A teoria de que a Via Láctea possui uma nebulosa solar pequena em relação ao seu tamanho pode estar caindo por terra. Uma pesquisa divulgada recentemente propõe que a nuvem de gás e poeira da qual o nosso Sistema Solar se formou era muito maior do que se pensava anteriormente, com implicações na formação de planetas em nossa vizinhança solar.
Aceito para publicação na revista The Planetary Science Journal, o estudo pesquisou objetos transnetunianos no chamado Cinturão de Kuiper, uma das regiões mais distantes do nosso Sistema Solar, e um forte indicador da extensão original do disco protoplanetário do qual a Terra e outros corpos se formaram.
- Descubra: O que são os objetos transnetunianos?
Ao detectar 239 objetos transnetunianos inéditos (263 até agora, segundo a ScienceAlert), a distâncias bem maiores do que 50 unidades astronômicas (UA) do Sol, os autores teorizam que possam existir dois cinturões de Kuiper, uma realidade totalmente inesperada. UA é a distância média entre a Terra e o Sol, cerca de 150 milhões de quilômetros.
O que o novo estudo descobriu no Cinturão de Kuiper?
Representação em profundidade do Cinturão de Kuiper.Fonte: NASA
Quem já se aventurou para além da órbita de Netuno, como a espaçonave New Horizons da NASA, que sobrevoou Plutão em 2015 e o "boneco de neve" Arrokoth em 2019, percebe um campo enorme em forma de anel. Ali, vários corpos celestes compostos de rocha e gelo (feito de água, metano e amônia) descrevem longas órbitas elípticas em torno do Sol: são os KBOs, sigla em inglês para objetos do Cinturão de Kuiper.
O que os autores agora descobriram, usando o gerador de imagens de mosaico Hyper Suprime-Cam do Telescópio Subaru, no Havaí, foram evidências de um inesperado aumento na densidade do Cinturão de Kuiper, entre 70 e 90 UAs. Mas, entre a distância já conhecida e essa nova fronteira, existe uma grande lacuna praticamente vazia, diz o estudo.
Nosso Sistema Solar pode não ser tão pequeno assim
O gerador de imagens de mosaico do Telescópio Subaru permitiu a descoberta dos novos KBOs.Fonte: Telescópio Subaru
Embora a quantidade de novos objetos detectados seja menor do que a população interna do anel já conhecido do Cinturão de Kuiper, ainda assim é alta o bastante para constituir uma estrutura à parte, principalmente pelo hiato existente entre 55 e 70 UAs. Por mais estranha que pareça, essa lacuna é comum em outros sistemas planetários em formação.
Para o líder da pesquisa, Wesley Fraser, do Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá, a ideia consolidada de que o nosso Sistema Solar seria muito pequeno quando comparado a outros sistemas planetários pode ser o resultado de um viés observacional.
"Então, talvez, se esse resultado for confirmado, nosso Cinturão de Kuiper não seja tão pequeno e incomum em comparação com aqueles em torno de outras estrelas", conclui o astrofísico à ScienceAlert.
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