Ao visualizar o mapa do planeta Terra, você deve imaginar que está observando todas as regiões da Terra, mas isso não é bem verdade. A realidade é que desde o surgimento do corpo celeste, sua estrutura mudou significativamente ao longo de milhões de anos.
Em 2017, um grupo de geologistas revelou a descoberta de Zelândia, um continente perdido com 4,9 milhões de quilômetros quadrados, aproximadamente seis vezes o tamanho de Madagascar. A descoberta não se refere a Nova Zelândia, mas de uma terra que estava 'desaparecida' devido a estar submersa no Oceano Pacífico — apesar disso, ela está localizada ao redor da Nova Zelândia.
A Zelândia não é o único continente que já esteve desaparecido na Terra, os geologistas apontam que algumas regiões do mundo também estão submersas e pouco sabemos a respeito delas. E quando é citado que eles ‘despareceram’, não é completamente literal, mas que a humanidade não sabe exatamente onde eles estão localizados.
"É bastante difícil fazer descobertas quando tudo está a 2 quilômetros debaixo da água, e as camadas que precisamos de amostras também estão a 500 m (aprox. 1.640 pés) abaixo do fundo do mar. É realmente desafiador sair e explorar um continente assim. Portanto, requer apenas muito tempo, dinheiro e esforço para sair em navios e mapear regiões", disse o professor de geofísica e tectônica, Rupert Sutherland, associado da Universidade Victoria de Wellington, na Nova Zelândia.
Para você compreender como um continente pode desaparecer, o TecMundo reuniu informações de geólogos, especialistas da área e outros cientistas. Confira!
Continentes perdidos
Os pesquisadores explicam que a maioria das pessoas pensa nos continentes pelo seu formato geográfico, contudo, alguns deles são muito mais do que apenas o formato apresentado no mapa mundi. Na verdade, a geologia desempenha um papel ainda mais importante na explicação de um continente; ou seja, eles também incluem as rochas que estão abaixo do nível do mar.
O 'desaparecimento' de algumas dessas regiões pode ser explicado pela maneira como a crosta continental passa por grandes mudanças ao longo de milhares de anos, assim, elas acabam submergindo — em outras palavras, essas regiões 'afundam' abaixo dos oceanos devido aos movimentos das placas tectônicas.
Apesar de Grande Adria e Argolândia serem considerados continentes perdidos, alguns cientistas discordam. Eles argumentam que essas regiões se fragmentaram antes de serem submersas.Fonte: Universidade de Utrecht
Portanto, elas não desaparecem, mas acabam sendo 'puxadas' para o fundo do mar e não são mais tão facilmente encontradas pela ciência, como Zelândia.
Felizmente, os avanços tecnológicos vêm possibilitando que os geólogos utilizem modelos computacionais para coletar mais informações e fornecer o mapeamento dessas regiões perdidas. Atualmente, a Zelândia é o continente perdido mais bem mapeado, mas está longe de ser o único deles.
Zelândia
A Zelândia é o continente perdido com o melhor mapeamento até o momento. Conforme explica o geólogo que liderou a pesquisa sobre a região, Nick Mortimer, após anos de estudos, os cientistas da investigação começaram a perceber que as rochas abaixo do nível do mar fazem parte de uma grande estrutura terrestre.
“O mapeamento é uma conquista da qual nos orgulhamos. Mas é apenas o começo da compreensão. As questões mais interessantes na ciência são quando, como e por quê. Esses são os que serão abordados a seguir”, disse Mortimer, após pesquisar a Zelândia por mais de 30 anos.
Grande Adria
A Grande Adria fez parte de uma região no norte da África que se separou há aproximadamente 240 milhões de anos, durante o período Triássico — ela fazia parte do supercontinente Gondwana. Por muito tempo, o continente perdido ficou abaixo dos mares tropicais, até começar a deslizar sob a Europa e entrar no manto do planeta.
A ilustração apresenta como era o continente Grande Adria há 140 milhões de anos.Fonte: Universidade de Utrecht
Após extensas pesquisas, os geólogos encontraram amostras de rochas que pertenciam a Grande Adria e assim, conseguiram mapear parte dessa região. Algumas partes do antigo continente estão a até 1,5 mil quilômetros de profundidade.
Argolândia
Formado há cerca de 155 milhões de anos, o continente Argolândia se separou da região oeste onde é a atual Austrália — o pedaço de Terra tinha 5 mil quilômetros de extensão e também fazia parte de Gondwana.
Os pesquisadores encontraram evidências da sua existência a partir de amostras de fósseis, rochas e cadeias de montanhas. Também foram encontrados vestígios na Planície Abissal de Argo, nas profundezas do oceano localizado na costa noroeste da Austrália.
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