Nesta terça-feira (09), durante a CES 2024, a Microsoft anunciou a descoberta de um material que pode reduzir em até 70% a utilização de lítios em baterias. O resultado promissor foi alcançado a partir de pesquisas com inteligência artificial (IA).
A descoberta é considerada importante porque além de potencialmente explosivo, o lítio pode causar intoxicações. O metal ainda é escasso e causa problemas ambientais (por causa da mineração) e geopolíticos (nações poderosas podem atacar outras que têm reservas do metal).
De acordo com a Microsoft, as pesquisas estão sendo realizadas em parceria com cientistas do Pacific Northwest National Laboratory (PNNL). O novo material encontrado é um eletrólito de estado sólido resultado de uma mistura de lítio e sódio (além de outros elementos).
As baterias de lítios são as mais comuns no mundo atualmente (Imagem: Olivier Le Moal/Getty Images)
A junção é que tem o potencial de reduzir em até 70% a quantidade de lítio utilizado em componentes como baterias. E apesar do potencial em relação a diminuição do uso do metal, para os especialistas a principal descoberta dos estudos foi outra.
“Independentemente de ser uma bateria viável a longo prazo, a velocidade com que encontramos uma química de bateria viável é bastante convincente”, afirmou Brian Abrahamson, diretor do PNNL.
Abrahamson pontuou que os estudos ainda estão no início, e portanto não há previsão de uso industrial, já que tudo pode não funcionar quando for testado em larga escala. Contudo, ele é otimista principalmente no uso de IA nos estudos acadêmicos. “Os recentes avanços tecnológicos abriram a oportunidade de acelerar a descoberta científica”, defendeu.
Como o possível substituto do lítio foi descoberto?
O novo material que pode ser usado em baterias surgiu do Azure Quantum Elements, uma solução em nuvem da Microsoft cujo objetivo é acelerar descobertas científicas.
O software da empresa e os pesquisadores encontraram cerca de 500 mil materiais estáveis em poucas semanas. O resultado é considerado relevante porque em outros tempos uma resposta aos testes demoraria anos.
As análises foram sendo refinadas através de computação quântica e o número de potenciais materiais foi sendo reduzido. Depois dos 500 mil potenciais, o número foi reduzido para 800.
O mundo passa por um desafio de encontrar fontes energéticas menos poluentes inclusive para celulares e outros equipamentos eletrônicos (Imagem: AntonioGuillem/Getty Images)
Nathan Baker, líder de produto do Azure Quantum Elements, explicou que as etapas da simulação dos resultados mostravam observações detalhadas, o que ajudava a selecionar melhor os candidatos a redutores do uso de lítio.
Os processos foram selecionando ainda mais até que o número passou para 150 e depois 23 elementos. O “vencedor” foi sintetizado com sucesso e transformado em protótipos de baterias funcionais que ainda passarão por outros testes laboratoriais.
“Foi um processo trabalhoso. Sintetizar e testar materiais em escala humana é fundamentalmente limitante”, afirmou Abrahamson. “O desenvolvimento de novas baterias é um desafio global extremamente importante”, salientou porém.
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