No desastre de Pompeia, a chuva de cinzas e materiais vulcânicos do Monte Vesúvio cobriram a cidade e os corpos das vítimas, preservando-os em suas posições finais devido à compactação das cinzas. Um estudo sugere que essas pessoas 'enterradas' podem não ser exatamente o que se acreditava anteriormente; a história delas parecer ser um pouco mais complicada do que pensávamos.
Em um novo artigo publicado na revista científica Current Biology, um grupo internacional de pesquisadores analisou de perto a genética de cinco pessoas que morreram durante o evento, há aproximadamente dois mil anos. Para isso, eles fizeram testes de DNA.
Por exemplo, duas das vítimas estudadas aparentavam ser uma mãe com seu filho no colo. Contudo, após uma análise minuciosa do DNA, os pesquisadores perceberam que se tratava de um homem com um bebê, e que eles não tinham relação familiar.
Ao todo, os pesquisadores conseguiram estudar e analisar 14 moldes de pessoas que morreram em Pompeia; contudo, só conseguiram extrair restos de esqueleto em cinco deles, o que permitiu realizar a investigação de DNA.
Com os resultados, foi possível compreender melhor as relações genéticas, o sexo e as características de ancestralidade desses indivíduos estudados.
"Nossas descobertas têm implicações significativas para a interpretação de dados arqueológicos e a compreensão de sociedades antigas. Eles destacam a importância de integrar dados genéticos com informações arqueológicas e históricas para evitar interpretações errôneas baseadas em suposições modernas", disse a coautora do estudo e arqueogeneticista da Harvard Medical School, Alissa Mittnik, em comunicado oficial.
Pompeia: não é o que parece
Outros corpos analisados sugerem que dois moldes que aparentavam ser irmãs ou mãe e filha que morreram juntas e abraçadas são, na verdade, um homem e uma mulher. Antes das análises genéticas, os estudiosos do tema faziam suposições sobre as vítimas com base em detalhes como suas localizações, vestimentas e posições na hora da morte.
A história de Pompeia já foi retratada em documentários, livros e filmes de ficção.Fonte: Getty Images
Outra descoberta interessante foi a grande diversidade genética em Pompeia. Os dados mostram que a maioria dos indivíduos estudados eram descendentes de imigrantes, e não de pessoas que viviam na região há séculos.
Segundo os cientistas, o estudo do DNA pode oferecer respostas mais precisas sobre a história da região. Em um dos casos, os pesquisadores pensavam que quatro pessoas encontradas em uma sala eram dois pais com seus filhos, mas nenhum deles tinha relação genética. Esse e outros estudos semelhantes podem ajudar a refinar o conhecimento sobre a população de Pompeia.
“Todos os habitantes de Pompeia com dados genéticos abrangentes têm, em sua maioria, ancestralidade derivada de imigrantes recentes do leste do Mediterrâneo. Isso também foi observado em genomas antigos contemporâneos da cidade de Roma, destacando o cosmopolitismo do Império Romano nesse período”, o estudo descreve.
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