Um estudo publicado recentemente na revista Science Advances esclarece algumas questões sobre a origem da vida na Terra e também como blocos de moléculas orgânicas podem ter sido “entregues” em outros locais do Universo. Segundo os autores, um grupo especial de moléculas, conhecidas como peptídeos é capaz de se formar mais facilmente no espaço do que na Terra.
Conforme a pesquisa, a notória sopa primordial de produtos químicos orgânicos e biomoléculas que formaram a vida teria chegado à Terra primitiva em uma espécie de delivery cósmico feito por meteoritos ou cometas. Dessa formam, explicar a “formação de peptídeos extraterrestres e seus derivados” é o objetivo do estudo.
- Saiba também: A água da Terra pode ter surgido das rochas espaciais com blocos de construção que formaram o planeta
Nas células de todos os seres do planeta, as funções vitais são mantidas nas células por proteínas, macromoléculas versáteis que têm uma relação simbiótica com o carbono. A forma exata de produzir a variedade de proteínas das quais necessitamos para viver está codificada em nosso DNA, que, por sua vez, é uma das maiores moléculas da natureza.
Um passo a passo para a vida na Terra
Os peptídeos são montados no espaço como nossas moléculas de DNA.Fonte: Getty Images
Da mesma forma que o nosso DNA se estrutura em 20 aminoácidos diferentes para encriptar o nosso código genético, também os peptídeos espaciais são montados por essas “peças de Lego da vida”. Esse processo é crucial na formação de funções especializadas como “catalisar” ou melhorar reações vitais.
Os cientistas envolvidos no presente estudo já haviam demonstrado que as condições frias do espaço eram favoráveis à formação de peptídeos. Mas, na época, se pensou que isso não seria possível se o gelo que cobre as partículas de poeira tivesse água. O estudo atual concluiu que água não é obstáculo para a formação de peptídeos.
Testando em laboratório a origem da vida na Terra
Serge Krasnokutski usando a câmara de vácuo para investigar a formação de biomoléculas.Fonte: Jens Meyer/Universidade de Jena
Para testar suas hipóteses, explica em um release o pesquisador líder, Serge Krasnokutski, do Laboratório de Astrofísica do Instituto Max Planck em Jena, na Alemanha, “Replicamos condições semelhantes às do espaço sideral em uma câmara de vácuo, acrescentando também substâncias que ocorrem nas chamadas nuvens moleculares”, ou seja, amônia, carbono atômico e monóxido de carbono.
Emulando, em laboratório, as reações químicas possíveis no vácuo gelado do ambiente estelar, os autores perceberam que a produção de peptídeos diminui um pouco, mas não totalmente. Na verdade, a combinação de rochas e poeira para formar asteroides e cometas acaba aquecendo a mistura e formando líquidos, que não apenas permitem o desenvolvimento de mais peptídeos, mas também o aumento de sua complexidade.
Isso significa que blocos de construção da vida, como os aminoácidos, estão espalhados pelo Universo, mas sua simples presença não garante o surgimento da vida. Saber como eles se organizam em estruturas como células e organismos vivos ainda continua sendo um mistério.
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