Recentemente, foi lançado um filme detalhando o momento mais marcante da vida do físico teórico Robert Oppenheimer, quando ele desenvolveu a bomba atômica durante o Projeto Manhattan.
Na época, o físico Edward Teller revelou que uma de suas maiores preocupações em relação à bomba era devido ao seu potencial de matar toda a humanidade. Segundo uma das teorias, a bomba poderia iniciar uma reação química imparável que poderia queimar toda a atmosfera da Terra.
No filme dirigido por Christopher Nolan, é apresentado que Oppenheimer sempre ficou com uma pulga atrás da orelha em relação à possibilidade citada por Teller. Afinal, a bomba atômica realmente poderia queimar toda a atmosfera da Terra?
Um novo estudo publicado na revista científica Natural Sciences discute sobre essa possibilidade, inclusive, os pesquisadores explicam que a questão foi levantada justamente por conta do filme Oppenheimer. No artigo, os cientistas discutem se, teoricamente, a atmosfera da Terra poderia ser incendiada após o início de uma grande guerra nuclear.
"O medo de Teller era que o processo de detonação de uma bomba de fissão pudesse envolver um rápido aquecimento local da atmosfera em que devido a uma possível falta de capacidade de resfriamento, a temperatura poderia subir a tal ponto que os núcleos de nitrogênio 14N na atmosfera podem se fundir entre si ou com outros componentes de isótopos atmosféricos leves, como hidrogênio 1H, carbono 12C ou oxigênio 16O", é descrito no estudo.
Atmosfera da Terra em chamas?
Após muito estudo e centenas de experimentos, os cientistas descobriram que as reações causadas pela bomba atômica não desencadeariam um 'incêndio' na atmosfera da Terra e uma catástrofe mundial que acabaria com toda a vida no planeta.
Apesar disso, eles descobriram que a explosão causou a produção do isótopo de carbono radioativo 14C, um elemento facilmente absorvido pelas plantas por meio do ciclo de carbono.
Quando a bomba foi desenvolvida, Oppenheimer e outros cientistas acreditavam que havia chances da bomba atômica 'queimar' a atmosfera.Fonte: Getty Images
Na época em que as duas bombas explodiram no Japão, os cientistas afirmam que ocorreu um aumento relativamente pequeno de 14C no planeta. Assim, eles explicam que o grande problema não seria a 'queima' da atmosfera, pois isso seria um cenário improvável, mas sim a possibilidade de um grande depósito de 14C na natureza.
“O pico de radiocarbono na nossa atmosfera diminui rapidamente porque este isótopo de carbono de longa duração é absorvido pelas plantas através do ciclo do carbono. Como resultado, torna-se parte de todos os materiais biológicos durante milhares de anos. Este radiocarbono permanece nos nossos corpos, servindo como um lembrete duradouro da arrogância humana que levou ao desenvolvimento de armas nucleares contra as quais Oppenheimer queria alertar”, o estudo conclui.
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