Em um teste recente da sonda JUICE da Agência Espacial Europeia (ESA), instrumentos de bordo, operados pela NASA durante o sobrevoo da Lua, conseguiram capturar, com um nível de detalhes sem precedentes, imagens do cinturão de radiação da Terra, o vasto anel de plasma quente que circunda o nosso planeta.
A missão JUICE (sigla em inglês para Explorador das Luas Geladas de Júpiter) tem um objetivo ambicioso pela frente. Além de explorar as luas Ganimedes, Calisto e Europa no gigante gasoso, a sonda irá realizar uma inédita manobra gravitacional tripla, jamais tentada. Ela utilizará a gravidade da Lua, da Terra e também de Vênus para ganhar impulso até Júpiter.
Foi na primeira etapa da execução da ousada manobra de assistência gravitacional, que os instrumentos capturaram a imagem dos cinturões de radiação da Terra, um dos testes que farão quando chegarem a Júpiter. Embora as magnetosferas dos dois planetas sejam bastante diferentes, algumas características as unem, como o fato de serem ambas compostas por plasma, ou seja, partículas subatômicas carregadas.
Como funciona o cinto de radiação da Terra?
Detectados por acaso em 1958 pelo físico norte-americano James Alfred Van Allen, enquanto projetava os instrumentos para o Explorer 1, primeiro satélite americano bem-sucedido, esses cinturões saturaram os detectores de radiação dos primeiros orbitadores lançados.
Há dois cinturões principais ao redor da Terra: o interno, que se estende de mil a seis mil quilômetros acima da superfície; e o externo, que fica entre 13 mil e 60 mil quilômetros de altitude. Existe também uma região intermediária entre os dois, conhecida como "vale dos slots", que tem menos radiação.
"O cinturão externo é composto por bilhões de partículas de alta energia que se originam do Sol, e o cinturão interno resulta de interações de raios cósmicos com a atmosfera da Terra" explica o site da NASA.
A missão JUICE
A JUICE deverá chega a Júpiter em julho de 2031.Fonte: ESA
Para fazer essa "radiografia" dos nossos cinturões de radiação, a sonda JUICE usou dois instrumentos: o JENI (sigla em inglês para Neutros e Íons Energéticos Jovianos) e o JoEE (Experimento de Elétrons e Íons Jovianos). Ambos foram usados em conjunto quando a sonda teve o seu breve encontro de meia hora com a Lua, no dia 19 de agosto, voando a 750 quilômetros acima da superfície do nosso satélite natural.
Passando pela cauda magnética terrestre, uma área na direção contrária do Sol que contém uma mistura de partículas carregadas, JoEE e JENI passaram pelo plasma denso e de baixa energia característico da região. Finalmente, mergulharam no "coração" dos cinturões de radiação, sentindo "seu primeiro gostinho do ambiente hostil que os aguarda em Júpiter", diz o site da NASA.
Para concluir seu "estilingue gravitacional", a JUICE passará por Vênus em agosto de 2025, voltará à Terra em setembro de 2026 e janeiro de 2029, até ser finalmente impulsionada até Júpiter, onde chegará em julho de 2031.
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