Talvez você não saiba, então precisamos contar que a nuvem, aquele "lugar" onde você guarda todas as suas fotos, documentos pessoais e outros arquivos, pode sumir de uma hora para outra. Para isso, basta o toque de um botão.
A facilidade de armazenar dados e informações em um serviço único online é perfeita para a nossa rotina ágil. São poucos toques no celular ou no computador para realizar um upload e apenas uma senha para gerenciar tudo. Porém, a nuvem, na verdade, é uma empresa. São servidores que guardam os seus dados e tiram lucro com esse trabalho. No mundo real, quando uma organização não bate metas, não tem lucros e perde sistematicamente os próprios clientes, ela é fechada; o mesmo acontece com serviços de nuvem — a diferença é que o encerramento pode vir sem aviso prévio, e o dano para o usuário pode ser ainda maior.
Os serviços de nuvem podem sumir com o apertar de um botão
Veja só: quais dados sensíveis você arquiva em serviços online? Vamos acreditar que você não guarda senhas de banco, por exemplo. Então, digamos, fotos antigas e documentos, certo? Caso você não tenha medo de perdê-los, a nuvem é o lugar certo. Apesar disso, não vamos dar um tom alarmista, já que é possível continuar usando todos os benefícios do armazenamento em nuvem, basta ser cuidadoso.
Quer exemplos de serviços desse tipo que foram descontinuados nos últimos anos? Copy, Migrakut, Picturelife, OneGallery, Multiply, Ubuntu One e muitos outros.
Empresas na nuvem
Fotos perdidas
Sim, muitas pessoas são apegadas a fotos antigas, já que encaram a imagem como parte de uma memória. Podemos dizer também que, provavelmente, a nuvem seja mais utilizada para guardar fotos.
Você lembra do Orkut? Quando a rede social estava entrando em decadência, ela abriu a possibilidade do usuário fazer o upload de mais de 12 fotos. Então, você encontrava álbuns com centenas delas em vários perfis. O Facebook chegou e todo o mundo começou a migrar para a nova rede social. Então, para facilitar o trabalho do usuário, chegou o Migrakut.
Cuidado com serviços muito novos ou com poucas informações sobre quem está por trás
Bastava o usuário utilizar o serviço para realizar o upload das fotos no Orkut para o Facebook automaticamente. Todo o processo era feito em nuvem.
"Dois álbuns de fotos minhas desapareceram do Facebook", notou ao TecMundo a leitora Sandra Araujo. "Eu migrei dois álbuns há mais de ano e não me preocupei quando foi anunciado o fim definitivo do Orkut para agora, fim de setembro de 2016. Já tentei reinstalar o Migrakut no Facebook, mas o aplicativo não está nem disponível mais! Ninguém do Facebook avisou que os álbuns migrados desapareceriam", comentou.
Além da leitora, milhares de usuários do Migrakut foram afetados com esse sumiço de fotos. Este é apenas um exemplo de como é perigoso contar com serviços "pequenos", de empresas que não estão estabelecidas no mercado, para confiar os seus arquivos. Agora, para aqueles que perderam as fotos, simplesmente não há o que fazer.
Conheça bem o serviço antes de guardar os seus arquivos
Caso Multiply e Picturelife
O Multiply foi, digamos, uma rede social com a abertura para armazenamento em nuvem. Ele foi lançado em 2004 e rapidamente ganhou milhões de usuários pelo mundo. Por lá, fotos, imagens diversas, músicas, textos, documentos, links e vídeos podiam ser guardados. Porém, em 2012, o serviço anunciou que encerraria as atividades e divulgou alertas por dois meses.
Acontece que, nesses dois meses, uma boa parte dos usuários não viu a notificação e acabou perdendo tudo que estava armazenado por lá. O Multiply simplesmente varreu toda a base de dados.
Além do Migrakut, o Multiply também afetou gravemente a nossa leitora Sandra Araujo. "A única vez que me senti refém digital foi com a extinção do Multiply. Tinha centenas de álbuns lá, cada um com centenas de fotos, legendas e comentários dos amigos. E era a melhor ferramenta de fotos que havia na época. Do nada, eles resolveram mudar de negócio e acabaram com o recurso de armazenamento de fotos/álbuns, excluindo tudo de todo mundo. Sequer foi oferecido um serviço de migração".
Usuários perderam arquivos e dinheiro
A Picturelife seguiu um caminho parecido e fechou as portas em agosto deste ano. O serviço que tinha 4 anos de idade ofereceu como opção de transferência o SmugMug, mas as reclamações são gigantescas — e os usuários tiveram apenas 14 dias para realocarem os arquivos.
As principais críticas estão entre usuários que pagaram até US$ 150 em assinaturas de planos no Picturelife. Em alguns casos, os planos foram pagos poucos meses antes do fechamento do serviço. Ou seja: sem fotos, documentos e ainda gastando uma boa grana.
Os dois casos mostram algo que, sim, é alarmante, principalmente se você guarda todos os arquivos importam em um único lugar. Então, como driblar esse problema e não seguir como um refém digital de algum serviço?
Adeus, arquivos online?
Quebrando grilhões
Preste atenção: o armazenamento em nuvem é uma coisa boa, mas é necessário saber e conhecer o serviço utilizado para você não se tornar um refém. Google Drive, Dropbox, iCloud e OneDrive são algumas opções concretas para o usuário, principalmente porque foram soluções desenvolvidas por companhias com um histórico de respeito na indústria.
Mesmo assim, algumas dessas plataformas já sofreram com vazamentos de dados por causa de ataques hacker. Então, a dica é: nunca utilize apenas uma solução em nuvem. Aproveite que a maioria delas oferece gratuitamente um bom espaço para você guardar os seus arquivos.
Além disso, o último ponto que é inacessível para hackers e crackers — quando não estão plugados: HDs. Exatamente, armazene arquivos importantes em HDs e pendrives. Dependendo da importância dos arquivos, existem softwares e até pendrives que exigem senha de acesso. A leitora Sandra Araujo, que nos enviou os relatos anteriores, comentou o seguinte:
Nunca utilize apenas uma solução em nuvem — e nem apenas um HD ou pendrive
"Faço backups o tempo todo. Uso dois pendrives de 32GB pra transportar/atualizar os arquivos. Em casa, tenho três HDs portáteis de 1TB (três modelos diferentes), que são espelhos do meu computador — atualizo tudo pelo menos uma vez por mês. Também tenho um HD que tirei de um notebook antigo, e nele guardo todas as fotos, vídeos de família e eventos, músicas e documentos importantes em geral", explica. Sobre voltar a armazenar arquivos em nuvem? "Por experiência própria, já vi que não dá pra confiar nesse tipo de serviço. Por isso, sigo com meus HDs e pendrives".
É preciso lidar com a nuvem como serviço e utilizá-la de forma inteligente, com uma combinação de serviços digitais e físicos. Busque as plataformas com mais respeito no mercado e utilize HDs e pendrives para realizar cópias. Sabe aquela história de cobrir todos os pontos? Então.
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