O primeiro computador que seus pais usaram era muito maior do que o seu notebook, é claro. Seus filhos terão tablets e outras máquinas portáteis bem reduzidas e muito mais leves do que os que você usa atualmente. É um processo natural: a tecnologia está em constante miniaturização — e isso vale até mesmo para os smartphones, que apesar de ficarem com telas maiores, perdem peso e espessura.
Apesar de tudo isso o que acabamos de dizer, é difícil que em um futuro próximo seja possível ver algum computador tão pequeno quanto o Michigan Micro Mote — o menor PC do mundo e a grande estrela do artigo que trouxemos hoje para você. Mas o projeto da Universidade de Michigan merece as honras que vem ganhando. Afinal de contas, Trata-se de um computador funcional e que possui apenas 1 mm³ (um milímetro cúbico) de volume total.
Ele é tão pequeno, que pode ser totalmente disposto sobre uma moeda e ocupa uma porção mínima da estrutura — você pode ver isso nas fotos que estão ilustrando o texto. Não é exagero nenhum comparar as dimensões do Michigan Micro Mote a grãos de arroz ou quaisquer outros objetos similares. Mas de onde surgiu a ideia de construir uma máquina tão pequena?
Uma década de trabalho
David Blaauw é um professor titular na Universidade de Michigan (Estados Unidos), sendo especialista em ciência e engenharia da computação. Foi com os conhecimentos desses campos e com a ajuda de cinco estudantes que ele decidiu colocar em prática o projeto de criar o menor computador do mundo. E é preciso deixar bem claro que nada neste sistema foi simples.
O Michigan Micro Mote está em desenvolvimento faz uma década — tudo o que envolve a miniaturização nestas escalas exige muito mais do que a grande maioria das pessoas imagina. Até mesmo as formas de comunicação do computador com outros dispositivos é diferente, afinal de contas não existem formas de acoplar teclados ou mouses a uma estrutura tão pequena assim.
Pois toda a programação dele é feita por meio de luz. Isso mesmo, a emissão de luz por meio de um operador estroboscópico — que fica disposto a uma curta distância do computador — é utilizada para fazer com que as informações sejam passadas diretamente aos circuitos do Michigan Micro Mote. Depois de processar os dados, ele utiliza sinais de rádio para enviar as novas informações para um outro computador.
Como você pode perceber, devido às dimensões reduzidas não é possível fazer com que ele seja autônomo ainda. A requisição de energia demanda a conexão a fontes externas de luz (você verá mais detalhes disso logo em seguida) e a falta de espaço impede a utilização de teclados, mouses ou monitores. Mas é preciso deixar claro que os objetivos do projeto estão longe da computação pessoa.
O desafio energético
Um dos grandes desafios no caso era a criação de uma bateria capaz de ceder a energia necessária mesmo com as dimensões reduzidas do equipamento — afinal de contas, sem eletricidade não é possível executar nenhuma função. Por isso, eles tiveram que reduzir ao máximo a necessidade energética do computador e somente depois de conseguir romper essa barreira é que foi possível seguir adiante.
Mas como eles fizeram para vencer esta etapa? Utilizando células de captação de luz. Como existem células solares presentes no sistema e toda a execução utiliza pouquíssima energia, a luz ambiente é capaz de ser usada para abastecê-lo de maneira perpétua. Ou seja, sol ou lâmpadas conseguem enviar eletricidade suficiente para que o Michigan Micro Mote execute suas funções sem troca de baterias ou tomadas.
Aplicações possíveis
Como dissemos mais acima, não existem planos de o Michigan Micro Mote ser levado para a computação doméstica — por isso pode esquecer a ideia de jogar Minecraft no menor computador do mundo. Mas já há planos para uma série de aplicações bem interessantes e que podem modificar o modo como encaramos o mundo e as tecnologias existentes nele.
Há diversos profissionais da medicina que já estariam interessados em maneiras de levar o equipamento de Michigan para implantes e eletrônicos injetáveis para pacientes com uma série de doenças — pois ele poderia triar fotos, ler temperaturas e gravar uma série de informações acerca das condições de saúde das pessoas em que ele for conectado.
Também há relatos de executivos ligados á indústria de petróleo que estariam imaginando formas de usar o Michigan Micro Mote em seus mercados — para medições de qualidade, profundidade e preenchimento de poços e diversas outras características dos produtos.
Os próprios desenvolvedores do Michigan Micro Mote também imaginam algumas funções para o dispositivo. Como menciona o Digital Trends, ele poderia ser usado para “prevenir perdas de chaves, carteiras e outros pequenos itens”, pois a conexão de sensores se tornaria bem mais portátil. Em suma: a quantidade de aplicações possíveis é imensa.
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O Michigan Micro Mote é hoje o menor computador do mundo, mas o avanço que ele representa está longe de ser pequeno. São diversas as empresas e indústrias que procuram reduzir seus aparelhos para aumentar as capacidades e funcionalidades para o futuro. O que será que está por vir nos próximos passos dessa tecnologia? Quais serão as primeiras aplicações comerciais do mecanismo? E será que há outros concorrentes a caminho?