(Fonte da imagem: ThinkStock)
Mais do que possibilitar o avanço das técnicas de animações, o desenvolvimento da computação gráfica facilitou a vida de diretores e produtores de Hollywood. Afinal, em vez de ter que investir grandes quantias de dinheiro na construção de sets para destruí-los em uma única tomada ou descartá-los após o fim da produção, basta filmar sobre uma tela verde e depois deixar que um computador construa cenários e adicione elementos a uma cena.
A técnica está tão comum que muitos chegam até mesmo a substituir atores reais por figuras virtuais, como fez George Lucas em Star Wars. Porém, existem profissionais que sabem que nada substitui a realidade e que muitas vezes investir em esforço extra no desenvolvimento de efeitos especiais é a diferença entre um filme descartável e uma produção atemporal.
Neste artigo, reunimos alguns exemplos de cenas do mundo do cinema que não precisaram de qualquer efeito desenvolvido em computador para serem realizadas. Elas provam que, por maior que seja a evolução dos hardwares e softwares utilizados pela indústria, nada substitui uma equipe criativa e disposta a fazer os esforços necessários para contar uma história.
A destruição dos sonhos em “A Origem”
Dirigido por Christopher Nolan, “A Origem” (“Inception”) é um filme que conseguiu a união entre um roteiro inteligente e complexo com atores talentosos. Tendo recebido boas notas do público e da crítica especializada, o longa-metragem tem entre suas partes mais surpreendentes aquela que envolve uma missão em que diferentes camadas de um sonho são exploradas de maneira simultânea.
(Fonte da imagem: Divulgação/Warner Bros.)
Entre as cenas que não dependeram do computador está aquela em que o castelo japonês no qual Leonardo DiCaprio está é completamente inundado. O efeito foi desenvolvido com o auxílio de canhões disparando cerca de 4 mil galões de água no ambiente, que realmente deixaram o ator encharcado.
Outro momento impressionante que dispensou até mesmo o uso de cabos de aço é a luta em um corredor no qual aparentemente inexiste a gravidade. Para desenvolver a cena, Christopher Nolan fez com que fosse construído uma espécie de túnel rotatório com 30 metros, incluindo uma câmera fixada a uma de suas superfícies, o que dá a impressão de que os atores realmente estão desafiando as leis da física.
A exploração espacial de “2001 – Uma Odisseia no Espaço”
Filmado em 1968, “2001 – Uma Odisseia no Espaço” é fruto de uma época em que a computação gráfica como a conhecemos sequer existia. Todas as cenas do filme que envolvem alguma espécie de efeito especial tiveram que ser feitas por meio da procura de soluções inteligentes que envolvem truques de câmera ou sets especiais.
Exemplo disso é o momento em que um astronauta anda pela estação espacial, que foi construída na forma de uma espécie de roda de hamsters gigantesca. A câmera do diretor Stanley Kubrick ficava em uma posição fixa enquanto o cenário se movimentava conforme o ator andava em uma direção — no cinema, a impressão que fica é de que ele está desafiando a gravidade e andando pelas paredes do local.
As ruas desertas de “Extermínio”
Dirigido por Danny Boyle, “Extermínio” mostra a destruição da sociedade moderna por um vírus que faz com que todos os infectados entrem em um estado violento de insanidade. No começo do longa-metragem, o personagem interpretado se vê em uma Londres deserta, na qual a visão solitária de alguns cartões-postais da cidade passa um sentimento bastante opressor.
(Fonte da imagem: Divugação/Fox Searchlight)
O baixo orçamento da produção contribuiu muito para que isso fosse possível. Em vez de bloquear ruas ou construir cenários digitais, o cenário de desolação foi conseguido através de filmagens feitas durante a madrugada com o uso de câmeras digitais de baixo custo.
Caso alguma pessoa surgisse no local, a equipe pedia que ela esperasse alguns instantes enquanto a cena era finalizada. Assim, além de conseguir tomadas impressionantes, o diretor evitou entrar em conflito com londrinos apressados para chegar em casa ou no trabalho.
A criatura de “O Enigma de Outro Mundo”
Lançado em 1982, o filme de John Carpenter mostrava uma estação de pesquisa na Antártida tendo que lidar com uma misteriosa criatura capaz de assumir a identidade de suas vítimas. Ciente da ameaça, o personagem de Kurt Russel passa a maior parte do tempo tentando descobrir qual de seus companheiros é na verdade a ameaça disfarçada.
Quando a verdadeira identidade do monstro é revelada, vemos uma mistura de pedaços de carne, órgãos pendurados e uma série de rostos deformados que resulta em algo assustador até mesmo para as plateias atuais. É difícil acreditar que o mesmo efeito seria obtido caso tudo tivesse sido feito através do uso de um modelo tridimensional em vez do animatrônico construído pela equipe de produção.
Sonhos malucos de "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças"
Após ter se arrependido de investir no processo que apagaria as memórias de sua ex-namorada, o personagem de Jim Carrey em "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" tenta protegê-las explorando diversos recantos de sua mente. Isso resulta em uma das sequências mais surreais do filme, na qual o ator interage consigo mesmo e alterna rapidamente entre diferentes ambientes.
Enquanto um cineasta mais convencional usaria cortes e efeitos de computação gráfica para tornar isso possível, Michael Gondry preferiu usar técnicas teatrais para criar a cena. Durante a sequência, Carrey foi forçado a correr de um lado ao outro do set, trocando de roupa várias vezes durante o trajeto para conseguir trazer os momentos imaginados pelo diretor para a realidade.
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