Explosão de estrelas causaram duas extinções em massa na Terra, diz estudo

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Se você estivesse perto de uma estrela em explosão, provavelmente assistiria a um espetáculo visual por alguns milésimos de segundo antes de ser completamente destruído pela força da explosão. Por enquanto, isso ainda não aconteceu — afinal, ainda não enviamos missões tripuladas para estrelas. Contudo, essas explosões já podem ter causado extinções em massa na Terra.

De acordo com um novo estudo publicado no servidor de pré-impressão arXiv e aceito pela revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, duas grandes extinções em massa na Terra teriam sido causadas por explosões de estrelas suficientemente próximas do planeta.

E não foram extinções pequenas: elas estão entre as cinco maiores já registradas na história da vida na Terra.

Pesquisadores da Universidade de Keele, no Reino Unido, explicam que realizaram um levantamento para estudar estrelas massivas localizadas a até 3.260 anos-luz do Sol. Com essa classificação, eles conseguiram entender melhor a distribuição dessas estrelas e os efeitos causados ao seu redor.

Vale ressaltar que eles estudaram especificamente as estrelas OB, que são extremamente massivas e possuem temperaturas muito altas.

Quando o núcleo dessas estrelas deixa de funcionar, elas geralmente explodem e se transformam em supernovas. Essa explosão libera uma enorme quantidade de energia, radiação e fragmentos do próprio material estelar.

Além de estudar as características das explosões estelares, supernovas e seus remanescentes, os cientistas acreditam que os dados também são importantes para aprimorar a tecnologia dos detectores de ondas gravitacionais. Esses instrumentos são fundamentais para ajudar os pesquisadores a entender o que aconteceu nos momentos iniciais do universo.

“É uma ótima ilustração de como estrelas massivas podem atuar como criadoras e destruidoras de vida. Explosões de supernovas trazem elementos químicos pesados ??para o meio interestelar, que são então usados ??para formar novas estrelas e planetas. Mas se um planeta, incluindo a Terra, estiver localizado muito perto desse tipo de evento, isso pode ter efeitos devastadores”, disse o principal autor do estudo, Alexis Quintana.

Explosão estelar e extinções em massa

Em comunicado oficial, os pesquisadores explicam que as informações obtidas ajudaram a calcular a taxa de supernovas em regiões a cerca de 65 anos-luz do Sol. Esses resultados foram comparados com a frequência de eventos de extinção em massa já associados a explosões estelares próximas.

Os resultados indicaram dois eventos de extinção em massa que ocorreram na Terra: o Devoniano tardio e o Ordoviciano tardio. Até hoje, os cientistas não sabem exatamente o que os causou; os autores do estudo acreditam que essas extinções podem ter sido provocadas por essas explosões de estrelas próximas.

Ao comparar as informações, os pesquisadores concluíram que esses dois eventos de extinção em massa coincidem com períodos em que ocorreram explosões de supernovas próximas da Terra.

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A ilustração representa uma supernova tipo II, que acontece em estrelas moribundas com pelo menos oito vezes a massa solar do Sol. (Fonte: NASA / ESA / G. Bacon / STSci)

Enquanto o Devoniano tardio ocorreu há cerca de 372 milhões de anos, o Ordoviciano tardio aconteceu há aproximadamente 445 milhões de anos.

Segundo o estudo, explosões de supernovas próximas podem ter reduzido a camada de ozônio na atmosfera da Terra nessas épocas, expondo os seres vivos primitivos a níveis extremamente altos de radiação solar.

"Explosões de supernovas são algumas das explosões mais energéticas do Universo. Se uma estrela massiva explodisse como uma supernova perto da Terra, os resultados seriam devastadores para a vida na Terra. Esta pesquisa sugere que isso pode já ter acontecido", disse o coautor e associado da Universidade de Keele, Nick Wright, em um comunicado oficial.

Para evitar confusões nos dados, os cientistas descartaram do estudo extinções em massa com causas já conhecidas, como o impacto de Chicxulub, que levou à extinção dos dinossauros e até mesmo as que aconteceram devido a eras glaciais.

Supernova próxima da Terra

Uma supernova é o resultado da morte de uma estrela, mas isso só acontece com aquelas que possuem, no mínimo, entre cinco e dez vezes a massa do Sol.

Primeiro, o combustível em seu núcleo se esgota, fazendo com que a pressão interna diminua até que a gravidade provoque um colapso e, em seguida, uma gigantesca explosão em questão de segundos.

O registro mais importante de uma supernova detectada pela ciência aconteceu em 1987, quando diferentes detectores de neutrinos captaram sinais da explosão antes mesmo que ela pudesse ser observada por telescópios.

Poucas horas após o colapso da estrela, o fenômeno foi registrado pelo telescópio do Observatório Las Campanas, no Chile, em uma observação liderada pelo cientista Ian Shelton.

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A NASA utilizou telescópios para observar a supernova 1987A desde sua explosão, a fim de compreender melhor o evento. (Fonte: NASA / ESA / R. Kirshner / P. Challis)

Nomeada supernova 1987A (SN 1987A), a explosão ocorreu a aproximadamente 160 mil anos-luz da Terra, na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea. Ela foi a supernova mais próxima da Terra em três séculos.

Mesmo após mais de 35 anos, a ciência continua estudando o fenômeno para entender melhor esse tipo de evento cósmico. Em 2024, o Telescópio Espacial James Webb foi utilizado para investigar a região e conseguiu detectar a estrela de nêutrons remanescente da explosão.

“A supernova 1987A foi a primeira supernova observada, em 1987 (daí sua designação), e mais próxima da Terra em mais de três séculos. A supernova se originou no colapso e subsequente explosão de uma estrela supergigante, e é única no sentido de que sua estrela progenitora foi observada e catalogada antes do evento”, a enciclopédia Britannica descreve.

Tempestades cósmicas, explosões estelares e mudanças climáticas extremas já afetaram o passado do planeta. Será que existe alguma futura ameaça? Entenda quão próximo o planeta Terra está de uma nova extinção em massa. Até a próxima!

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