Missão na falha sísmica do Japão pode ajudar a entender o que causa os tsunamis

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Entender melhor o que causa tsunami está entre os objetivos de uma ousada missão na Fossa do Japão, prevista para acontecer em breve. Detalhes da viagem rumo à região onde ocorreu um dos terremotos mais fortes já registrados no planeta foram divulgados pela Universidade Nacional Australiana (ANU), na quarta-feira (23).

A equipe formada por pesquisadores de vários países, que estará a bordo do Chikyu, navio científico com perfuração mais avançado do mundo, vai extrair amostras da área da falha sísmica do Japão. Elas podem fornecer informações valiosas a respeito dos processos que levam à formação de terremotos e tsunamis.

Localizada na parte ocidental do Oceano Pacífico Norte, se estendendo das Ilhas Curilas até as Ilhas Ogasawara, a fossa oceânica tem uma profundidade máxima estimada de 8.046 m. Desde a década de 1970, a região registrou pelo menos nove terremotos de magnitude 7 ou superior na escala Richter.

Um deles aconteceu em março de 2011, quando o estresse acumulado durante centenas de anos na junção foi liberado repentinamente, fazendo a placa tectônica saltar para cima e para o leste em até 50 m. O movimento deslocou uma área enorme no fundo do mar, gerando um tsunami devastador.

Como será a missão na falha sísmica do Japão?

Durante a expedição, os pesquisadores planejam perfurar até 1 km abaixo do fundo do mar, em busca de amostras de núcleo de ambos os lados da linha da falha. Como a área foi perfurada um ano após o grande terremoto de 2011, será possível saber como as rochas mudaram desde aquela época.

“Trabalharemos com as amostras do núcleo à medida que forem trazidas da zona de falha. Vamos medir a densidade, porosidade, resistência e mais materiais recuperados, além de examinar os fluidos dentro das rochas”, explicou o geofísico da ANU, Ron Hackney, em comunicado. A viagem está prevista para durar sete semanas.

O professor Ron Hackney, à esquerda, é um dos líderes da missão.O professor Ron Hackney, à esquerda, é um dos líderes da missão.Fonte:  Universidade Nacional Australiana/Divulgação 

A análise detalhada das amostras colhidas na falha sísmica do Japão acontecerá ao longo dos próximos anos, permitindo obter detalhes que ajudarão a compreender mais profundamente as zonas de subducção. Com isso, os pesquisadores acreditam ser possível avançar nos estudos sobre as causas de tsunamis e terremotos.

Esta missão faz parte de uma iniciativa de 10 anos denominada International Ocean Discovery Program (IODP), sendo a última de 58 viagens que permitiram extrair amostras de núcleos de diferentes regiões da crosta terrestre. No total, os cientistas coletaram quase 100 km de materiais para estudo.

O grande terremoto de 2011

O tsunami de 2011 causou grande destruição no Japão.O tsunami de 2011 causou grande destruição no Japão.Fonte:  Getty Images/Reprodução 

Também conhecido como o “Grande Terremoto de Tohoku”, o fenômeno tectônico atingiu a região nordeste do Japão em 11 de março de 2011. O abalo sísmico originado no local que será visitado pelos cientistas embarcados no navio Chikyu teve magnitude 9,1 na escala Richter, se tornando o mais forte da história do país.

Uma das consequências foi a geração de um tsunami que atingiu a costa japonesa com ondas de até 40 m de altura. Algumas delas chegaram à usina nuclear de Fukushima, resultando em um acidente nuclear grave (nível 7), por conta da liberação de materiais radioativos.

Além de danos à infraestrutura e ao meio ambiente, o terremoto e o tsunami causaram cerca de 15 mil mortes e deixaram mais de 6 mil pessoas feridas, segundo as autoridades japonesas. Estima-se que 120 mil casas tenham sido destruídas e 1 milhão de construções impactadas.

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