Frequentemente apresentado com uma alternativa mais limpa ao carvão, o gás natural liquefeito (GNL), pode ter implicações ainda maiores para o meio ambiente. Um estudo publicado na revista científica Energy Science & Engineering, analisou dados relacionados ao consumo de GNL nos Estados Unidos, revisa a eficácia do gás natural como um elemento importante da transição energética.
A mudança climática é um fenômeno que ocorre desde o início da Terra, mas começou a causar um impacto significativo com o aumento do consumo de energia pela sociedade humana. Esse processo se intensificou a partir da Revolução Industrial, quando o carvão passou a ser utilizado em larga escala para alimentar fornalhas e motores a vapor.
Segundo o principal autor do estudo, o professor de ecologia e biologia ambiental Robert Howarth, o gás natural e o gás de xisto são duas opções extremamente prejudiciais ao meio ambiente. O problema está no fato de que o GNL (gás natural liquefeito) é produzido a partir do gás de xisto, utilizando uma técnica de super-resfriamento que permite transportá-lo em navios para diferentes regiões do planeta.
A Bolívia e os Estados Unidos, são os principais fornecedores de gás natural para o Brasil.Fonte: Getty Images
Um dos pontos negativos do GNL é sua produção e distribuição, que resultam na emissão de metano e dióxido de carbono ao longo de toda a cadeia produtiva, desde a extração até o transporte.
“No geral, a pegada de gases de efeito estufa para o GNL como fonte de combustível é 33% maior do que a do carvão quando analisada usando GWP20. Mesmo considerada no período de 100 anos após a emissão, que subestima severamente os danos climáticos do metano, a pegada do GNL iguala ou excede a do carvão”, o estudo descreve.
Gás natural e efeito estufa
Antes de ser utilizado, metade da pegada de gases de efeito estufa do gás natural liquefeito (GNL) já é gerada nas etapas anteriores ao seu uso. A pesquisa aponta que a contribuição do GNL para o aquecimento global foi cerca de um terço maior que a do carvão nos últimos 20 anos.
A imagem mostra o ciclo da pegada de carbono do GNL: a cor vermelha representa o metano, a amarela indica o dióxido de carbono antes da combustão, e a azul refere-se ao carbono após a combustão.Fonte: Energy Science & Enginnering
Nos últimos 100 anos, os pesquisadores acreditam que a pegada do GNL era quase igual ou até maior que a do carvão. Um exemplo disso é que grande parte das emissões de metano do GNL ocorre durante o processo de liquefação, quando o gás é resfriado a -126 graus Celsius para facilitar seu transporte em navios.
O GNL é utilizado para diversos fins, como combustível para veículos pesados, geração de eletricidade em usinas e na produção de outros produtos. Outro problema é que o metano é mais de 80 vezes mais prejudicial à atmosfera do que o dióxido de carbono. Mesmo assim, os cientistas continuarão estudando o tema para entender melhor os impactos da produção de gás natural liquefeito.
“Quase todas as emissões de metano ocorrem a montante quando você está extraindo o gás de xisto e o liquefazendo. Tudo isso é ampliado apenas para levar o gás natural liquefeito ao mercado. Então o gás natural liquefeito sempre terá uma pegada climática maior do que o gás natural, não importa quais sejam as suposições de ser um combustível de ponte. Ele ainda acaba substancialmente pior do que o carvão”, disse Howarth.
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