O Sistema Solar é composto por oito planetas e milhões de outros corpos celestes, incluindo centenas de luas e uma imensidão de cometas. E, claro, não podemos esquecer Plutão, que desde 2006 foi reclassificado como planeta anão pela União Astronômica Internacional (IAU). Mas e se existisse outro planeta nessa lista, uma Super Terra? O que isso significaria para o nosso sistema?
Um novo estudo publicado na revista científica Icarus analisou o impacto da adição de um planeta extra ao Sistema Solar. Contudo, não se trata de um corpo celeste qualquer, mas sim de uma Super Terra. Os pesquisadores investigaram especificamente como um planeta desse tipo influenciaria na dinâmica do sistema caso estivesse posicionado especificamente entre Marte e Júpiter.
A equipe, composta pelos cientistas planetários Emily Simpson e Howard Chen, do Instituto de Tecnologia da Flórida (FIT), explica que o Sistema Solar funciona como uma espécie de valsa cósmica. Isso significa que planetas e outros corpos celestes seguem órbitas relativamente estáveis há bilhões de anos — um equilíbrio que deve perdurar por mais alguns bilhões antes de entrar em colapso.
Para entender os impactos de uma Super Terra, os pesquisadores analisaram o que aconteceria se esse planeta estivesse entre Marte e Júpiter, onde hoje existe o cinturão de asteroides. A ideia surgiu a partir da observação de outros sistemas planetários, já que a ciência sugere que muitos deles possuem planetas desse tipo, geralmente localizados em órbitas internas e relativamente próximas de sua estrela principal.
Para responder a essa questão, os pesquisadores criaram um modelo computacional 3D capaz de simular a evolução do Sistema Solar caso, além dos planetas conhecidos, houvesse uma Super Terra no lugar do cinturão de asteroides. Para isso, testaram diferentes cenários, com variações na massa: desde o equivalente à da Terra até dez vezes esse valor.
“E se o cinturão de asteroides, em vez de formar o anel de asteroides menores que é hoje, tivesse formado um planeta entre Marte e Júpiter. Como isso afetaria os planetas internos, Vênus, Terra e Marte, especificamente?”, Simpson descreve em um comunicado oficia da FIT.
O que é uma Super Terra?
Segundo a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos EUA), uma Super Terra é um tipo de planeta diferente de qualquer um dos oito que compõem o Sistema Solar. Esses mundos são mais massivos que a Terra, com uma massa entre duas e dez vezes maior que a do nosso planeta.
Atualmente, os cientistas usam o termo Super Terra para classificar planetas com massa entre duas e dez vezes a da Terra, mas menores que Netuno; ou seja, isso é apenas um tipo de classificação dos objetos observados no cosmos. Vale destacar que essa denominação não está ligada à composição do planeta, então, ele não precisa necessariamente ser rochoso como a Terra.
“Super Terras são classificadas apenas com base no tamanho — maiores que a Terra e menores que Netuno — sem indicar semelhança com o nosso planeta. A verdadeira natureza desses mundos ainda é um mistério, já que não há nada parecido no nosso Sistema Solar. Porém, elas são comuns entre os exoplanetas descobertos até agora na nossa galáxia”, a NASA explica em uma publicação oficial.
Descoberto em 2005, Gliese 876 d foi o primeiro exoplaneta classificado como Super Terra. Ele orbita uma anã vermelha relativamente próxima e está a cerca de 15 anos-luz da Terra. Sua massa é aproximadamente 7,5 vezes maior que a do nosso planeta. Desde então, diversos outros objetos celestes foram classificados como Super Terra.
Uma Super Terra no Sistema Solar
O estudo investiga o impacto de uma Super Terra na dinâmica do Sistema Solar. Para isso, os pesquisadores realizaram simulações computacionais e exploraram diversos cenários para analisar como um objeto cósmico extra afetaria a gravidade dos planetas internos: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte.
O objetivo é determinar se a introdução desse novo corpo celeste comprometeria a estabilidade orbital dos planetas rochosos e, consequentemente, entender se mudaria algo na possibilidade de habitabilidade nesses objetos.
O modelo considerou Super Terras com cinco diferentes massas: 1%, 100%, duas vezes, cinco vezes e dez vezes a massa da Terra. Durante o estudo, os pesquisadores analisaram principalmente duas características: as variações na obliquidade, que indicam a inclinação do eixo dos planetas, e as mudanças na excentricidade, que medem o desvio das órbitas em relação a um formato perfeitamente circular.
"Se for uma ou duas massas terrestres, o que ainda é um planeta bem grande, nosso sistema solar interno ainda permaneceria bem agradável. Podemos experimentar verões um pouco mais quentes ou invernos mais frios porque há essa oscilação na obliquidade, mas ainda poderíamos viver nossas vidas", explicou Chen, orientador de Emily Simpson e um dos autores do estudo.
No geral, os resultados apontam que os corpos celestes de menor massa tiveram pouco impacto na habitabilidade dos planetas internos, enquanto os mais massivos provocaram alterações significativas na estrutura do Sistema Solar.
Por exemplo, a Super Terra com dez vezes a massa da Terra influenciou significativamente a obliquidade e a excentricidade dos planetas rochosos, o que resultou em variações expressivas de temperatura. Isso significa que talvez quando maior esses corpos celestes, menor a possibilidade de vida nessas regiões.
Apesar de o estudo ainda ser uma hipótese sobre os possíveis cenários simulados, os cientistas acreditam que os dados podem contribuir para prever a habitabilidade de planetas em outros sistemas estelares.
A ciência segue em busca de novos mundos capazes de abrigar vida como a conhecemos; descobertas recentes sugerem que esse cenário pode estar mais próximo do que imaginamos. Quer saber mais? Entenda como astrônomos descobriram uma nova superterra que pode ser habitável. Até a próxima!
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