Reconhecida hoje pela física como responsável por quase 70% do conteúdo energético do Universo, a chamada energia escura é explicada por diversos modelos físicos, todos eles especulativos. Isso significa que continuamos sem saber o que ela é exatamente.
Agora, uma equipe de físicos e astrônomos da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, resolveu “chutar o balde”, e afirmar categoricamente que a energia escura, na verdade, não existe. Em um release, os autores, afirmam que o Universo está se expandindo de uma maneira mais variada “com altos e baixos”.
Para o líder da pesquisa, professor David Wiltshire, “A energia escura é uma identificação errônea de variações na energia cinética de expansão, que não é uniforme em um Universo tão irregular como aquele em que realmente vivemos”.
Uma ilusão de aceleração não depende da energia escura
Segundo o atual modelo Lambda-CDM (iniciais em inglês de Matéria Escura Fria), baseado em medições das distâncias de explosões de supernovas (que estão mais distantes do que deveriam estar), a energia escura é uma força antigravitacional fraca que age independentemente da matéria, e explica a aceleração da taxa de expansão do cosmos.
Em vez disso, o novo estudo apoia o modelo chamado "paisagem temporal". Essa tese propõe que as diferenças observadas no alongamento da luz (redshift) das supernovas não se devem a uma expansão acelerada do Universo, mas sim à forma como medimos o tempo e a distância em diferentes regiões do cosmos.
Pegando carona no conceito (de Einstein) de que a gravidade desacelera o tempo, os autores sugerem que um relógio seria 35% mais lento na Via Láctea do que em grandes vazios cósmicos. Isso significa que, em bilhões de anos, tais vastos vazios cresceriam e dominariam o Universo, criando uma ilusão de aceleração que não depende da existência da energia escura.
Novas observações sobre a expansão do Universo
Novas observações, como as realizadas pelo projeto americano Instrumento Espectral de Energia Escura (DESI), têm colocado a taxa de expansão do universo em xeque. Elas sugerem que o modelo Lambda-CDM não se ajusta tão bem a cenários onde a suposta energia escura "evolui" ao longo do tempo, apontando para limitações no entendimento atual da expansão.
Essas anomalias desafiam a chamada equação de Friedmann, que presume uma expansão uniforme do universo. No entanto, diz um comunicado, "o universo atual contém, na verdade, uma complexa teia cósmica de aglomerados de galáxias dispostos em folhas e filamentos, que cercam e atravessam vastos vazios".
Segundo Wiltshire, todos esses dados disponíveis no século 21 permitem responder à pergunta: como e por que uma lei de expansão média simples emerge da complexidade? Em outras palavras; "Uma lei de expansão simples consistente com a relatividade geral de Einstein não precisa obedecer à equação de Friedmann", conclui.
A pesquisa foi publicada no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society Letters.
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