Em média, os homens dos Estados Unidos trabalharam menos em 2015 do que trabalhavam em 2000. Quando a faixa etária analisada é a de 31 a 55 anos, são 163 anuais a menos agora do que no fim do último século. Se analisamos os mais jovens, porém, a queda é ainda mais significativa: homens de 21 a 30 anos trabalham em média 203 horas a menos do que antes.
É possível notar uma diferença de 40 horas anuais na queda entre ambos os grupos e, segundo estudo conduzido pelos economistas Erik Hurst, Mark Aguiar, Mark Bils e Kerwin Charles, a responsabilidade dessa diferença é dos jogos eletrônicos. Para o grupo, essa tendência vem se ampliando desde 2004, quando os video games começaram a ter papel crucial na redução da jornada anual de trabalho de homens mais jovens.
Homens entre 21 e 30 anos trabalham menos e jogam mais video game do que homens mais velhos, aponta pesquisa
Os economistas analisaram como os homens costumam gastar o seu tempo livre e como isso acaba afetando o tempo gasto com trabalho. Entre 2012 e 2015, o tempo médio semanal de folga de homens jovens cresceu 2,3 horas em relação a 2004 e 2007, sendo que 60% desse tempo extra é aproveitado com jogos eletrônicos. O tempo gasto com televisão, por exemplo, caiu 0,2 hora no período mais recente.
E o ponto mais curioso aqui é que o aumento de tempo investido na jogatina eletrônica é algo notado apenas na faixa de homens mais jovens. Nem mulheres jovens nem homens e mulheres mais velhos apresentaram um aumento significativo na quantidade de tempo gasto com jogos.
Aspecto social da jogatina
E como explicar por que os homens mais novos gastam mais tempo jogando video game atualmente? Analisar a evolução da indústria de jogos em si é um ponto importante, afinal os games hoje são mais complexos e diversificados do que costumavam ser antigamente. Isso prende mais a atenção de adultos e reforça que jogos não são mais coisas de criança, como se pensava até pouco tempo.
Por outro lado, o aspecto social da jogatina também conta. Com a explosão dos jogos multiplayer online por meio de títulos como Counter-Strike ou World of Warcraft, jogar deixou de ser uma experiência solitária para se tornar um fator de sociabilidade. Enquanto jogam online, os jogadores conhecem e interagem com novas pessoas, criando laços que podem extrapolar para fora da tela e dos bits.
Jogos não tem intervalo
Quem joga sabe que é muito fácil investir horas seguidas na jogatina em se dar conta de que o tempo está passando. Diferente de filmes ou seriados, que são relativamente curtos e muitas vezes são interrompidos por intervalos comerciais, jogar video game pode ser tranquilamente uma prática que consome boa parte de um dia. Isso também pode ter influenciado no comportamento de homens mais jovens.
Controvérsia
Associar a queda do tempo de trabalho com o aumento do tempo investido em jogos eletrônicos, porém, não é uma unanimidade. Alguns críticos da pesquisa liderada por Hurst usam o Japão como exemplo, local onde o tempo gasto com a jogatina também cresceu, mas o tempo de trabalho não teve uma diminuição significativa entre os mais jovens.
Do they play a lot of video games in Japan? pic.twitter.com/9GlujsX7iW
— Ernie Tedeschi ?? (@ernietedeschi) 8 de junho de 2017
De qualquer maneira, pensar que muitas pessoas têm investido mais tempo na diversão e que isso tem “ocupado” horas que há alguns anos eram gastas no trabalho não é algo necessariamente ruim. Mais tempo livre e menos tempo no local de trabalho não significam redução da produtividade, mas podem dar um bônus extra de ânimo em todo mundo.
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