“Foi um crime contra a indústria de filmes, mas não fizemos mal a ninguém”, disse Marcos Cardoso, junto com sua companheira, Thalita Cardoso, em entrevista ao G1 e TV TEM, nesta segunda-feira, dia 30. Os dois administravam o site Mega Filmes HD, alvo recente de operação da Polícia Federal.
O casal foi solto, no último sábado (28), depois de ficar detido por 10 dias, como parte das ações da operação “Barba Negra”, que tem como alvos organizações que praticam crimes de direitos autorais na internet.
A dupla é suspeita de crimes de constituição de organização criminosa (que tem pena de três a oito anos e multa) e violação de direitos autorais, com pena de dois a quatro anos e multa. Agora eles responderão ao processo em liberdade.
“Eu não sabia que era crime”, disse Marcos. “Cada país tem suas leis sobre isso. E para mim, aqui no Brasil, isso não era crime. Tanto é que eu nunca tinha visto ninguém ser preso por isso”.
Segundo a Polícia Federal, os dois lucravam cerca de R$ 70 mil por mês, oferecendo um acervo de 150 mil filmes, séries de televisão e shows, que muitas vezes eram transmitidos antes de estrearem oficialmente.
As acusações de crimes
Anteriormente, o advogado de defesa da dupla, Thiago Bellucci, havia afirmado que as próximas ações da polícia focariam em descobrir a identidade de publicitários e outros patrocinadores do Mega Filmes HD. Na entrevista, Marcos e Thalita disseram que já entregaram à PF os contatos da agência de publicidade que pagava pelos anúncios. Segundo eles, a agência recebia a verba dos anunciantes e repassava parte disso para os administradores do site.
Na entrevista, Marcos ainda falou sobre o período em que morou no Japão, onde viu diversos sites desse tipo, e explicou que resolveu montar o Mega Filmes HD, quando voltou para o Brasil, em 2011. Segundo ele, não havia intenção desse ser o maior site do gênero no país.
A Polícia acusa o casal de organização criminosa e procura outras pessoas que se vinculavam a eles para fazer a manutenção do site. O advogado defende que isso não acontecia, pois “cada um trabalhava por si, cada um era responsável por seu ato e não havia uma organização criminosa”.
O casal ainda se defendeu na entrevista, dizendo que o Mega Filmes HD não era um site de downloads, mas de streaming, que disponibilizava conteúdo para ser assistido online: “A gente pega os links na internet e posta. O site nunca hospedou nada, nunca hospedou nenhum filme”. Eles ainda afirmam que outros sites intitulados “Mega Filmes HD”, que vieram ao ar enquanto estavam presos, não têm nada a ver com eles, já que eles entregaram o login e senha da administração do site à Polícia Federal.
Os altos lucros e as apreensões
Sobre os lucros relatados pela Polícia Federal, de cerca de R$ 70 mil por mês com o site, o casal afirma que começou a receber bastante dinheiro somente neste ano e que não imaginava que chegaria a ganhar tanto: “Começou por hobby. Não pensava que iria chegar num ponto que era ganhar bem.”
O dinheiro recebido com o site possibilitou que eles comprassem dois carros, dentre eles, uma BMW, avaliada em R$ 75 mil. Eles afirmam que o Volkswagen Jetta que possuem foi comprado com o dinheiro recebido em trabalhos no Japão e que mais um outro carro havia sido financiado. Todos os quatro carros foram apreendidos pela Polícia. “Foi um dinheiro amaldiçoado, que não nos levou a nada. Agora meu nome está sujo e não sei como conseguir emprego”, afirma Marcos.
No último sábado (28), quando foram soltos pela polícia, Marcos e Thalita iam realizar seu casamento. Segundo o casal, a PF apreendeu R$ 25 mil, que iam ser usados para a festa. A conta deles foi bloqueada, mas não havia mais dinheiro nelas.
“Sentimos vergonha pelo o que fizemos. Muita vergonha. Imaginei que o site iria acabar, mas não que meu nome e rosto ficariam conhecidos por isso. Nunca mais vou mexer com isso, até peguei trauma da internet agora”, diz Marcos, que espera que sua vida volte logo ao normal e promete que nunca mais voltará a mexer no site.
Via Minha Série.
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