O conceito de motor de dobra é amplamente explorado em ficções científicas, como nas franquias Star Wars e Star Trek, onde os personagens usam essa tecnologia para realizar viagens ultrarrápidas entre regiões distantes do universo.
De acordo com um estudo recente publicado na revista científica Physical Letters B, uma equipe composta pelos cientistas Remo Garattini e Kirill Zatrimaylov questionou o que aconteceria se um motor de dobra atravessasse um buraco negro.
Teoricamente, qualquer ser vivo que entrar em um buraco negro sofrerá espaguetificação e morrerá em poucos segundos. O mesmo ocorreria com os equipamentos e instrumentos de uma nave espacial, que seriam destruídos pela força gravitacional do buraco negro. Contudo, os pesquisadores apontam que o uso de um motor de dobra poderia evitar sua destruição completa.
Conforme explicam os pesquisadores, além de estar equipada com um motor de dobra espacial, a nave também precisaria cruzar a região do horizonte de eventos a uma velocidade menor que a da luz. O horizonte de eventos é um limite ao redor de um buraco negro, onde nada, nem mesmo a luz, pode escapar de sua força gravitacional. Ao atravessar esse horizonte, as leis da física 'deixariam de funcionar' como as conhecemos.
“Descobrimos que, enquanto o warp drive (motor de dobra) cruza o horizonte do buraco negro a uma velocidade subluminal, o horizonte estaria efetivamente ausente dentro da bolha de dobra. Além disso, descobrimos que o campo gravitacional do buraco negro pode aliviar as violações da condição de energia fraca (WEC) e da condição de energia nula (NEC) e, portanto, diminuir a quantidade de energia negativa necessária para sustentar um motor de dobra, o que pode ser instrumental para criar warp drives microscópicos em experimentos de laboratório”, é descrito no estudo.
Motor de dobra em um buraco negro
Para realizar o estudo, os cientistas utilizaram o buraco negro de Schwarzschild como exemplo, pois ele representa o modelo mais simples derivado das equações da relatividade geral de Albert Einstein.
Eles combinaram as informações matemáticas sobre o buraco negro e sobre o motor de dobra, e descobriram que o buraco negro influencia positivamente o funcionamento do motor. De alguma forma, o motor aproveita a energia negativa do buraco negro para manter a força da viagem.
Fora da ficção científica, a primeira vez que um cientista apresentou o conceito de motor de dobra foi em 1994, em um artigo do físico Miguel Alcubierre.Fonte: Les Bossinas/NASA/Wikimedia Commons
Com essa possibilidade, a nave espacial poderia teoricamente atravessar um buraco negro e emergir "do outro lado" sem ser destruída pela intensa força gravitacional. O estudo também sugere que, com base nessa nova ideia, os cientistas poderiam desenvolver minipropulsores de dobra em um ambiente de teste. Vale destacar que, até hoje, não existe nenhuma tecnologia real de viagem por dobra espacial.
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“Da mesma forma, quando há uma bolha de dobra maior passando por um buraco negro, ela produziria um efeito de "triagem" e eliminaria de fato o horizonte, impossibilitando definir a entropia do buraco negro no sentido de Hawking. Se propulsores de dobra são possíveis na natureza, essas questões indicam que ainda não os entendemos do ponto de vista termodinâmico”, o estudo conclui.
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