Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.
Vivemos a Era do Fitness, em que a cada dia temos novas confirmações que atividade física faz bem para a saúde. A ciência é massiva e produz diversos estudos e 2024, compartilhamos semanalmente com você, algumas dessas principais descobertas.
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Hoje vamos conhecer os artigos científicos mais marcantes sobre atividade física publicados em 2024 e seus principais resultados. Confira abaixo!
Exercícios e depressão: o maior estudo publicado até hoje
Com mais de 200 estudos reunidos sobre exercícios como tratamento para depressão e publicado na famosa revista científica médica BMJ, um estudo ganhou destaque no tema saúde mental, reforçando o exercício como tratamento para depressão.
Vários tipos de exercício parecem exercer efeitos benéficos, mas quatro modalidades foram ainda mais eficazes para reduzir sintomas depressivos: caminhada, corrida, treinamento de força e Yoga. Se o exercício puder ser realizado de maneira mais intensa, pode trazer maiores benefícios.
A ciência descobre cada vez mais que o maior benefício de se movimentar talvez seja sobre o que temos entre as duas orelhas. Entretanto, o exercício não deve ser visto como substituto de tratamentos como psicoterapia ou antidepressivos, mas sim complementar.
Treinar até a falha na musculação: mais uma evidência contra
O tema treinar até a falha na musculação põe em duelo a ciência e as redes sociais e seus influencers fitness, pois as orientações são opostas. Os últimos são enfáticos sobre a necessidade de levar os treinos de força até o limite, chegando à falha muscular concêntrica.
Por outro lado, os estudos científicos não apresentam essa estratégia como superior para força e hipertrofia.
Em um estudo desse ano, finalizar as séries na musculação com 1 ou 2 repetições de reserva foi suficiente para promover hipertrofia nos membros inferiores (quadríceps), ao nível similar a chegar ao ponto de falha em mulheres e homens treinados. Sabe-se que para maximizar resultados, elevado esforço é desejável nos treinos de musculação, porém não precisamos chegar no limite.
O maior estudo sobre disparidade de gênero no exercício
Mais de 24 mil pessoas de 40 países participaram do maior estudo global já realizado sobre disparidade de gênero, encomendado pela fornecedora de material esportivo Asics. Conheça outras ações da marca aqui. O estudo destacou a importância das mulheres se exercitarem, pois quanto mais elas se movimentam, melhor se sentem.
Entre elas, quem pratica exercício é 52% mais feliz, 50% mais energizada, 48% mais confiante, 67% menos estressada e 80% menos frustrada. Porém, mais da metade das mulheres não se exercita tanto quanto gostaria. No Brasil, 45% das mulheres queriam fazer mais exercícios.
Exercícios físicos contra doenças
Em amplo estudo publicado na renomada revista científica The Lancet, o exercício físico mostrou-se eficaz para o tratamento de muitas doenças crônicas. As evidências com efeito positivo do exercício físico são sobre doenças como: fibrilação atrial, demência, desordens da próstata, doença inflamatória intestinal, bronquiectasia, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), artrite e hipertensão.
O estudo ainda revelou que a prática regular de atividades físicas é benéfica para o tratamento: de problemas com álcool, doença cardíaca coronária, doença de Parkinson, asma, câncer, condições dolorosas, abuso de substâncias psicoativas, osteoporose, depressão, COVID longa, esclerose múltipla, doença do tecido conjuntivo, doença vascular periférica, síndrome do ovário policístico, AVC e doença renal crônica.
O mundo está inativo fisicamente
Apesar de sermos enganados pelo viés da disponibilidade, um desvio mental que se baseia em exemplos imediatos que temos em nosso círculo social – presencial e virtual, com pessoas fazendo exercícios, o cenário mundial está indo na direção oposta. A partir do maior estudo populacional já feito, a OMS afirmou que o mundo está fora do caminho para melhorar seus níveis de atividade física.
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Com dados de 163 países com 5,7 milhões de pessoas, mostraram que um terço (31%) dos adultos está inativo fisicamente, ou seja, não cumpre as recomendações de se movimentar 2 horas e meia por semana. As mulheres são menos ativas, pois 34% delas são inativas, enquanto 29% dos homens.
"Em relação à faixa etária, os mais velhos foram menos ativos do que os mais novos, em todas as regiões do mundo."
No Brasil, segundo a pesquisa, a inatividade física atinge 40% da população (45% das mulheres e 35% dos homens). A estimativa para nosso país é negativa, pois se espera que em 2030 a prevalência de inatividade física esteja em 44%.
A ciência avança, mas não temos a mesma evolução nos níveis de atividade física das pessoas. Por um 2025 mais ativo.
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Fábio Dominski é doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É Professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/UDESC). Faz divulgação científica nas redes sociais e em podcast disponível no Spotify. Autor do livro Exercício Físico e Ciência - Fatos e Mitos.
Fontes