Todos os dias, o Sol emite um fluxo de partículas carregadas que pode atingir velocidade de até 500 quilômetros por segundo — ou 1,8 milhões de km/h. Esse fenômeno é chamado de vento solar. Até recentemente, os cientistas não sabiam exatamente como esse fluxo alcançava essa velocidade tão impressionante, mas um novo estudo publicado na revista científica Science está tentando responder a essa questão.
Com base nos dados coletados pela sonda Solar Orbiter, da Agência Espacial Europeia (ESA), e pela sonda Parker Solar, da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos EUA (NASA), os cientistas obtiveram informações importantes que ajudaram a explicar qual é a fonte de energia responsável por acelerar os ventos solares a essa velocidade.
O artigo sugere que a resposta para esse mistério está nas oscilações em larga escala no campo magnético do Sol, um fenômeno chamado ondas de Alfvén. Não é a primeira vez que cientistas da área sugerem que as ondas de Alfvén são responsáveis pela velocidade extrema, mas antes os dados não eram tão conclusivos quanto os do novo estudo.
"Nosso estudo aborda uma enorme questão em aberto sobre como o vento solar é energizado e nos ajuda a entender como o Sol afeta seu ambiente e, finalmente, a Terra. Se esse processo acontecer em nossa estrela local, é altamente provável que isso alimente ventos de outras estrelas na Via Láctea e além, e possa ter implicações para a habitabilidade de exoplanetas", disse o colíder do estudo e associado do Observatório Smithsonian, Dr. Yeimy Rivera.
Vento solar e as ondas Alfvén
A equipe responsável pelo estudo conseguiu confirmar que as ondas de Alfvén são as responsáveis pela velocidade e pela alta temperatura do vento solar. Inicialmente, eles não perceberam que as duas sondas estavam registrando os mesmos dados sobre as ondas de Alfvén.
Após uma análise mais aprofundada, notaram que a energia era de 10% no campo magnético e, ao ser atingido pelo vento, essa energia reduziu para 1%. Isso significa que a energia magnética foi transferida para o vento solar.
A ilustração mostra como as sondas Solar Orbiter e Parker Solar Probe detectaram os dados do vento solarFonte: ESA
As medições são relacionadas apenas aos ventos solares do Sol, mas a equipe explica que essas informações podem ser usadas para compreender os ventos solares de outras estrelas com estruturas semelhantes à do nosso Sistema Solar. Como o Sol é a única estrela que podemos estudar de tão perto, ele é a nossa melhor referência para entender estrelas parecidas em outras regiões do universo.
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"Este novo trabalho reúne habilmente algumas grandes peças do quebra-cabeça solar. Cada vez mais, a combinação de dados coletados pela Solar Orbiter, Parker Solar Probe e outras missões está nos mostrando que diferentes fenômenos solares trabalham realmente juntos para construir este extraordinário ambiente magnético", diz o cientista de projeto da ESA para a Solar Orbiter, Daniel Müller.
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