Os cientistas registraram temperaturas altíssimas na Antártida, em uma onda de calor histórica que pode continuar por mais alguns dias — é a segunda onda de calor intenso que atinge a mesma região nos últimos dois anos.
De acordo com o cientista atmosférico da Universidade de Washington, Edward Blanchard, trata-se de um evento recorde para o que a Antártida está acostumada a enfretar: a temperatura subiu mais de 28 graus Celsius acima do normal durante o período.
As condições climáticas do continente começaram a mudar a partir de meados de julho, mas os cientistas do clima afirmam que a onda de calor pode continuar até meados de agosto. A onda de calor repentina chegou durante o inverno na região; apenas na semana passada, a temperatura subiu aproximadamente 20 graus acima da média.
É importante destacar que as temperaturas costumam flutuar mais do que o normal durante o inverno antártico, contudo, a onda de calor foi muito mais forte do que era esperado. Os cientistas ainda não descobriram o motivo, mas acreditam que o evento pode ter conexão com a atividade na estratosfera do planeta.
“Com o aumento das temperaturas globais, isso eleva a potencial ‘linha de base’ para as temperaturas médias. [Como resultado],eventos de aquecimento forte como este podem ocorrer com mais frequência e ter um impacto maior”, disse o meteorologista pesquisador da Universidade de Wisconsin-Madison, David Mikolajczyk, em mensagem enviada ao site The Washington Post.
Aumento de temperatura na Antártida
Ao The Washington Post, a cientista atmosférica da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA, Amy Butler, afirma que a estratosfera comumente passa por um processo conhecido como vórtice polar, mas ele foi enfraquecido por ondas atmosféricas neste ano. Essa reação pode justamente causar aumentos repentinos de temperatura.
Antes disso, a maior onda de calor na Antártida ocorreu em março de 2022, quando a temperatura subiu 39 graus Celsius acima da média.Fonte: Getty Images
Outra hipótese é que a cobertura de gelo marinho da Antártida foi a segunda mais baixa nessa mesma época do ano, afetando o equilíbrio do ar frio na região. Há também a possibilidade de o aumento estar conectado com as mudanças climáticas que estão ocorrendo continuamente nos últimos anos — no último ano, foi registrado um aumento de aproximadamente 1,5 graus Celsius acima da média do planeta.
"É provável que ter menos gelo marinho e um Oceano Antártico mais quente ao redor do continente antártico 'carregue os dados' para um clima de inverno mais quente na Antártida. Desta perspectiva, pode ser um pouco 'menos surpreendente' ver grandes ondas de calor na Antártida este ano em comparação com um ano 'normal' com condições médias de gelo marinho”, Blanchard acrescenta.
Conforme explica a MetSul Meteorologia, o evento deve afetar o Sul do Brasil e trazer um clima mais frio para a região. Depois, a frente fria se deslocará para o Norte e deve causar chuvas no Centro-Oeste e Sudeste.
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