Você já ouviu falar da câmera Lytro? Ela foi lançada em 2012 no mercado e possui uma característica interessante: a capacidade de capturar imagens que possuem o foco completamente ajustável depois da captura — no modelo atual de fotografia, essa configuração só pode ser feita antes do disparo.
Esta câmera permite que você tire fotografias e controle o foco depois do disparo. (Fonte da imagem: Divulgação/Lytro)
Imagens “DOF-Changeable”
Esse tipo de imagem é chamado de “DOF-Changeable” ou, em uma tradução literal, “Profundidade de campo variável”. Se você não sabe o que é profundidade de campo, veja neste artigo qual é o papel desse conceito no ajuste de foco de uma fotografia. Apesar do nome, no entanto, não é exatamente a profundidade de campo que é variável nessas fotos, e sim o ponto de foco.
Isto é, mesmo com a Lytro, uma foto com uma profundidade de campo pequena (como uma imagem macro, que possui regiões pequenas de foco) não pode se transformar em uma foto de paisagem, completamente focada. O que pode ser ajustado é o ponto de foco, e isso gera a possibilidade de, em uma única fotografia, você poder alternar a área nítida mesmo depois do disparo. Clique em qualquer ponto da imagem abaixo para entender como isso funciona:
Desvendando a mágica
Apesar de parecer mágica, ou pelo menos um sistema completamente novo de captura, a Lytro não é tão diferente assim, em essência, de uma dSLR que possui a capacidade de gravar vídeos. A vantagem dela é que ela captura a variação de foco pelo espaço, enquanto um vídeo faria isso pelo tempo. Está difícil de entender? Então acompanhe o raciocínio a seguir.
Se você gravar um vídeo de aproximadamente dois segundos, com a câmera parada e o objeto fotografado completamente imóvel, alterar o foco manualmente e conseguir depois juntar todos os frames em um único instante, você terá uma imagem na qual o ponto de foco será variável, certo? Desta forma, esse processo foi feito usando o tempo.
A Lytro faz isso com apenas um disparo, usando o espaço: ela possui um sistema de microlentes que capturam todos os pontos de foco de uma só vez, que depois são ajustados usando o que os engenheiros chamam de “Light Field” ou “Campo de luz”. São dois métodos bem parecidos, o primeiro focado em um hardware simples e edição posterior e o segundo usando um hardware bem mais sofisticado.
Fazendo em casa
Agora que você já sabe o princípio por trás desse tipo de fotografia, já deve ter entendido que, apesar de mais trabalhoso e com resultados não tão perfeitos, é possível simular o efeito da Lytro em casa usando uma câmera que faça vídeos e tenha uma lente com foco manual.
O grupo “The Chaos Collective” montou um tutorial explicando como fazer, além de disponibilizar uma ferramenta de conversão que permite a você enviar um vídeo de 2 segundos e obter uma imagem estática, ou quase isso. Veja como é fácil, nos passos a seguir.
Ajuste a câmera e o cenário
O primeiro passo é conseguir a câmera certa, que precisa de apenas duas características obrigatórias: foco manual na lente e gravação de vídeo. Não precisa se preocupar em filmar em HD, já que o conversor vai diminuir severamente o tamanho do vídeo. Use um valor mediano, para conseguir uma boa qualidade sem precisar lidar com um arquivo imenso.
Prepare a cena usando um tripé ou apoio fixo para a câmera: é importante que ela não se mexa e, também, que os objetos a serem fotografados estejam tão imóveis quanto for possível. Além disso, é interessante fotografar uma cena que tenha objetos em distâncias bem variadas da câmera, para que o efeito fique mais visível.
Depois de conseguir a câmera e preparar a cena, o próximo passo é ajustar a profundidade de campo, abrindo o diafragma da câmera ao máximo. Isso vai fazer com que o efeito de foco local seja acentuado e o resultado final fique ainda mais interessante.
Filmagem e edição
O próximo passo é começar a filmar: coloque o anel de foco em um extremo e aperte o play. Vá mudando, lentamente e de maneira constante, esse ajuste até o outro extremo, fazendo isso em aproximadamente dois ou três segundos, tempo o suficiente para capturar cerca de 60 ou mais pontos focais.
Finalize o vídeo e use um editor simples para cortar as extremidades dele — os instantes que você levou para começar e terminar a gravação, nos quais o foco não estava sendo alterado. Isso não é obrigatório, porém vai deixar o resultado mais compacto e o processo mais rápido.
Por último, basta usar a ferramenta do The Chaos Colective para montar tudo em uma imagem só, usando um navegador compatível com HTML5 (no nosso teste, o Firefox não funcionou, mas o Chrome teve um bom desempenho). Essa ferramenta encontra-se no final deste artigo, em uma caixa rosa. Para um melhor desempenho, use arquivos M4V, que são compatíveis com HTML5.
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