais “de nervoso”.
Ação
Os efeitos especiais são excelentes, e os irmãos Russo sabem bem como coordenar narrativas com cada personagem — há sequências de ação que lembram os melhores momentos de John Byrne, com a grandeza de Jim Starlin e os diálogos de Brian Bendis. É tanta pancadaria que até vai ter gente dizendo que se cansou um pouco.
Vilões
Os vilões do Marvel Studios nunca foram assim proeminentes ou tão complexos. Mas desta vez eles são muito presentes e mais perigosos do que nunca. Não tem aquele lance de contar história com herói preso em cadeirinha. Os antagonistas, como devem ser, realmente acreditam que estão fazendo o que acham correto para o Universo — assim como os heróis.
Choro
Seja de alegria ou de tristeza, quiçá ambos, você vai se deparar com situações que vão fazer seus olhos suarem. O ápice funciona como uma espetada na alma de todo mundo que um dia sorriu lendo um gibi da Marvel Comics. O final é de cortar o coração.
Surpresas
Sabe aquelas projeções que fiz na semana passada? Graças a Jaga que quase nada daquilo acontece. É por isso que todos os envolvidos estavam guardando tanto segredo. Nada é tão Shyamalan, mas tudo o que se desenrola, apesar de alguns poucos momentos previsíveis, não chega perto do que você espera.
Thanos
Olha só, vi o "Retorno de Jedi" no cinema, e "Star Wars" também mudou minha vida. Talvez eu seja chicoteado por isso, mas dá para dizer que Thanos é incrível, a ponto de deixar Darth Vader chorando no cantinho. É o vilão que todos estávamos esperando no Marvel Studios. Ele sabe usar a Manopla do Infinito. E o que ele faz no final é de desgraçar a cabeça de qualquer um.
Agora, vamos para três coisas… que podem incomodar:
Anticlímax
Ainda que os tons de cada produção tenham sido respeitados, principalmente no começo, várias das narrativas têm um timing um tanto quanto… diferente de todos os filmes apresentados pelo Marvel Studios até agora. Pode ser que as sequências sejam um pouco desconexas para boa parte do público.
Para os fãs
Não tem muita explicação para as motivações dos heróis nem o que eles primordialmente são. Os Russo partiram da ideia de que todo mundo viu pelo menos o núcleo do que é a busca de Thanos e o que cada personagem já apresentado em outros longas pensa ou representa. É uma carta de amor para os fãs do MCU e da Marvel Comics. Ou seja, quem não acompanha esses universos não vai entender muita coisa.
Trilha sonora
É muito difícil editar e criar sons a partir de tons que cada aventura trouxe até agora no Marvel Studios. Ainda que a assinatura dos Vingadores esteja presente, muitos dos momentos dramáticos sofreram com um mix que soou como cada cantinho do MCU mas que ao mesmo tempo não valorizaram exatamente as sequências mais sentimentais. Alguns personagens que estiveram em segundo plano — e inesperadamente ganharam mais estofo — ficaram sem aquela trilha inesquecível. Nada que estrague a experiência, mas poderia ser melhor.
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Dito isso, há expansão do cânone, dinâmicas que funcionaram e um final que deixa todo mundo louco para ver a sequência. E, sim, há uma cena pós-créditos que entrega algo especial. Mas só isso. A má notícia é que teremos que esperar até o ano que vem. A boa é que parece que o melhor ainda está por vir — mesmo depois dessa aventura sensacional. Assistam e digam o que acharam também. Só que, né, sem spoilers.
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