O tão aguardado dia finalmente chegou. Depois de muitos anos sem novidades do mundo apocalíptico construído por George Miller, finalmente podemos revisitar as planícies áridas e caóticas nos confins do planeta.
Em Mad Max: Estrada da Fúria, acompanhamos Max (Tom Hardy), um homem de ação e de poucas palavras, que busca paz para sua mente seguindo a perda de sua mulher e filho no acerto de contas do caos.
Paralelamente, somos apresentados a uma personagem inusitada: Furiosa (Charlize Theron). Ela é uma mulher de ação que acredita que seu caminho para a sobrevivência só pode ser trilhado se ela cruzar o deserto e voltar para sua terra natal.
O filme não tem uma ligação direta com os antigos (e não espere comparações aqui), mas traz referências e leva o público a ficar empolgado com a insanidade. Para você que tem dúvidas sobre o resultado, podemos adiantar que este é um dos melhores filmes que você verá neste ano! É ação do começo ao fim, com narrativa instigante e uma trilha sonora espetacular.
Alerta spoiler
Antes de entrarmos em detalhes específicos da trama, vale uma pausa para deixar o alerta: esta crítica contém spoilers. Se você continuar lendo, pode saber de alguma informação que acabará estragando o aproveitamento do filme. Nós avisamos.
A podridão do mundo e dos seres humanos
O que vai acontecer no dia em que o petróleo acabar? Como o mundo vai ficar quando a natureza já não for mais capaz de absorver tanta poluição? Do que as pessoas são capazes quando itens essenciais para a sobrevivência estão escassos? Essas são algumas perguntas cruciais que dão o pontapé inicial na trama de Mad Max: Estrada da Fúria.
Para conseguir representar um cenário tão caótico, George Miller e sua equipe usaram a Austrália como locação. Os ambientes evidenciam a falta de plantas, água, ar puro, chuva, alimentos e todo tipo de recurso natural.
Algo notável já nos primeiros minutos, e que deixa Mad Max: Estrada da Fúria convincente, é o estilo de montagem do filme e as escolhas para a colorização da película. O filme tem um tom envelhecido, que denota claramente a aridez do ambiente e da população. Isso fica ainda mais bonita em cenas noturnas, em que a atmosfera sombria deixa as cenas azuladas.
Nesse universo dominado por destroços, ferrugem e poluição, só há condições de uma vida desgraçada nas mãos do vilão icônico Immortam Joe. Ele comanda o exército de warboys, que são absurdamente loucos e acreditam que serão levados para Valhalla caso sacrifiquem suas vidas por seu líder.
Da mesma forma, Joe controla toda a população local ao deter a posse de água potável e de outros bens consumíveis. A miséria do povo é nítida e chega a dar uma tristeza ver a que ponto podemos chegar neste futuro perturbador.
Todavia, o tirano não apenas controla a vida das pessoas, como mantém um esquema de gestação controlado para garantir que sua prole continue reinando absoluto em tempos de guerra. É justamente nesse ponto da história que temos nossos protagonistas jogados no meio da história. A única saída é combater o inimigo onde ele mais sente a dor.
A loucura dominante é instigante
Uma coisa que agrega muito ao novo Mad Max é o fato de o roteiro não querer ficar dando voltas desnecessárias e explicando aquilo que ninguém tem interesse. O filme vai direto ao ponto e apresenta os fatos que são essenciais para o desenrolar da trama.
É curioso perceber que apesar de Max ser o principal da trama, sua história não é tão desenvolvida. Com pequenos flashes e pouquíssimas falas, o personagem fica calado durante boa parte do filme, mas sua personalidade enigmática e ações pontuais garantem que ele roube a cena e deixe o resultado muito empolgante.
E o que falar de Furiosa? Charlize Theron é simplesmente perfeita toda vez que aparece em frente às câmeras. Temos aqui uma heroína que tem seus mistérios, mas que combate uma série de estereótipos, ainda mais num mundo tão caótico como o que é retratado na trama. Não preciso ficar descrevendo os pormenores dela, porém a personagem merece muitos pontos pela coragem e inteligência.
Outro ator que vem a calhar e se mostra extremamente competente é Nicholas Hoult. Suas caras de louco e suas ações inesperadas deixam a história ainda mais completa. Ele é fundamental para conseguir a empatia do público, que possivelmente vai sentir pena da situação deplorável do personagem.
A dupla de protagonistas conduz o filme muito bem, mas o que seriam deles sem o genial Hugh Keays-Byrne. O ator que participou do primeiro Mad Max, lá em 1979, retorna em novo papel e com muito mais presença em tela. Immortan Joe é um vilão assustador, tanto na aparência quanto em suas ações. É impossível não sentir o coração acelerando quando ele está em seu Gigahorse chegando pertinho da traseira da Máquina de Guerra.
Aliás, vale menção aqui a todo o maquinário bolado para o filme. Conforme já comentamos em uma notícia aqui no TecMundo, os carros foram trabalhados nos mínimos detalhes, sendo que eles são essenciais na ação desenfreada da película. O caminhão de Furiosa é também um protagonista, já que ele é o suporte para tantas situações inusitadas.
O mais engraçado é ver o veículo de som que foi projetado para que a trilha sonora funcione no meio dos vastos campos de guerra. Sério, é muito divertido ver um guitarrista sinistro tocando o terror em cima de um caminhão que se locomove em alta velocidade. Isso sem falar nas acrobacias à la Cirque du Soleil que deixam o clima ainda mais descontraído.
Eu poderia continuar escrevendo vários parágrafos para comentar sobre a qualidade do novo Mad Max, mas acredito que já falei mais do que suficiente. O longa-metragem é ação do começo ao fim e você vai ficar muitas vezes sem fôlego. Ele acerta na mosca ao evitar vários clichês e com certeza tem tudo para ser uma das melhores obras do ano. Veja sem falta em uma telona!
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