Missão Plutão: como seria pousar no planeta anão?

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Nosso eterno nono planeta, ainda que agora caracterizado como planeta anão, sempre se faz presente nos planos para visitas astronáuticas, seja por meio de sondas ou naves. Projetos ambiciosos têm sido desenvolvidos para que, pela primeira vez, Plutão seja observado não apenas dos céus, mas em solo através do pouso de equipamentos de pesquisa.

Mas como isso seria possível, afinal Plutão não é um alvo fácil. Localizado no gelado e longínquo Cinturão de Kuiper, o planetinha está há 5 bilhões de quilômetros da Terra, sendo que, a depender da posição dos astros, essa distância pode ser ainda maior, alcançando os 7 bilhões de quilômetros.

Além da distância, o alvo pretendido também é diminuto. Estima-se que o planetinha possua apenas 2,3 mil metros de diâmetro. Um grãozinho gelado nas fronteiras do nosso sistema solar. Considerando a distância, tamanho do alvo, tempo de viagem, entre outras possíveis agruras no caminho, seria então loucura pensar que algum dia conseguiríamos pousar em Plutão?

A resposta é o investimento em um sonho astronáutico que levará décadas para comprovar sua capacidade.

Plutão está próximo dos limites do nosso Sistema Solar com outros objetos gelados no Cinturão de Kuiper.Plutão está próximo dos limites do nosso Sistema Solar com outros objetos gelados no Cinturão de Kuiper.Fonte:  Getty Images 

Um salto de balão para um mundo novo

Sabemos que é possível alcançar nosso planeta anão preferido, ainda que leve uma década de viagem. Mas há um problema para o pouso: a desaceleração. Como frear um objeto em uma atmosfera com baixa densidade e da qual pouco sabemos? 

Ainda que as imagens da New Horizons sejam bastante reveladores sobre as potencialidades de Plutão como aterrissar a sonda, e mais, qual tipo de mecanismo de locomoção seria mais útil nesse ambiente?

A distância mais próxima que chegamos de Plutão, foi um sobrevoo há 12,5 mil km de altura.A distância mais próxima que chegamos de Plutão, foi um sobrevoo há 12,5 mil km de altura.Fonte:  Getty Images 

A NASA possui um programa chamado "NASA Innovative Advanced Concepts" (NIAC), onde diversos laboratórios e empresas apresentam projetos inovadores e viáveis de aplicação, com foco no desenvolvimento de pesquisas astronáuticas.

Em 2018, um projeto denominado BALLET, em fase 1, apresentava uma plataforma em formato de balão, capaz de "carregar" seis módulos suspensos. Cada módulo, além de ser equipamento de estudo, seria também as pernas do sistema, possibilitando a movimentação do conjunto.

Já em 2021, o projeto retornou em uma fase 2, apresentando um sistema de desaceleração, também utilizando um balão para um frear constante, saindo da velocidade estimada de viagem de 14 km/s (quilômetros por segundo), para uma velocidade de pouso suave de 120 metros por segundo.

Representação do Sistema BALLET. Arte conceitual. Representação do Sistema BALLET. Arte conceitual. Fonte:  NASA/ Hari Nayar/ Laboratório de Propulsão a Jato da NASA 

Para o grupo envolvido no projeto, ainda que seja pouco densa, a atmosfera de Plutão seria capaz de gerar forças de arrasto no balão, eficazes o suficiente para atingir uma velocidade de aterrissagem segura do equipamento.

Além disso, em solo, a sonda se desprenderia do aparato, operando sem a necessidade de arrastar seu sistema de pouso. Ainda segundo os pesquisadores, esse sistema seria financeiramente mais atrativo, diminuindo os custos da operação.

Saltitando em Plutão

Outro ponto interessante do projeto é a locomoção da sonda em solo plutoniano: saltos! Sim, ao invés de esteiras, pernas "caminhantes" ou até hélices, como da Ingenuity, as sondas plutonianas poderiam saltar de um sítio para outro.

A justificativa para uma vida saltitante está relacionada a atmosfera que, em teoria, não suportaria objetos em voo, e a pouca gravidade, estimada em 0,62 m/s², que possibilitaria saltos longos e mais eficazes na locomoção do aparato.

Plano de aterrissagem de uma sonda em Plutão. Imagem conceitual. Plano de aterrissagem de uma sonda em Plutão. Imagem conceitual. Fonte:  NASA/Kerry Nock/Corporação Aeroespacial Global 

Desafio para sondas e homens

Apesar do encantamento e da viabilidade do projeto, existem alguns percalços pelo caminho. Entre eles: janelas de lançamento.  Para que a viagem da sonda pudesse economizar energia e recurso, alcançando sucesso e menos tempo de viagem, ela necessitaria de um empurrãozinho da órbita de Júpiter.

Em 2018, uma janela de lançamento otimista havia sido calculada para 2029, no entanto, ainda estamos nos primórdios do projeto, sendo assim, infelizmente, não será possível o lançamento em cinco anos. A próxima janela de lançamento é em 2042.

Se passará ao menos uma geração para que uma nova oportunidade surja e o lançamento da sonda para Plutão tenha chances de obter sucesso em sua jornada. E, ainda que em 18 anos a sonda seja lançada, teremos que aguardar outros 10 anos para saber se atingimos, ou não, o alvo.

Com base nesses números, já sabemos que o sonho do homem pisar em Plutão é ainda mais utópico. Por enquanto, os passos do homem em Plutão são cogitados apenas em conversas informais. Além disso, com tecnologia disponível hoje e o pouco conhecimento que possuímos, coletados ao longo de nossas breves viagens e estadias no espaço, levar um ser humano até nosso ex nono planeta é algo inviável.

Não diremos impossível, pois a tecnologia e conhecimento científico podem alçar novos voos em direção ao desenvolvimento competente de manutenção da vida, ainda que em ambientes completamente hostis. Mas esse dia não é hoje e também pode não acontecer na próxima década. Entretanto, até lá, podemos continuar traçando planos mirabolantes e construindo um futuro diferente.

Mantenha-se atualizado sobre tecnologia espacial e ciência aqui no TecMundo. Se desejar, aproveite para conhecer, as três novas divindades celestes confirmadas pelo telescópio James Webb. Até a próxima!

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