Conhecemos apenas 1% da composição química do universo

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Todo conhecimento já fundamentado na história da humanidade nos obriga a reconhecer que ainda sabemos muito pouco sobre onde vivemos. Quando estendemos nosso olhar para nossa vizinha intergaláctica, as coisas ficam ainda mais nebulosas.

São infinitas as possibilidades de arranjos atômicos, contudo, nós conhecemos uma quantidade bastante limitada desse todo. Alguns especulam que nosso conhecimento sobre as diferentes receitas moleculares do universo não passam de 1%.

Mas como isso é possível se já viajamos ao espaço para coletar amostras e já mapeamos uma parte da vizinhança do sistema solar? A realidade aponta que no mundo macro nós temos uma ideia superficial de como as coisas se organizam, já no mundo molecular, mal sabemos por onde começar.

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Mesmo a receita que formou nosso universo ainda é um mistério em partes. (Fonte: Getty Images)

Efêmeros demais para sequer serem vistos

Se olharmos para a tabela periódica com seus 118 elementos, podemos pensar que já desvendamos todos os elementos existentes. Mas ainda que novos elementos não sejam descobertos todos os dias, diariamente pesquisadores investigam a possibilidade de novas combinações, formas de decaimento e maneiras de como tornar mais estáveis elementos com vidas medidas em milésimos de segundos.

A verdade é que, mesmo estando catalogados, alguns dos elementos nem ao menos possuem sua estrutura molecular mapeada. Isso dificulta inclusive na detecção e compreensão de como esses elementos podem ter usos práticos ou quais os efeitos das interações desses elementos com organismos biológicos.

Se os instrumentos de medida não fossem sensíveis o suficiente para detectarem sua presença, talvez continuassem incógnitos por muito mais tempo.

É como uma espiadela pelo buraco da fechadura do universo. Mesmo visualizando a silhueta, não somos capazes de descrever o todo. Fonte: GettyImages.
É como uma espiadela pelo buraco da fechadura do universo. Mesmo visualizando a silhueta, não somos capazes de descrever o todo. (Fonte: GettyImages)

Outra barreira para conhecermos mais sobre o universo é nossa lista comparativa, composta basicamente pelos elementos da tabela periódica e um número limitado de combinações desses elementos.

Sabemos atualmente que isso não é suficiente para descrever tudo o que observamos na composição química do universo, inclusive por não sabermos com certeza o que estamos observando. Afinal, o que observamos também sofre distorções graças as lentes gravitacionais, formadas pela ação da gravidade que deformam o tempo-espaço.

Por mais que tenhamos dado um nome aos elementos que compõem o cosmos, nós simplesmente ainda não sabemos o que é, e do que é composta a matéria escura, que corresponde a aproximadamente 26,8% do universo, e a energia escura, que dá conta de outros 68% da formação de tudo o que vemos fora das fronteiras da nossa atmosfera.

Há inclusive pesquisadores que estimam que para os elementos ainda desconhecidos, seja necessário a formulação de uma tabela periódica específica. É um mundo químico novo, estimulando uma nova ciência em construção e em constante mudança.

Mas por que não vemos isso por aqui?

Pressão, temperatura e afinidade. Na Terra temos condições bastante específicas de temperatura e pressão. Ainda que haja uma variação dependendo da altitude e latitude, entre outros fatores, jamais seremos capazes de atingir temperaturas e condições para forjar ou fissionar elementos como estrelas e nebulosas, por exemplo.

Com relação à afinidade, alguns elementos não interagem ou se ligam com outras moléculas em condições normais. Em laboratório há possibilidade de tentar proporcionar essa conjunção. Mas geralmente essas ligações são instáveis e rompem antes mesmo que consigamos verificar como a estrutura de ligação foi provocada.

Equipamentos de Raio-X e espectômetros de massa são capazes detectar elementos e revelar as estruturas dos elementos, desde que eles vivam o suficiente. Fonte: GettyImages.
Equipamentos de raio-x e espectrômetros de massa são capazes detectar elementos e revelar as estruturas dos elementos, desde que eles vivam o suficiente. (Fonte: Getty Images)

Infelizmente não temos condições de gerar cenários similares ao Sol, estrelas e nebulosas em condições de pressão e temperatura suficientes para testar e simular elementos teóricos.

E nas teorias sobre composição química do universo, as possibilidades de interação e arranjo entre os elementos estão na casa dos milhões. Mas sem provas, sem elementos. Além disso, não seria possível trazer amostras confiáveis trazidas do espaço, pelos mesmos desafios em formar os elementos aqui da Terra.

Ainda que os equipamentos fossem capazes de manter os elementos em condições ideais de conservação durante toda viagem, ao manipularmos os elementos no laboratório, muito provavelmente, ao abrirmos as amostras, estimularíamos o decaimento do elemento, ou então, as ligações poderiam se desfazer.

Algumas ligações podem ser mais fortes que outras, contudo, todo elemento, ainda que leve milhões de ano, irão decair e se transformar em novos elementos, ou deixar de existir. Fonte: GettyImages.
Algumas ligações podem ser mais fortes que outras, contudo, todo elemento, ainda que leve milhões de ano, irão decair e se transformar em novos elementos, ou deixar de existir. (Fonte: Getty Images)

Todos esses são desafios que contribuem para que nosso conhecimento ainda não tenha avançado a ponto de conhecermos amplamente a composição química do universo. Ademais, a imensidão do cosmos, com distância inimagináveis, nos limitam.

A tecnologia ainda precisa se tornar mais precisa e sensível para podermos encontrar novos elementos e estabilizá-los a ponto de poderem ser amplamente estudados, desde a estrutura até possíveis aplicabilidades, como em usos na medicina, engenharia, dentre outros.

Quem sabe você não será um dos responsáveis por desvendar e descobrir mais um pedacinho da composição do universo? Ainda há muito o que descobrir!

E quer saber o motivo para as buscas pelos outros 99% dos elementos ainda não ter acabado? Saiba mais sobre como isso pode contribuir para encontrar vida fora da Terra! Boas buscas e continue acompanhando a TecMundo para atualizações! Até mais.

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